IPCA
0,46 Jul.2024
Topo

Datena: Vocês podem ter uma porcaria de político, mas que será honesto

28/06/2018 14h47

(Atualizada às 17h49) Com um discurso polêmico, nos moldes do que usa nos programas na televisão e no rádio, o apresentador José Luiz Datena (DEM) lançou sua pré-candidatura ao Senado por São Paulo, nesta quinta-feira (28), com críticas a seus companheiros de chapa e com a promessa de ser honesto, ainda que se torne uma "porcaria de político". Datena disse que aceitou o "lado ruim" de seus aliados para poder se candidatar e relatou que muitos dos integrantes de sua coligação sentem ódio dele. "Que se explodam", afirmou, sob palmas.

O apresentador oficializou sua entrada na chapa do tucano João Doria ao governo de São Paulo, em evento num hotel na capital paulista, repleto de lideranças do DEM, PSDB, PSD e PP, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e o ministro Gilberto Kassab (PSD).

Sempre de olho na câmera que estava a sua frente, Datena tentou explicar o motivo de ter entrado na vida pública, apesar de sempre criticar os políticos em seus programas no rádio e na televisão.

"Política carcomida"

"É muito simples. É o princípio básico de um acordo. O acordo bom não é aquele que é bom para os dois lados. É aceitar a parte ruim que vem do outro lado. Do outro lado da política tem uma parte extremamente ruim. A política brasileira está em boa parte corrompida, carcomida e podre", disse.

Em outro momento do discurso, retomou as críticas a seus novos aliados, companheiros de chapa. "Para muitos dos caras que estão fazendo acordo comigo eu sou a parte ruim do acordo. Tem cara que está participando da coligação que me odeia. Aliás que se explodam. Essa é a grande realidade. Vão ter que me aceitar mesmo", afirmou.

Datena foi anunciado como o "novo" na política e disse que a população está farta de mentiras. "Acabou a roubalheira. Chega. Não dá mais", acrescentou em outra frase de efeito. "Vocês podem ter um político de péssima qualidade, uma porcaria de político, mas vão ter um cara que vai ser uma coisa só: honesto com você."

Bem posicionado em pesquisas de intenção de votos, Datena evitou o clima de "já ganhou". "Vota em mim quem acredita. Se não gostar, não vota em mim", disse Datena, que lidera alguns levantamentos de intenção de voto junto com o petista Eduardo Suplicy.

Em outro gesto de sinceridade, ressaltou que a segurança pública em São Paulo, sob gestão dos tucanos há mais de 20 anos, está falida e que o PCC nasceu no Estado e é uma das organizações que mais crescem no mundo.

A cerimônia contou com a presença de Doria, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do ministro Gilberto Kassab (PSD), e de outros dirigentes do DEM. Todos se revezaram no microfone para enaltecer o gesto do apresentador em entrar para a política. Na opinião deles, Datena simboliza "o desejo de renovação dos brasileiros".

Ausências

Duas ausências chamaram a atenção: a do pré-candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, que não foi sequer mencionado no evento, e do presidente nacional do PRB, Marcos Pereira, ex-executivo da Rede Record cuja participação no ato foi anunciada por Doria e aguardada com um lugar à mesa onde estavam as lideranças políticas. As críticas de Datena, ex-funcionário da Record, foram vistas como indiretas a Pereira e ao PRB.

Além de não citar Alckmin no evento repleto de lideranças políticas, o apresentador lamentou a desistência do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (PSB) de disputar a Presidência. Datena disse que Barbosa seria o seu candidato.

O apresentador ainda criticou o sistema judiciário, inspirado no modelo alemão, por "quase não prender ninguém", além daqueles que são "soltos", disse ao citar como exemplo o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), já condenados no âmbito da "Operação Lava-Jato".

Datena evitou as perguntas. Disse que não tinha condições psicológicas para responder diante da morte de um amigo na quarta (27). "Estou aqui por um compromisso sagrado com o povo", afirmou ao admitir que chegou a pedir a Doria que não contasse com sua presença no evento.