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REPORTAGEM

Avião solta faíscas ao decolar rumo ao Brasil: o que pode ter acontecido?

Alexandre Saconi

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

24/09/2022 04h00

Um avião da United Airlines que fazia o voo UA149, partindo de Newark (EUA) com destino a Guarulhos (SP), soltou faíscas durante a decolagem.

O avião decolou na noite de quarta-feira (21), mas retornou duas horas depois para o aeroporto próximo à cidade de Nova York devido ao problema.

Qual é o modelo do avião? As imagens foram gravadas a partir do solo e foram divulgadas nas redes sociais. O avião é um modelo Boeing 777-200, de matrícula N787UA, e foi fabricado no ano de 1997.

O que aconteceu? As fagulhas foram soltas devido a uma falha mecânica, segundo a empresa.

Uma das possíveis causas para o problema seria um mau funcionamento em uma das bombas do sistema hidráulico.

Caso ela tenha sido danificada durante a decolagem, o atrito de suas partes que funcionam em rotação com o corpo da bomba em si pode ter tornado seus pedaços incandescentes, o que explica as fagulhas saindo da lateral esquerda do avião.

Qual a função da peça com o suposto problema? Essa é apenas uma das várias bombas que alimentam o avião, e há redundância em caso de falha. Ou seja, caso uma deixe de operar, outra assume seu lugar e passa a fornecer pressão para o avião.

Relatos iniciais apontavam que pessoas a bordo teriam visto as faíscas saindo do motor.

É importante frisar que esse problema ainda está sob investigação e que essas possíveis causas não foram confirmadas.

O que diz a United? A empresa distribuiu a seguinte uma nota sobre o assunto: "Depois que nossa aeronave teve uma ocorrência mecânica logo após a decolagem, permaneceu no ar para queimar combustível e pousou com segurança". A empresa diz que os passageiros desembarcaram e tomaram um novo avião.

Por que io avião ainda continuou voando? Minutos após seguirem os procedimentos para situações como a detectada a bordo, os pilotos continuaram voando. A duração total do voo foi de cerca de duas horas.

Esse tempo foi necessário para identificar o problema do avião e, posteriormente, soltar combustível sobre o oceano.

Despejar o combustível é uma prática que busca garantir a segurança na hora do pouso. Cada aeronave possui um peso máximo de decolagem e um peso máximo de pouso.

Aviões que fazem voos a longa distância costumam decolar muito pesados, já que têm de levar muito combustível para cumprir as rotas. Como o 777 da United havia acabado de decolar, ele precisaria perder algumas toneladas para que o pouso ocorresse de maneira segura.

Os passageiros correram risco? Embora tenha existido uma preocupação devido às fagulhas, existem várias camadas de segurança que evitam um problema maior.

Se o problema realmente foi com a bomba hidráulica, existem outros sistemas e bombas para fornecer pressão para o avião.

Essa aeronave ainda conta com vários sensores, como o de aquecimento e de incêndio, que indicam o que pode ter acontecido.

O que os pilotos podem fazer? Em situações como essa, os pilotos são informados na cabine que o avião está passando por um problema, e devem seguir à risca uma série de procedimentos padronizados para contornar a situação.

Caso sintam a necessidade, podem realizar um pouso fora do programado em algum aeroporto com segurança, onde a aeronave será inspecionada antes de ser liberada para continuar voando.

Esse tipo de avião já teve problemas? O Boeing 777 já representou dor de cabeça para a United Airlines em outras duas situações, ao menos. Nesta mesma semana, a aérea retirou de circulação 25 unidades de seus 777-200, mesmo modelo do problema com as fagulhas.

Isso aconteceu após a empresa ter descoberto que não havia realizado inspeções obrigatórias em pedaços das asas desses aviões.

Veja a nota da empresa: "A United cancelou alguns voos na segunda à noite e na terça de manhã para permitir inspeções nas asas de algumas aeronaves de sua frota de Boeing 777-200. Concluímos as inspeções em 10 dessas aeronaves e estamos trabalhando com a FAA para retornar outras ao serviço, enquanto as inspeções caminham nas próximas duas semanas. Não esperamos cancelar voos adicionais devido a essa ocorrência. Pedimos desculpas aos clientes cujos planos de viagem foram alterados e estamos trabalhando para levá-los aos seus destinos o mais rápido possível".

Em maio, a United obteve liberação para devolver à operação 52 Boeings 777-200 devido a problemas envolvendo um modelo específico de motor. Essa parte da frota havia sido tirada de circulação em 2021 após um voo com destino ao Havaí ter falhado e terem sido encontrados detritos pertencentes a ele no solo.

Em nota, a empresa agradeceu a colaboração com a agência norte-americana reguladora da aviação, Boeing e a Pratt and Whitney, fabricante do motor, no retorno das operações com o modelo.

Nenhum desses dois problemas tem ligação direta com o que aconteceu na noite desta quarta-feira.