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Poupança fraca, dólar alto, juro subindo: cenário ruim para o bolso em 2016

Daniel Neri/ Arte UOL
Imagem: Daniel Neri/ Arte UOL

Sophia Camargo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/01/2016 06h00

A vida vai continuar difícil para os brasileiros em 2016. Essa é a conclusão de 19 especialistas consultados pelo UOL.

A previsão é que o país continue em recessão e com indicadores negativos:

  • queda no PIB
  • juros altos
  • inflação um pouco mais baixa, mas acima da meta
  • dólar em alta

Veja previsões para emprego, poupança, viagens, prestações, conta de luz e imóveis:

DESEMPREGO
Carteira de trabalho, CLT - Rafael Hupsel/Folha Imagem - Rafael Hupsel/Folha Imagem
Imagem: Rafael Hupsel/Folha Imagem

Clemens Nunes, professor da Escola de Economia de São Paulo da FGV: Deve aumentar e chegar a 11,5%. As empresas procuram retardar o processo de demissão porque é custoso e significa abrir mão de um funcionário e qualificado. Mas com recessão as empresas devem cortar ainda mais.

Eduardo Terra, presidente da SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo): Deve aumentar e chegar a 11% em março. Se a economia se estabilizar, há possibilidade de as demissões pararem. Caso contrário, o índice pode aumentar ainda mais.

Pedro Paulo Silveira, economista da TOV Corretora: Deve aumentar nos dois primeiros trimestres. Situação só começa a melhorar no segundo semestre. Previsão de 11%.

POUPANÇA
poupança 2 - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images

Alexandre Cabral, economista da NeoValue Investimentos: Deve render um pouco melhor do que a inflação (8,5% da poupança x 7% da inflação no ano). Continua a não ser um bom destino para o dinheiro.

Alberto Felix de Oliveira Neto, responsável pela Tesouraria do Banco Máxima: A poupança deve render 8%, enquanto a inflação fica em 7,2%. Outros investimentos em renda fixa continuarão a superar em muito a poupança.

Pedro Paulo Silveira: Investimento deve ser evitado, pois vai continuar rendendo bem abaixo das outras modalidades de renda fixa. Rendimento da poupança deve ficar entre 8% e 9%, ante juros médios de 13,5% e inflação de 6,5%.

VIAGENS

Edmar Bull, vice-presidente administrativo da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav) e presidente da Abracorp (Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas): O brasileiro vai trocar as viagens ao exterior por férias no país. O setor corporativo deve ter um pequeno crescimento, pois alguns que perdem o emprego se tornam empresários e viajam para divulgar o negócio. Previsão de crescimento de 5% no faturamento.

Eduardo Sanovicz, presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas): A crise pressiona pelo encolhimento do mercado de aviação, com redução de oferta de voos, corte de frequência e de destinos. Não vê perspectiva de melhora para os próximos dois anos.

Magda Nassar, presidente da Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo): Espera reação no mercado, pois vê melhora na cotação do dólar. 2016 vai ser melhor que 2015, principalmente com trunfos como as Olimpíadas. Não estimou percentual de crescimento.

PRESTAÇÕES

Flávio Calife, economista da Boa Vista SCPC: Prevê aumento dos juros, desemprego e inflação alta. Deve haver mais calotes nas dívidas já existentes, mas o consumidor deve evitar novos débitos. Estima queda de 2% no comércio e atraso de 6,5% nas dívidas dos consumidores.

Luiz Rabi, economista da Serasa Experian: Crédito estagnado ou reduzido. Quem precisar de dinheiro emprestado vai pagar taxas altas. O atraso de dívidas deve continuar subindo, porque o desemprego pode bater até 11% em 2016. Financiamentos de bens duráveis e veículos devem cair. O único que pode subir é o de imóveis, graças a subsídios.

Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento): O aperto no bolso deve durar até o primeiro trimestre, no mínimo, com mais desemprego, inflação alta, menos renda e capacidade de consumo. Dívidas em atraso devem crescer, e o movimento de crédito será fraco, pois os consumidores não estarão dispostos a fazer mais dívidas.

CONTA DE LUZ

Alexei Vivan, diretor-presidente da ABCE (Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica): Se chover mais, o custo da conta pode cair até 8%. As empresas podem reajustar as tarifas um pouco abaixo da inflação.

Carlos Faria, presidente da Anace (Associação Nacional dos Consumidores de Energia): A conta de luz em 2015 chegou a subir 58%. Para 2016, a expectativa é que a conta tenha uma alta entre 15% e 20%, por causa do aumento dos custos de geração de energia e alta do dólar.

Reginaldo Medeiros, presidente da Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia): Prevê aumento médio de 10% na conta de luz para os consumidores cativos, aqueles que não podem escolher de onde comprar a energia elétrica. Dólar alto e empréstimos às distribuidoras são fatores negativos. As termelétricas devem permanecer ligadas até a recomposição dos níveis mínimos dos reservatórios, e isso encarece.

IMÓVEIS

Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP (Sindicato da Habitação): O mercado imobiliário teve uma queda de 20% nos lançamentos e de cerca de 35% nas vendas em 2015. Isso fez com que o estoque de produtos ficasse alto, o que força os preços para baixo. Para 2016, o cenário deve continuar ruim, com desestruturação do sistema de produção.

Luiz Fernando Moura, diretor da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias): Se a economia continuar como em 2015, a perspectiva é de manutenção de um cenário difícil até o final de 2016, com menor nível de lançamentos e de vendas.

José Romeu Ferraz Neto, presidente do Sinduscon/SP (Sindicato da Construção Civil): O sindicato estima uma queda de 5% do PIB da construção em 2016. Os motivos são alta do desemprego e retração de investimento público e privado e atraso nos pagamentos do Minha Casa, Minha Vida e PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

COMIDA FORA DE CASA

Eduardo Terra: Com inflação alta e aumento do desemprego, a previsão é de corte de gastos supérfluos, como restaurantes. Em vez de sair para gastar, o consumidor vai fazer tudo em casa.

Eugenio Foganholo, diretor da Mixxer, consultoria especializada em varejo e bens de consumo: O aumento no desemprego e a redução na renda fazem com que a tendência de redução de consumo fora do lar seja enorme. As pessoas vão procurar ofertas e novidades para poder comer fora, como um prato mais barato ou uma promoção diferente.

Olegário Araújo, diretor da Inteligência de Varejo: Quem estava indo ao restaurante sofisticado passará a ir ao mais simples, e quem estava no simples vai tentar manter algumas saídas, mas aos poucos vai perceber que nem isso é possível e vai preparar tudo em casa.

SUPERMERCADOS
supermercado frutas - Thinkstock - Thinkstock
Imagem: Thinkstock

Eduardo Terra: Com menos dinheiro, o consumidor vai reduzir a lista de compras em 2016, deixando supérfluos nas prateleiras.

Eugenio Foganholo: Em 2016, os consumidores terão de abrir mão de categorias de produtos, como iogurtes e cereais matinais, e substituir marcas premium por versões mais econômicas. O preço da cesta básica deve ficar estável em relação à inflação. Outros, como a carne, tendem a subir menos, por falta de demanda.

Olegário Araújo: 2016 deve ser o ano da pechincha, em que as famílias vão buscar alternativas para fugir da inflação: compras em grande quantidade, troca de marcas, procura por embalagens maiores e diminuição das compras por impulso.