As últimas horas de operação da Itapemirim Transportes Aéreos na sexta-feira da semana passada (17) foram marcadas por forte emoção dos funcionários e passageiros revoltados com o abandono da empresa. Em meio à falta de pagamento, tanto a empregados quanto a prestadoras de serviço, a empresa anunciou a suspensão de suas atividades no início da noite daquele dia.
Funcionários ligados à empresa relataram ao UOL, sob a condição de anonimato, que foram instruídos por colegas a deixar seus locais de trabalho discretamente. Isso incluía trocar de uniforme, quando possível, e esconder os crachás.
Isso devia acontecer da maneira mais sutil possível, para que não fosse percebida a debandada dos profissionais. O motivo alegado seria a segurança: Todos ali poderiam se tornar alvo de clientes furiosos com os cancelamentos.
Recentemente, é possível notar uma onda de passageiros agredindo funcionários de companhias aéreas, e, com os cancelamentos daquela noite, o ambiente havia se tornado propício.
'AeroITA, adeus!'
O penúltimo voo da Itapemirim a pousar foi marcado por um adeus do piloto à torre de controle. O voo 5339 partiu de Brasília (DF) no dia 17 de dezembro e pousou em Guarulhos (SP) por volta das 21h.
Ao tocar a pista, os pilotos receberam as instruções para onde deveriam levar o avião. Após repetir emocionado no rádio o comando da torre de controle (procedimento que serve para constatar que tudo o que foi dito foi compreendido adequadamente), o piloto diz: "AeroITA 5339, adeus!".
Na frequência de rádio, ainda é possível ouvir os pilotos pedindo que uma escada pudesse ser providenciada para que os passageiros fossem retirados da aeronave. Horas antes, a empresa que prestava os serviços especializados em solo para a Itapemirim havia cessado suas atividades no local devido à falta de pagamento.
Choro e incerteza
No desembarque dos últimos voos, já com a notícia da suspensão das operações circulando, funcionários foram pegos de surpresa. Alguns chegaram a chorar ainda dentro das aeronaves diante da situação enfrentada.
A maioria dos cerca de 300 tripulantes da Itapemirim são profissionais que perderam o emprego pelo menos uma vez nos últimos anos. Alguns são profissionais que saíram da Avianca após a falência da companhia.
Também há os que foram demitidos ano passado pela Latam e foram contratados pela nova empresa. Outros saíram da Avianca em 2019, foram para a Latam, acabaram demitidos em um corte anunciado de mais de 2.700 aeronautas (pilotos e comissários) daquela empresa, mas se realocaram na Itapemirim.
Trabalhadores de diversas áreas relataram nesta semana que ainda não haviam recebido os salários atrasados nem as parcelas do 13º. O cenário continua sendo de incerteza, já que a companhia não anunciou um plano concreto para poder voltar a voar.
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