Olhar estrangeiro para o potencial das marcas brasileiras Granado e Phebo
Não raras vezes o potencial de negócios, de marcas e de empresas nacionais não é devidamente avaliado pelos empreendedores, quer sejam fundadores e seus descendentes ou outros brasileiros.
Mas, a visão de fora pode captar valor e possibilidades não percebidas ou mesmo negligenciadas. Pior ainda, podem ser desprezadas por nós, brasileiros, que valorizamos exageradamente o que é novo. Parece ter sido o caso da centenária Granado.
Para garantir a perpetuidade da Granado, em 1994, o inglês Christopher John Ogle Freeman vem ao Brasil para assessorar Carlos Granado Vieira de Castro na venda do negócio. Ele examina a empresa, sua linha de manufatura e seus produtos, processos e estrutura organizacionais bem atrasados.
O faturamento, na época, era de R$ 10 milhões. A empresa sequer possuía um aparelho de fax ou ligações de ramais entre os telefones. Os vendedores tomavam os pedidos à mão, que eram enviados por correio. Imaginem se não tinham problemas de atrasos e erros em entregas, falta de controle de estoques etc.
Mas, Freeman também passa a conhecer a força da marca. Surpreende-se com o quanto ela ainda era conhecida pelos clientes. Não conseguindo vender o negócio por inteiro, ele mesmo decide comprar a empresa e se muda de vez para o Brasil.
Dá um choque cultural e de modernidade ao negócio, industrializando a produção, introduzindo processos de gestão e de marketing, logística e adota recursos tecnológicos. Alia a tradição à modernidade. Afinal, não é toda marca que pode ostentar a sua história: fundada em 1870 por José Antônio Coxito Granado.
A linha de produtos era bem reduzida e se apoiava no campeão de vendas: polvilho antisséptico, criado em 1903, cuja embalagem era a tradicional latinha. Ele ainda é produzido, mas as linhas de produtos aumentaram: bebê, barbearia, pink, vintage, glicerina, terrapeutics, tratamento, granaderma, sol de janeiro, acessórios, presentes, pet.
Outra marca tradicional, a Phebo, entra no radar de Freeman. Fundada em 1930 pelos primos portugueses Antônio Lourenço da Silva e Mário Santiago e identificada pelos célebres sabonetes ovais “de charme inglês”, como dizia o slogan, oferecia produtos de qualidade com aromas criativos e originais.
Durante vários anos passou pelas mãos de grandes multinacionais como a Procter & Gamble e Sara Lee. Mas, seus produtos não faziam parte do foco dos negócios delas. Deste modo, em 1998, o inglês adquire da Procter a fábrica de sabonetes da Phebo, ampliando em muito a capacidade de produção da Granado.
Anos depois, em 2004, a marca Phebo é finalmente adquirida da Sara Lee. A partir daí, desenrolam-se novos capítulos nestes dois negócios, principalmente com o reforço recebido da filha de Freeman, a Sissi. Ela já se envolvida desde a adolescência com a empresa. Trabalhava nela nas férias, quando retornava ao Brasil, enquanto estudava em Nova York.
Mas, em 2005, veio ocupar a diretoria de marketing. Ela e o pai percebem que era hora de trabalhar na identidade da marca e de revitalizar embalagens e lojas. Em 2006, inauguram a loja na rua 1º de Março, no Rio de Janeiro, onde tudo começou. Afinal a “botica” era a fornecedora oficial da Corte Imperial.
Como parte da compra da Granado, receberam o acervo de fotos das embalagens antigas. Deste modo puderam capitalizar sobre a história da marca, adicionando o toque de tradição às embalagens, sobretudo à linha vintage e às sacolas. Mas, trabalham também com visual moderno, por exemplo, da linha pink.
A revitalização se ampliou com lojas próprias de rua e em shoppings, sendo mais de 20 hoje, somando as duas marcas. Desse modo, a Granado Laboratórios atingiu o faturamento de R$ 284 milhões, em 2013, e já se faz presente, por exemplo, no Le Bom Marché, em Paris, e na loja Isetan em Tóquio.
Contudo, ainda pretende crescer muito internamente antes de se dedicar ao mercado externo.
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