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Alta do dólar leva camarão brasileiro novamente à Europa

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

06/09/2013 06h00

A valorização do dólar e a recuperação de preços no mercado internacional levaram os produtores de camarão do Nordeste a investir novamente no mercado europeu.

Desde julho, o crustáceo está sendo vendido para países como França e Espanha. Os primeiros contêineres saíram de Ceará e Rio Grande do Norte, Estados que concentram cerca de 75% da produção nacional.

O Brasil atingiu o pico das exportações de camarão em 2003, com 58,5 mil toneladas. Em dez anos, as vendas internacionais despencaram; no ano passado, nem houve exportação.

A principal causa para a queda foi o real valorizado, que fez o produto brasileiro perder competitividade. O aparecimento da doença da mancha branca, causada por um vírus, afetou a produtividade de viveiros e inviabilizou criações, principalmente no Sul do país.

Volta ao mercado internacional é tímida, mas deve se intensificar em 2014

Segundo o presidente da ABCC (Associação Brasileira dos Criadores de Camarão), Itamar Rocha, a reentrada no mercado internacional ocorreu de forma tímida, com a venda de 200 toneladas em julho, mas deve ser ampliada nos próximos meses.

“O nosso camarão sempre teve uma procura muito boa em países como França e Espanha, e agora temos preço e competitividade. Começamos a exportar apenas para mostrarmos a nossa qualidade e mostrarmos a 'cara' novamente. Mas vamos crescer em 2014”, disse.

Segundo Rocha, o quilo do camarão (com cerca de 80 a 100 animais de 11 gramas, em média) está sendo vendido nesses países a cerca de US$ 6,80.

“É um preço competitivo, considerando que, quando se exporta, não tem PIS, nem Cofins, por exemplo. Esse valor permite que a gente volte a esse mercado, o que é bom”, afirmou.

Para criadores, brasileiro se acostumou a comer camarão

Segundo o empresário e presidente da Associação de Produtores do Rio Grande do Norte, Orígenes Monte Neto, a volta ao mercado internacional deve aquecer ainda mais o setor.

“Representa uma vantagem para o produtor, que amplia seu mercado. Até 2006, nossa produção era basicamente para o mercado externo. Nós nos voltamos para o nosso país, e agora que o brasileiro se acostumou a comer camarão, não podemos deixar de produzir para cá”, afirmou.

Apesar da retomada das vendas internacionais, os produtores garantem que não haverá redução da oferta no mercado interno. “O setor no Brasil só vem aumentando. Se houver demanda, podemos produzir mais. Nossa prioridade ainda é o mercado interno”, disse Itamar Rocha.

Produção deste ano deve chegar a 80 mil toneladas de camarão

Em 2012, o país produziu 75 mil toneladas de camarão, que foram totalmente comercializadas no mercado interno. A expectativa é que a produção chegue a 80 mil toneladas este ano.

Segundo a ABCC, somente o Ceará deve responder pela produção de 45 mil toneladas este ano – cerca de 20% a mais que em 2012. O Rio Grande do Norte deve ficar na faixa de 25 mil toneladas. Os Estados da Bahia, Paraíba, Piauí e Sergipe respondem por quase todo o resto da produção nacional.

A associação tem 1.545 produtores. Desse total, 75% são micro ou pequenos produtores, 20% são médios e apenas 5% do total de empresários são considerados grandes.