O primeiro semestre de 2023 não foi nada fácil para os investidores locais e globais.
O ano de 2023 teve seu início marcado por um clima extremamente pessimista. A inflação alta, bancos centrais elevando as taxas de juros pelo mundo e tensão nos mercados de ações, somado a quebra de bancos nos EUA e fraudes, contribuíram para esse cenário. Contudo, parte dos problemas foram sendo solucionados, voltando a dar respiro aos ativos de risco, que começaram a mostrar recuperação na segunda metade do trimestre.
Na renda fixa, classe que desperta grande interesse devido aos níveis de juros altos, enfrentou desafios já na segunda semana de janeiro. O caso de fraude das Lojas Americanas resultou na abertura dos spreads em todo o mercado de crédito, o que por sua vez levou a retornos esperados abaixo do planejado. Casos subsequentes de problemas financeiros como Light, Marisa e Tok&Stok, também vieram à tona e assustaram os investidores de crédito privado.
Apesar das turbulências enfrentadas, o mercado conseguiu se estabilizar e operar de forma mais consistente, impulsionado principalmente pela contínua demanda por ativos de renda fixa, graças às taxas de juros ainda elevadas. No semestre, o CDI apresentou um retorno de 6,5%, consolidando-se como uma opção atrativa para os investidores.
Já para ações brasileiras, essa classe teve seu início de ano com pouca alocação por parte dos investidores e viés fortemente negativo. O resultado foi um período inicial de perdas, que passou por uma inflexão e começou a mostrar fortes voltas durante o segundo trimestre do ano.
Após queda de aproximadamente 10,8% até seu pior momento em 23 de março, o Ibovespa passou a subir bastante, revertendo a perda e fechando junho ao redor dos 118 mil pontos, um retorno positivo de 7,6% no primeiro semestre, retorno inclusive acima do CDI.
A mudança de humor foi causada por diversos fatores, incluindo arcabouço fiscal vindo melhor que o esperado e dados de inflação mais favoráveis, o que levou o mercado a precificar reduções de juros no curto prazo, com previsões de cortes em agosto, favorecendo ativos de risco.
No cenário internacional, com receios de recessão e constantes aumentos das taxas de juros, ditaram o cenário no semestre. Mesmo assim, nos Estados Unidos, o índice S&P registrou um desempenho positivo de 15,9%, impulsionado principalmente pelas grandes empresas de tecnologia, que foram as principais responsáveis pelos resultados positivos. Por outro lado, os demais setores apresentaram resultados neutros ou negativos de uma forma geral.
Melhores fundos do semestre de 2023 de multimercados
Chamamos a Real Investor, Heliux e Mapfre, três gestoras que ofereceram ótimos retornos aos seus cotistas no primeiro semestre de 2023. Segue abaixo os que os gestores analisaram que os ajudaram na ótima performance.
A gestora Real Investor comenta sobre sua performance no semestre, que fez o REAL INVESTOR FIC MULTIMERCADO ter seu ótimo desempenho no período:
"O Real Investor FIC FIM obteve uma performance de +16,9%, enquanto o CDI acumulou +6,5% no semestre, representando 255% do CDI no período. Esse resultado expressivo foi principalmente atribuído ao desempenho positivo da nossa carteira long, que superou o desempenho da nossa carteira short. A carteira long contribuiu com +20,5% no semestre, enquanto o short teve uma contribuição de -5,1% no mesmo período. Além disso, a exposição direcional próxima de 10% ao longo do primeiro semestre também teve uma contribuição positiva.
A aprovação do arcabouço fiscal, os dados melhores de inflação e as consecutivas revisões para baixo das taxas de juros de longo prazo, juntamente com uma temporada de resultados mais positiva do que o esperado, sustentaram um cenário de resiliência na economia brasileira e melhoraram a percepção de risco no país. Essa combinação de fatores positivos, juntamente com um valuation atrativo, resultou em um forte rally das ações, especialmente aquelas voltadas para o mercado doméstico.
Devido à nossa maior exposição ao mercado interno, as principais contribuições positivas no semestre vieram dos setores de Construção Civil (+3,8%), Energia Elétrica (+2,3%) e Shopping Centers (+2,3%). Além disso, nossa exposição na carteira short, majoritariamente Ibovespa, é menor do que a do índice em commodities, como a Vale, cujas ações sofreram pressões neste semestre, o que contribuiu positivamente para o alfa, com +2,0%. Continuamos otimistas com a nossa carteira long em relação à nossa carteira short."
A gestora Helius fala sua visão do mês de junho, que o fez o HELIUS LUX LONG BIASED FIC MULTIMERCADO ter o retorno expressivo:
"O fundo Helius Lux Long Biase registrou uma alta de 10,1% no mês de junho, superando a alta de 9,0% do Ibovespa, que teve uma alta expressiva impulsionado pelo movimento de redução do prêmio de risco e fechamento da curva de juros.
No nosso portfólio, a posição em XP esteve entre os destaques e continua sendo uma das principais posições do fundo. Acreditamos que ela será uma das grandes beneficiadas em um cenário de corte juros, que irá afetar de forma relevante a geração de receita da companhia. Em paralelo, o último resultado divulgado mostrou uma contínua evolução na estrutura de custos. Também contribuiu para a performance do fundo as posições em Petrobras e Azul.
Na nossa visão, o movimento de reancoragem de expectativas que está em curso deve manter alguma tração nas próximas semanas. Além disso, a relevante redução do risco fiscal e a desaceleração dos núcleos inflacionários, criam um espaço para um corte de juros de pelo menos 25bps em agosto.
