Katherine Rivas

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Reportagem

BB anuncia medidas para clientes do RS e do agro; dividendos serão mantidos

O Banco do Brasil anunciou medidas para seus clientes do Rio Grande do Sul, como renegociação de dívidas com taxas diferenciadas e prazos maiores de carência e prorrogração de parcelas. Forte no agronegócio, o banco estatal disse que está trabalhando para que a inadimplência do setor não aumente com as tragédias.

Atualmente, as operações no Rio Grande do Sul representam 6% da carteira de agronegócio do Banco do Brasil e 4% da carteira de crédito total. Segundo Geovanne Tobias, CFO do Banco do Brasil, esse percentual não significa que todos os créditos no estado terão necessidade de renegociação. O banco teve lucro líquido ajustado de R$ 9,3 bilhões no primeiro trimestre de 2024. O Retorno Sobre Patrimônio Líquido (ROE) foi de 21,7%

Felipe Prince, vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Riscos, destacou que o BB já trabalha em iniciativas para apoiar os clientes do RS. Entre as medidas, estão a postergação de parcelas de dívidas que serão pagas, novas linhas de crédito e aumento de carências.

"Estamos comprometidos com a acomodação das famílias, auxiliando na reconstrução do estado. Não estamos preocupados em como a tragédia vai impactar o nosso balanço", apontou Prince.

Segundo o vice-presidente, as iniciativas que o banco deve tomar vão amortecer o impacto na economia local do Rio Grande do Sul e, com isso, não devem mexer no índice de cobertura da inadimplência da instituição. "Todo esse processo de regularização e contenção da inadimplência deve fazer com que a cobertura permaneça estável", reforçou.

Renegociação de dívidas

O BB também definiu ações para renegociação de dívidas dos clientes:

  • Renegociação de dívidas com taxas diferenciadas, com até 180 dias de carência e até 120 meses para pagamento;
  • Suspensão das ações de cobrança e de negativação de clientes localizados em munícipios afetados;
  • Prorrogação de até três parcelas para as linhas Reescalonamento PJ, Renegociação Massifica e Renegociação Especial;
  • Prorrogação de Parcela Emergencial PJ para as linhas BB Capital de Giro Digital e BB Financiamento PJ, que permite a prorrogação extraordinária das seis próximas parcelas vincendas;
  • Linhas de repactuação de dívidas (Reperfilamento PJ), com prazos de 36, 48 ou 60 meses e até seis meses de carência para as empresas do RS, ou até 72 meses, para as contratações via Pronampe;
  • Repactuação de quatro parcelas de capital e encargos básicos das operações de financiamento imobiliário e empréstimo com garantia de imóvel, que serão transferidas para o final do cronograma.

A força do agro

Ainda sem impactos da tragédia, a carteira do agronegócio alcançou R$ 372,5 bilhões no 1º trimestre de 2024, um crescimento anual de 15,5% e de 4,9% em relação ao trimestre anterior. Houve expansão de 16% do volume de crédito para médios e grandes produtores.

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Por outro lado, a inadimplência no agro teve um aumento para 1,19%. Segundo Tobias, apesar disso, a inadimplência está em patamar normal diante do seu histórico, que tem como premissa ser menor que 1,5%. Ele disse que se tratou de um caso específico com produtores de soja, que tiveram atraso nas despesas em função do preço da commodity agrícola. "Estamos monitorando para manter sob controle a inadimplência da carteira."

Prince destacou ainda que o banco deve efetuar no 2º semestre a cobrança de créditos atrasados, provisões amortizadas e iniciar um novo ciclo de capacidade de originação no Plano Safra.

De acordo com Tarciana Medeiros, CEO do Banco do Brasil, a instituição teve um desembolso recorde de R$ 200 bilhões em 10 meses do atual Plano Safra.
No mesmo período do ano anterior, o volume desembolsado foi de R$ 167,4 bilhões. Segundo Medeiros, a participação do Banco em feiras do agro e carretas pelos estados contribuíram com este crescimento.

Distribuição de lucros com dividendos

Apesar dos impactos que a tragédia no Rio Grande do Sul pode trazer ao Banco do Brasil, os dividendos, por ora estão garantidos e não devem sofrer nenhuma pressão, declarou Geovanne Tobias, CFO do Banco do Brasil, em coletiva a jornalistas, na manhã desta quinta-feira (9).

"Temos uma estratégia clara definida que é o objetivo de entregar entre R$ 37 e R$ 40 bilhões de lucro este ano. Em relação ao ocorrido no Sul, estamos consternados, mas arregaçando as mangas para ajudar o estado a se reerguer, então é muito cedo para fazer estimativas do impacto", comentou Tobias.

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Em relação ao payout (parcela do lucro destinada a proventos) do BB, que foi elevado neste ano de 40% para 45%, Tobias manifestou que não há espaço para novos aumentos no médio prazo, seja em 2025 ou 2026. A perspectiva do executivo é manter o payout neste nível. O executivo lembra que o aumento de payout também levou em conta o anseio dos investidores minoritários do BB, que repetidamente em teleconferências vinham fazendo o pedido de elevação da parcela do lucro destinada a proventos.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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