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Mercado tem retorno de ofertas de ações; isso é bom para o investidor?

Neste segundo trimestre do ano, há um ritmo muito intenso de ofertas de ações das empresas domésticas depois de um início de ano fraco para o mercado de capitais. Essas ofertas de ações, que são feitas depois que a empresa já abiu capital, chamam follow-on.

O ciclo de corte da Selic, esperada para o segundo semestre, foi decisivo para encorajar várias companhias a levantar recursos. Segundo matéria do "Valor Econômico", no 2º trimestre, o volume de follow-on chegou a R$ 15,4 bi, com dez empresas indo a mercado.

Entre elas, estão Localiza, Direcional, Vamos, Oncoclínicas, CVC, Assaí, 3R, Hapvida, Dasa e Orizon. Veja algumas características dessas ofertas:

Localiza (RENT3): Oferta 100% primária. A ação precificou a R$ 66,64. Valor movimentado: R$ 4,5 bilhões. Destinação dos recursos: expansão da frota de veículos e expansão da rede de atendimento e investimento em tecnologia e telemetria.

Direcional (DIRR3): Oferta 100% primária. A ação precificou a R$ 18,25. Valor movimentado: R$ 429 milhões. Destinação dos recursos: para suportar o seu crescimento e otimização de sua estrutura de capital.

Vamos (VAMO3): Oferta primária (70%) e secundária (30%)—acionista vendedor Simpar. A ação precificou a R$ 13,25. Valor movimentado: R$ 641 milhões. Destinação dos recursos: realizar investimentos em crescimento orgânico, com aquisição de caminhões e máquinas e fortalecer a estrutura de capital e, reduzindo sua dívida líquida.

Oncoclínicas (ONCO3): Oferta primária (20%) e secundária (80%)—acionista vendedor o FIP Josephina e dos Acionistas Vendedores Unity. A ação precificou a R$ 10,25. Valor movimentado: R$ 900 milhões. Destinação dos recursos: expansão orgânica, principalmente por meio de suas intenções de expansão em unidades de alta complexidade, bem como na participação em mais serviços na jornada do paciente oncológico.

CVC (CVCB3): Oferta 100% primária. A ação precificou a R$ 3,30. Valor movimentado: R$ 550 milhões. Destinação dos recursos: reforço do capital de giro e melhoria da estrutura de capital.

Assaí (ASAI3): Oferta 100% secundária—acionista vendedor Casino. A ação precificou a R$ 16. Valor movimentado: R$ 4 bi.

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Hapvida (HAPV3): Oferta 100% primária. A ação precificou a R$ 2,68. Valor movimentado: R$ 1,06 bi. Destinação dos recursos: fortalecimento de sua estrutura de capital.

Dasa (DASA3): Oferta 100% primária. A ação precificou a R$ 8,50. Valor movimentado: R$ 1,67 bi. Destinação dos recursos: capitalização, diluição e custos de distribuição.

Orizon (ORV3): Oferta primária 20% e secundária 80%—acionista vendedor JCI I Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Não Padronizados, JCIII Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Não Padronizados e JCI III Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Não Padronizados. A ação precificou a R$ 34. Valor movimentado: R$ 91,1 milhões. Destinação dos recursos: investimentos e capital de giro.

O mês de julho já começou com algumas ofertas públicas. A BRF anunciou oferta primária de ações que, considerando o lote extra, a operação pode movimentar algo em torno de R$ 5,3 bi. A MRV seguiu o mesmo caminho e anunciou oferta que poderá captar R$ 1 bilhão se incluir os lotes extras.

MRV (MRVE3): Oferta 100% primária. Valor da oferta poderá atingir R$ 1 bilhão, se considerar o lote extra. O cronograma da oferta será fixação do preço da ação dia 13 de julho. Início das negociações na B3, dia 17, e liquidação no dia 18.

