Ele ganhou R$ 1,1 milhão por dia com dividendos: onde Luiz Barsi investe

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Luiz Barsi Filho, que diz ser o maior investidor individual da Bolsa, afirma que ganhou o equivalente a R$ 1,1 milhão por dia com dividendos no ano passado.

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Ele diz que não se preocupa com o patrimônio, mas sim com o retorno desse dinheiro para o seu bolso.

O UOL conversou com exclusividade com o megainvestidor para saber quais suas principais dicas e pilares para ganhar dinheiro com investimentos.

Do zero ao bilhão

Filho de imigrantes, começou a trabalhar como engraxate e vendedor, até entrar em uma corretora aos 14 anos. Foi quando começou a investir em ações. Hoje, diz ser o maior acionista individual da Bolsa, que não confirma a informação. Sua fortuna em ações é de cerca de R$ 2 bilhões, segundo a Forbes - ele não revela quanto tem aplicado em ações.

O bilionário demorou 40 anos para conquistar sua fortuna. Ele ganhou dinheiro comprando ações baratas e que pagam bons dividendos. Ele diz que quem tiver prioridade, disciplina e paciência pode chegar tão longe quanto ele.

Ainda há boas oportunidades. Ele diz que, considerando as trocas de moedas das últimas décadas e a inflação, muitas empresas podem estar com preços até mais interessantes do que os que ele encontrou na década de 70.

Outra vantagem é que o mercado está mais maduro. O economista diz que hoje temos empresas mais estruturadas em um mercado mais regulado e transparente do que antes.

Em que ações ele investe

O bilionário diz que quem quer investir deve estudar e tomar suas próprias decisões. Mesmo assim, o bilionário não vê problema em dizer o que tem feito na sua carteira de investimentos.

Ele está de olho nas ações de empresas do setor de geração de energia. É o caso da Auren e Aes Brasil - ele é dono de 5% da empresa atualmente.

Outras ações importantes no seu patrimônio são a Unipar, Klabin e Banco do Brasil. Outra empresa que o investidor vê com bons olhos é a Caixa Seguridade.

E, diferente do que muitos devem pensar, ele não vende e compra ações com frequência. Sua carteira é praticamente a mesma há anos.

E em fundos de investimento, vale a pena aplicar? Ele diz que esses fundos trazem riquezas apenas para o gestor e a Bolsa. Os fundos não pagam impostos quando vendem as ações, não distribuem dividendos e, ainda por cima, aplicam em diversas ações em massa. Para ele, os fundos causam um efeito destrutivo no mercado, diz.

A Bolsa de Valores voltou a subir, é hora de investir?

A Bolsa está em alta. Em junho, o Ibovespa subiu 9%. Desde o começo do ano, a alta foi de 8,51%, considerando o fechamento do dia 4. Com a alta recente e a expectativa de que a Selic vai começar a cair, os olhos dos investidores tendem a voltar para a Bolsa de Valores.

Mas isso não significa que, agora, é hora de investir na Bolsa, diz Barsi. Ele diz que Brasil tem uma crise por ano, e as pessoas ainda não compreenderam a essência de investir. Para muitas pessoas, o interesse pelas ações só aparecem quando elas estão subindo, da mesma forma que só escolhem aplicar em renda fixa quando os juros também sobem, responde.

Esperar somente os momentos de valorização para aplicar o dinheiro é um erro por ganância, diz ele. Assim, os únicos que ganham dinheiro são a própria Bolsa e as corretoras. Por isso, ele diz que investe pensando a longo prazo e dispensa emprestar dinheiro para o governo, por meio dos títulos do Tesouro Direto, já que considera arriscado demais.

Ele busca empresas duradouras. A dica dele é, mais do que nunca, fugir dos setores nos quais as empresas não conseguem sobreviver por muitos anos. Historicamente, os setores de varejo e aviação veem muitas empresas morrerem, diz.

Eu não invisto na Bolsa, invisto em projetos. Sempre teremos bons projetos, a bons preços, que paguem bons dividendos à espreita, independente do momento de mercado.
Luiz Barsi Filho

E é hora de investir no exterior? Para ele, aplicar dinheiro na Bolsa brasileira é a melhor forma para chegar a bons negócios, como companhias centenárias, de boa qualidade e margens. Essas ações também podem estar baratas, sendo negociadas abaixo do valor de patrimônio que uma empresa tem. Por isso, enquanto houver oportunidades no Brasil, ele não vê motivos para investir no exterior, afirma.

Qualquer um pode investir na Bolsa?

Sim, responde o bilionário. Uma das grandes ilusões sobre o mercado financeiro é que você precisa de muito dinheiro para investir. Mas não é verdade, há produtos financeiros disponíveis por um baixo custo, e essa deve ser uma preocupação principalmente das pessoas de baixa renda, diz Barsi Filho.

Todos devem procurar aposentadoria sem depender do Estado, diz ele. O argumento do investidor é que, no lugar de depender dos recursos da previdência social e deixar o futuro nas mãos do governo, é melhor optar por aplicar em empresas sólidas e boas pagadoras de dividendos.

Ele diz que o brasileiro investe pouco e mal, independente da sua renda. Exemplo disso que é a a pesquisa Raio-X do Investidor Brasileiro, da Anbima, mostrou que apenas 36% das pessoas investem e, do total, 26% preferem a poupança, sendo o produto financeiro mais popular.

O economista diz que o problema é que poucos conseguem guardar dinheiro suficiente no final do mês para pagar as contas e ainda poupar. Além disso, a taxa de juros é estruturalmente alta no Brasil, o que não favorece os investidores de longo prazo e empreendedores.

A informação nunca foi tão transparente e acessível, mas infelizmente só serve para aqueles que leem até o último parágrafo.

Qual foi o seu maior erro?

Barsi Filho revela que seu maior erro foi lá no início, e que ele o corrigiu o mais rápido possível. Ele diz que investiu em empresas demais. Hoje, ele reflete que não deveria ter pulverizado demais seu patrimônio, pois os seus resultados são fruto de ter poucas, boas e grandes posições.

Negócios prósperos não surgem todos os dias. Não é à toa que ele carrega muitas das mesmas ações desde a década de 1980, afirma.

De aprendizado, de vez em quando, você simplesmente precisa confiar nos gestores e na sua tese de investimento: prioridade, disciplina e paciência são fundamentais.

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