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João Branco

Segredos ocultos do Marketing

Colunista do UOL

06/01/2021 04h00

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Não sei como te contar isso sem te assustar. Mas preciso falar. Existe um mundo que talvez você não conheça.

Aquela churrascaria não coloca pão de queijo na mesa porque quer te agradar. Eles estão tentando fazer você comer menos picanha no rodízio.

Os amaciantes que estão no maior corredor do supermercado não foram colocados ali por acaso. Muito menos os produtos que estão no encarte ou no aplicativo em promoção. Na verdade, até o espaço que cada xampu ocupa na prateleira revela uma negociação.

A cor da chuteira do seu ídolo, a posição do manequim na vitrina do magazine, aquele cheirinho gostoso na loja de pijamas. É tudo calculado, planejado para te influenciar. Incluindo aquela bexiga colorida que seu filho ganhou na livraria.

Duvida? Então se segure na cadeira: um estudo comprovou que quando um restaurante entrega uma balinha junto com a conta para o cliente, as gorjetas aumentam 3%. Se entregar 2 balinhas, elas aumentam 14%. E se o garçom deixa apenas uma bala e depois volta entregando mais uma dizendo que fez isso porque o cliente é muito especial, terá 23% mais gorjetas. Isso acontece porque temos um gatilho mental de reciprocidade.

Toda vez que alguém nos faz um favor, naturalmente nos sentimos na obrigação de retribuir. Esse é apenas um dos muitos casos publicados no livro "As armas da persuasão". Coisas que marketeiros sabem.

Lembra daquele prédio recém-construído que está com uma placa "últimas unidades"? Ou aquela escova de dentes "mais recomendada pelos dentistas"? Ou a promoção do "primeiro mês grátis" do novo serviço de streaming? Cada um está tentando te seduzir de uma forma diferente. São anzóis com minhocas preparadas especialmente para te fisgar.

Eu mostrei esse texto para 100 especialistas de Marketing e 95 concordaram comigo. E você, também concorda? Veja que pressão coloquei nos seus ombros agora. É isso que algumas propagandas conseguem fazer.

Em cada um desses exemplos, usei princípios de influência que estudamos. Talvez você ache que saiba fazer Marketing sozinho e que tudo não passa de bom senso. Realmente todos temos um "minimarketeiro" dentro de nós.

Porque, no fim das contas, todos praticamos a arte da comunicação e técnicas de negociação em nosso dia a dia. Mas, se a sua filha tivesse sido raptada por uma quadrilha experiente, você preferiria que a negociação com o sequestrador fosse feita por você (usando toda a sua habilidade adquirida na sua vida) ou por um negociador profissional do FBI?

Sim, a gente sabe negociar com o cunhado sobre o menu do almoço do sábado. Mas isso é muito diferente de conseguir convencer milhares de pessoas a consumirem os seus produtos.

Eu acredito em Marketing. E também que é possível fazer tudo isso dentro de limites éticos, como um serviço aos clientes.

Se meu trabalho fosse igual ao dos revendedores de suplemento alimentar, eu estaria aqui usando um crachá: "Quer saber mais sobre os segredos do Marketing? Pergunte-me como" nas redes sociais:

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Imagem: Felipe Tomazelli