BRF (BRFS3): Oferta 100% primária. Valor da oferta poderá atingir R$ 5,3 bilhões. O cronograma da oferta será fixação do preço da ação dia 13 de julho. Início das negociações na B3, dia 17, e liquidação no dia 18.

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Parece que as ofertas de ações não irão parar por aí. Espera-se que outras empresas possam ainda anunciar follow-on. A matéria do "Valor" deu destaque para a Copel, que poderá movimentar até R$ 5 bilhões, e a Hidrovias do Brasil, podendo lançar follow-on para desinvestimento do fundo Pátria.

Vale comentar que essas captações das empresas se dão pelo ambiente de negócios mais positivos, que tem feito toda a diferença para o investidor estrangeiro. Só em junho, entraram R$ 10 bilhões em capital externo na B3. No ano, são R$ 17 bilhões.

O que é um follow-on?

O follow-on é uma oferta subsequente de ações realizada por uma empresa que já está listada na Bolsa de Valores. Ou seja, no follow-on, a empresa já tem ações negociadas no mercado e está oferecendo mais ações aos investidores.

1) Existem dois tipos de follow-on: oferta primária e secundária.

Oferta primária: É quando a empresa emite novas ações aos investidores, ampliando assim o seu capital social e a sua base de acionistas. Além disso, os recursos capitalizados com essa operação vão diretamente para o caixa da empresa, sendo eles direcionados para reajuste da dívida, melhoria do capital de giro ou mesmo investimentos. Sempre quando estiver analisando um follow-on, tenha a preferência pelas ofertas primárias.

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Oferta secundária: É quando algum acionista relevante da empresa decide colocar seus papéis da companhia à venda no mercado para outros investidores. Como já são ações existentes, o capital social da companhia não sofre nenhuma alteração com esse tipo de oferta subsequente secundária. Ou seja, os recursos captados na operação não vão para a empresa e, sim, para o acionista vendedor.

Geralmente, o mercado responde negativamente para essas operações, já que consideram que a saída de um acionista no capital social da empresa mostra que o preço da ação já chegou ao seu valor esperado. Por esse motivo, os acionistas estão se desfazendo do ativo. No entanto, não necessariamente esse fator valerá para todas as empresas. Antes de participar do follow-on, é importante ler o relatório sobre a oferta.

2) Low up é o tempo em que a ação não pode ser negociada. Esse período pode ser longo, durando até mesmo meses. A esse ponto, é importante o investidor se atentar, caso precise dos recursos no curto prazo.

3) Destinação dos recursos. O terceiro ponto de atenção é para onde irão os recursos captados.

Lembrando que na oferta secundária os recursos irão para o bolso do acionista vendedor. Então, a melhor opção é uma oferta primária com os recursos sendo alocados na empresa. Mesmo assim, se faz necessário analisar todas as ofertas até mesmo as primárias, já que não necessariamente a empresa capta recursos para o seu crescimento; às vezes acontece de a companhia estar em dificuldades financeiras, e o recurso vai para o pagamento da dívida.

Sendo assim, o estudo do follow-on é similar ao estudo de alocar capital de forma geral: é preciso pesar os prós e os contras na hora de tomar a decisão.

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Qual é a vantagem para os atuais acionistas da empresa?

A vantagem para os atuais acionistas é que, com a captação, a companhia poderá expandir suas operações, financiar projetos de expansão e, como resultado, pode haver um aumento na valorização das ações no médio e longo prazo.

No entanto, é importante notar que essa valorização não é garantida e pode depender de diversos fatores, como o desempenho da empresa e do mercado em geral.

Outra vantagem do follow-on é que as ações da empresa em questão possuirão mais liquidez no mercado, facilitando a negociação do ativo em Bolsa.

Mas vale mencionar que os atuais acionistas serão diluídos caso não aderirem a oferta, já que serão donos de uma porcentagem menor de ações da empresa. Para que isso não ocorra, o atual acionista do ativo precisa participar do follow-on comprando mais ações e mantendo o seu percentual da companhia. Para isso, será necessário o desembolso de recursos financeiros.

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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