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Pressão externa faz bolsa cair, mas dólar fica estável

25/06/2018 13h56

A forte aversão ao risco dos investidores globais e o mau desempenho dos principais bolsas do mundo traz impactos ao Ibovespa nesta segunda-feira (25). Os temores de guerra comercial voltam a abalar a confiança dos mercados acionários, e o Brasil não é exceção: após abrir o dia em alta, o índice foi perdendo força e já se aproxima dos 69 mil pontos.

Por volta de 13h40, o Ibovespa tinha perda de 0,67%, aos 70.164 pontos, mas, na mínima do dia, chegou aos 69.779 pontos (-1,22%). O giro financeiro do índice deve ficar em pouco mais de R$ 7 bilhões ao fim do dia, considerando o volume negociado até o momento, de R$ 3 bilhões.

Na máxima, no entanto, o Ibovespa chegou a subir 0,97%, aos 71.323 pontos. Segundo o economista-chefe da Nova Futura, Pedro Paulo Silveira, o otimismo visto no início do dia se devia ao arquivamento do pedido de liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os investidores, há a leitura de que a eventual libertação do petista poderia fortalecer uma candidatura não-identificada com as pautas econômicas defendidas pelo mercado.

"Mas esse quadro positivo cedeu ao cenário externo", diz Silveira, destacando a escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos, China e União Europeia. "As siderúrgicas, mineradoras e petroleiras estão todas caindo lá fora".

Apesar das perdas, o Ibovespa ainda apresenta desempenho melhor que o dos principais índices acionários do mundo. Nos EUA, o Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq recuam mais de 1%. Na Europa, as bolsas de Londres e Frankfurt fecharam em queda de mais de 2%.

A notícia de que o governo americano planeja proibir companhias chinesas de investir em empresas americanas de tecnologia, somada às possíveis tarifas protecionistas a serem adotadas pela administração de Donald Trump contra a China e a União Europeia, faz com que os investidores adotem uma postura bastante cautelosa no mundo todo.

No Brasil, os temores de guerra comercial afetam em especial os papéis ordinários da Vale, em queda de 2,90% no horário. A leitura é que uma eventual diminuição do ritmo de crescimento econômico da China trará impactos ao setor de commodities.

Os bancos têm desempenho negativo, puxados por Santander Brasil units (-3,08%) e Bradesco PN (-1,76%). "O setor está em reavaliação para baixo", diz Silveira. "A revisão da taxa de crescimento do Brasil implica na revisão do crescimento das carteiras de crédito".

Além disso, o UBS cortou hoje os preços-alvo dos bancos brasileiros, apesar de ter mantido as recomendações para os papéis das instituições, citando o aumento do custo de capital em função da elevação nos juros de mercado.

Entre as maiores quedas do dia, destaque para Gol PN (-4,69%), Metalúrgia Gerdau (-3,44%) e BRF ON (-3,29%). No campo positivo, Weg ON (+2,07%) avança após a retomada de cobertura dos papéis pelo J.P. Morgan com recomendação neutra, seguida por Cemig PN (+2,28%) e Ecorodovias ON (+1,69%).

Câmbio

O dólar inicia a semana bem perto da estabilidade, a R$ 3,77 (queda de 0,05% às 13h48). Apesar de não ter um alívio claro, a oscilação mais contida já é suficiente para deixar o real brasileiro com desempenho mais positivo que outros emergentes.

O contrato futuro para julho caía 0,11%, a R$ 3,782.

Até o momento, o mercado local ainda não conta com novas vendas líquidas de swap cambial. A atuação do Banco Central vem com a oferta de até US$ 3 bilhões com compromisso de recompra, conhecido como leilão de linha, que está prevista para a tarde de hoje.

A operação ajuda serve para corrigir possíveis distorções no mercado de cupom cambial (juro em dólar). Por volta das 13h30, o FRA de Cupom Cambial para agosto caía a 3,55%, de 3,77% no fechamento de sexta-feira quando estava no maior nível do ano. A taxa vem ganhando força desde meados de maio, acelerando o avanço a partir de quarta-feira passada.

O cupom é calculado a partir dos juros sobre a variação cambial esperada. Isso significa que a taxa pode ser usada como uma aposta na alta da divisa americana. O leilão de linha aumenta a diferença entre o dólar à vista e o dólar futuro, ampliando o denominador, o que abre espaço para um alívio na taxa.

Segundo operadores, um avanço abrupto do cupom cambial - como foi visto na semana passada - pode ser tido como uma distorção de mercado, principalmente quando não é acompanhada dos demais segmentos.

Juros

A cena política, com a recusa ao pedido de Lula, se reflete no mercado de juros. Os DIs cedem desde o início do dia com a notícia.

A reação só não é mais positiva na curva de juros por conta do movimento negativo dos mercados globais. O mau humor responde à volta dos temores com uma guerra comercial global, capitaneada por Trump.

No lado dos títulos, o Tesouro Nacional adquiriu 500 mil LTNs, ou 16,7% do limite de até 3 milhões definido, e vendeu 200 mil papéis. Além disso, recomprou 200 mil NTN-Fs, enquanto não aceitou propostas para venda desse papel.

Por volta das 13h50, o DI janeiro/2020 é negociado a 8,58% (8,66% no ajuste anterior);DI janeiro/2021 tem taxa de 9,59% (9,72% no ajuste anterior);DI janeiro/2025 tem taxa de 11,84% (11,93% no ajuste anterior).