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ANÁLISE

Alta dos juros cria cenário difícil para as Bolsas de Valores

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Imagem: Shutterstock

Rafael Bevilacqua

17/06/2022 09h49

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O mundo dos investimentos nesta semana foi marcado pelas decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil. Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) confirmou as projeções do mercado e elevou a Selic, a taxa básica de juros, em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano.

Os investidores esperam por mais informações a respeito dos próximos movimentos do Copom, uma vez que existe a possibilidade de uma nova elevação da mesma magnitude ser anunciada na próxima reunião, o que levaria a Selic a 13,75% ao ano.

Nos Estados Unidos, após a inflação ao consumidor ter subido mais do que o esperado em maio, acumulando alta de 8,6% nos últimos 12 meses, o Federal Open Market Committee (Fomc, o comitê de política monetária dos EUA) se viu forçado a elevar a taxa básica de juros do país em 0,75 ponto percentual, para o patamar entre 1,5% e 1,75% ao ano.

Alguns dias antes, o mercado projetava uma elevação de 0,5 ponto percentual também nos EUA, mas a disparada da inflação tornou necessária uma mudança de postura por parte das autoridades monetárias do país.

Com juros em alta, o crédito se torna mais caro e há um desestímulo ao consumo, o que tende a desacelerar a atividade econômica, mas leva tempo até que os efeitos dessa alta das taxas sejam sentidos pela população.

Aqui no Brasil, onde o atual ciclo de alta dos juros teve início em março de 2021 e já se aproxima do seu fim, tanto os efeitos positivos quanto os negativos já são notados.

Ao mesmo tempo em que os consumidores e empresários têm enfrentado dificuldades na hora de tomar empréstimos ou financiar bens, a inflação deu sinais de desaceleração nos últimos meses, subindo 0,47% em maio.

Nos EUA, por outro lado, o ciclo de alta ainda está em seu estágio inicial, tendo a primeira elevação dos juros sido anunciada em março deste ano -12 meses depois do início do ciclo no Brasil. Com pouco tempo de juros em alta, a inflação segue sem responder à alta das taxas, e avançou 1% em maio.

Dessa forma, ainda há muito espaço para os juros subirem nos EUA, mas esse processo tende a trazer bastante volatilidade para as Bolsas de Valores do país.

Isso porque a alta dos juros torna o financiamento das empresas mais custoso, fenômeno que prejudica especialmente as chamadas "empresas de crescimento", que estão constantemente investindo na expansão de seus negócios.

Além disso, a alta dos juros torna a renda fixa mais atrativa, estimulando uma migração de capital para ativos mais defensivos, atrelados às taxas básicas de juros.

Assim, os próximos meses serão difíceis para os mercados norte-americanos, mas a esperada desvalorização das ações pode criar ótimas janelas de oportunidade para os investidores com visão de longo prazo.

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Rafael Bevilacqua
Estrategista-chefe e sócio-fundador da Levante

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Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.