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Temporada de resultados de bancões pode gerar ganhos na Bolsa

A temporada de divulgação de resultados de grandes bancos começou na terça-feira (30). O primeiro a divulgar como foram os ganhos de janeiro, fevereiro e março de 2024 foi o Santander (SANB11), que iniciou o período com bons resultados: alta de 41,2% no lucro líquido em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Foram R$ 3,02 bilhões no trimestre. Com isso, as ações chegaram a ser as mais valorizadas do dia.

Essa alta deve acontecer com outros bancos também, assim que os resultados forem saindo. "Esperamos outro trimestre de um resultado bom, mas nada excepcional", explica Breno Bonani, analista da Alphamar Invest, de Vitória.

Confira o calendário

  • Bradesco (BBDC4): Quinta-feira (2), antes da abertura
  • Itaú (ITUB4): Terça-feira (7), após o fechamento
  • Banco do Brasil (BBAS3): Quarta-feira (8), após o fechamento
  • BTG Pactual (BPAC11): Segunda-feira (13), antes da abertura

Por que o resultado geral deve melhorar?

Assim como aconteceu com o Santander, os recentes cortes de juros podem ajudar. No caso do banco, a inadimplência de pessoas físicas e grandes empresas permaneceu estável no trimestre. O banco encerrou o primeiro trimestre com inadimplência de 3,2%. Em dezembro havia sido de 3,1% e de 3,2% em março do ano anterior. Entre as pessoas físicas, 4,3% não pagaram seus empréstimos até o final de março, ante 4,3% em dezembro e 4,5% no fim do primeiro trimestre de 2023.

No geral, não deve ocorrer aumento na inadimplência - o que é bom. "Ela deve vir estável. Para Bradesco, porém, esperamos uma redução, dado todo o movimento mais conservador para melhorar a qualidade de crédito após trimestres passados ruins", publicou a Ativa Research.

Por que a inadimplência deve se estabilizar?

Os bancos são muito sensíveis à taxa de juro e ao desemprego. É o que explica Bonani. Embora a taxa tenha sofrido cortes, ela ainda é muito alta. O desemprego atingia 7,9% da população no trimestre encerrado em março, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No mesmo trimestre de 2023, a taxa era de 8,8%. Isso pode ajudar os bancos. "Mas as instituições financeiras estão exigindo mais na hora de conceder empréstimos ou financiamentos. Isso acaba inibindo muitas famílias de recorrerem a linhas de crédito", diz o analista.

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Para o Banco do Brasil, o setor vem se recuperando devagar. O Santander, por exemplo, segundo analistas do BB, vem aproveitando o momento de crédito para automóveis mais aquecido, e também o crescimento das linhas de consignado (com desconto em folha de pagamento).

Quais são as previsões?

Para o Itaú, espera-se um lucro líquido de R$ 9,7 bilhões. A estimativa é de Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank. No primeiro trimestre do ano passado, o banco chegou a R$ 8,4 bilhões e a R$ 9,4 bilhões entre outubro, novembro e dezembro. Em relação ao BB, a expectativa é de R$ 9,3 bilhões (contra R$ 8,5 bilhões no primeiro trimestre de 2023 e R$ 9,4 bilhões no último). Para o BTG, a previsão é de R4 2,8 bilhões (contra R$ 2,2 bilhões no primeiro trimestre de 2023 e também no último).

É bom prestar atenção no Banco do Brasil. "O balanço do BB deve vir impactado por um momento menos positivo no agro. Já os demais devem se beneficiar de uma inadimplência mais baixa, com liberação de provisões", diz Ricardo Salim Júnior, analista da Lumi Research.

Nos balanços, em que pontos o investidor precisa ficar atento?

É bom ficar de olho no crescimento da carteira de crédito. "Quais são as linhas que estão crescendo? Estão crescendo acima da inflação?", diz Bonani. No caso do Santander, a principal linha de receita é de cartões, que não foi bem no trimestre: houve baixa de 5,3% na margem de ganhos, chegando a um faturamento de R$ 1,238 bilhão. Outro ponto para prestar atenção é o retorno sobre o patrimônio líquido. "O ROE é muito utilizado para medir a geração de lucro do banco."

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Prejuízos potenciais

Um ponto que deve ser focado é a provisão para devedores duvidosos. Nesse ponto, o Santander, um dos maiores credores da Americanas, foi bem. Em janeiro do ano passado, a varejista anunciou um rombo bilionário em suas contas. Um ano depois, o Santander parece estar se recuperando do evento: as despesas líquidas com provisões para devedores duvidosos (PDD) ficaram em R$ 6,043 bilhões, com queda de 11,6% no trimestre e 10,7% em 12 meses.

Podemos ter alguma provisão relacionada a varejistas, principalmente porque agora tivemos o caso das Casas Bahia (BHIA3)
Breno Bonani, analista da Alphamar Invest

Na segunda-feira (29), a varejista anunciou um acordo de recuperação extrajudicial. A empresa refinanciou R$ 4,1 bilhões. O Bradesco (BBDC4) tem R$ 953 milhões em debêntures e o Banco do Brasil (BBAS3), R$ 1,272 bilhão, o que representa 54,5% do total dos débitos.

Quais são os preços alvo?

O Banco do Brasil recomenda a compra de SANB11. O BB aumentou o preço alvo de R$ 33,40 para R$ 34,70 para o final de 2024. Para Bradesco, a Genial recomenda a compra, com preço alvo de R$ 14,10 (atualmente a ação está cotada em aproximadamente R$ 14,04). Em relação ao BTG, a XP recomenda compra, com preço alvo de R$ 40, com ganhos potenciais de 19,69%. Já o Itaú é compra também recomendada pela XP, com valor alvo de R$ 42 e potencial de ganhos de 32,24%.

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