Nesse contexto, estamos com um portfólio posicionado para capturar esse movimento, com empresas que se beneficial com a redução de juros, e também empresas que ainda apresentam assimetrias de valor relevante. O principal setor do portfólio é o Financeiro (exceto bancos incumbentes), mas vale destacar que aumentamos alocação no setor Imobiliário e de Educação."
Carlos Eduardo Eichhorn, diretor de gestão de recursos da MAPFRE Investimentos fala sobre sua visão que fez o fundo performar tão bem:
"O MAPFRE INVERSION FIM apresentou uma rentabilidade líquida de 4,48% no mês de junho, resultando em uma performance acumulada de 16,48% no primeiro semestre de 2023. Trata-se do melhor desempenho já registrado pelo fundo desde o seu lançamento em 2006.
A atribuição de performance do MAPFRE INVERSION FIM é explicada pelas posições pré-fixadas que foram estabelecidas logo após o processo eleitoral de 2022 e representam cerca de 80% do patrimônio do fundo. Além disso, tivemos posições pós-fixadas em inflação, que correspondem a aproximadamente 30% do patrimônio do fundo e foram construídas ao longo do segundo semestre de 2022.
De modo geral, nosso portfólio de ações, que compreende cerca de 28% do patrimônio do fundo, foi dividido entre o portfólio SMALL CAP (o mesmo do fundo MAPFRE FIA SMALL), que registrou um rendimento de 19,65% no primeiro semestre, e o portfólio MID-LARGE (o mesmo do fundo MAPFRE FIA), que apresentou um rendimento de 13,21% no mesmo período.
Para o segundo semestre, identificamos um movimento importante de redução do prêmio de risco em todos os fatores mencionados anteriormente (pré-fixados, pós-fixados e renda variável), o que pode gerar ganhos adicionais. Entre eles, acreditamos que o maior potencial de retornos diferenciados estará na renda variável, devido aos descontos expressivos encontrados nos ativos da bolsa brasileira.
Com base nos resultados expressivos já alcançados e na análise cuidadosa do mercado, estamos confiantes de que conseguiremos aproveitar essas oportunidades e buscar uma performance ainda mais positiva para os cotistas do MAPFRE INVERSION FIM no segundo semestre de 2023."
Melhores fundos de ações no primeiro semestre de 2023
Para compor os comentários sobre fundos de ações as gestoras Alaska, Guepardo e Real Investor passarão a visão que os ajudaram no ótimo rendimento do semestre.
A gestora Alaska fala sua visão que fez o ALASKA BLACK II FIC AÇÕES BDR NÍVEL I ser o top 1 da nossa lista com 35,18%:
"Além da carteira de ações que apresentou desempenho positivo no semestre, os fundos carregam posição comprada na bolsa local via opções, que também contribuiu de forma positiva. No mercado de juros, a principal contribuição positiva veio da posição vendida em taxa na parte intermediária da curva. Em câmbio, o fundo segue com posição vendida em dólar contra o real, que contribuiu de forma positiva."
Temos priorizado atividades da porta para dentro, focando no atendimento dos nossos investidores e empresas que cobrimos, analisamos e investimos de forma privada."
Guepardo comenta sobre seu fundo GUEPARDO INSTITUCIONAL FIC AÇÕES, que retornou 20,87% no semestre:
"O Guepardo Institucional FIC FIA teve uma excelente performance no primeiro semestre de 2023 (20,9%), gerando alpha contra os principais índices de mercado.
Possuímos investimentos visando o longo prazo e, no primeiro semestre de 2023, algumas dessas empresas investidas entregaram um bom retorno. Acreditamos que essas empresas ainda se encontram substancialmente abaixo de seu valor justo.
Gostamos de empresas geradoras de caixa e que tenham vantagens competitivas claras. Por serem negócios resilientes e geridos por excelentes profissionais, nossas investidas estão menos sujeitas a variações macroeconômicas e deveriam, no longo prazo, negociar mais perto de seus valores intrínsecos.
Estamos seguros das nossas alocações e acreditamos que essas empresas trarão retornos consistentes no longo prazo para o Fundo. Atualmente, nossas maiores posições são em empresas que atuam nos setores de Consumo, Distribuição de Combustíveis e Papel e Celulose."
A Real Investor retorna para comentar sobre o fundo REAL INVESTOR FIC AÇÕES BDR NÍVEL I que rendeu 20,78% no semestre:
"No primeiro semestre, o Real Investor FIC FIA BDR Nível I alcançou um retorno de +20,8%, superando o desempenho do Ibovespa, que registrou um retorno de +7,6% no mesmo período.
Isso representa um alfa de +13,2% no semestre. As sucessivas revisões para baixo de inflação e as quedas nas taxas de juros de longo prazo no Brasil têm criado um ambiente mais favorável para a precificação de ações de empresas ligadas ao mercado interno. Nesse contexto, as principais contribuições positivas para o desempenho do fundo no semestre foram os setores de Construção Civil (+5,2%), Bancos (+4,5%) e Energia Elétrica (+3,6%).
Nosso foco continua sendo encontrar e investir em empresas acima da média, ou seja, sermos sócios de negócios com histórico sólido e perspectivas favoráveis. Procuramos empresas que apresentem boa rentabilidade sobre o capital empregado, baixo endividamento, uma gestão competente e que gerem valor, lucros e dividendos significativos para os acionistas. No entanto, seguimos com um portfólio adequadamente diversificado, composto por empresas com bons fundamentos e com uma elevada margem de segurança."
Conheça aqui os fundos disponíveis do PagBank
Os fundos foram classificados utilizando metodologia interna do PagBank usando dados de mercado fornecidos pela Quantum Finance e foram considerados fundos para investidores em geral de gestão ativa, abertos para captação, com mais de R$ 50 milhões de patrimônio líquido, investimento mínimo até R$ 5.000, mais de 100 cotistas e existentes há mais de 1 ano.
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