RS: Quais empresas da Bolsa são as mais atingidas e o que fazer com ações
A tragédia no Rio Grande do Sul atingiu a todos: pessoas, animais, casas, campos de cultivo e também empresas. Algumas delas, listadas em Bolsa, já informaram como estão sendo impactadas. A EQI Research também fez um levantamento para tentar mensurar os estragos iniciais que as enchentes históricas estão provocando. Dentre as companhias mais afetadas, estão CPFL (CPFE3), Lojas Renner (LREN3), BRF (BRFS3) e ações menores, como Lojas Quero-Quero (LJQQ3) e a rede de farmácias Panvel (PNVL3).
Distribuidoras de energia
Uma das mais afetadas até agora é a CPFL. A concessionária é responsável pela distribuição de energia em dois terços do estado por meio da subsidiária RGE Sul. De acordo com atualização da Defesa Civil do estado, 446 municípios foram impactados, dos quais 339 estão na área de concessão da RGE. No pior momento, a distribuidora teve 72 cidades com o fornecimento de luz totalmente interrompido. Desse total, 71 cidades já foram religadas. Nesta segunda-feira (13), um município da área de concessão está totalmente desligado e seis cidades estão parcialmente desligadas por questão de segurança.
A barragem da usina da empresa UHE 14 de Julho sofreu um rompimento parcial. "A sequência de chuvas desde 29 de abril, e que seguiram em volumes bastante importantes nos últimos três dias, causou danos severos também na rede de distribuição de energia da RGE", informou a empresa, por meio de nota.
Outra empresa afetada é a Equatorial (EQTL3). A subsidiária CEEE-D distribui energia para a região metropolitana de Porto Alegre. "A empresa enfrentará custos operacionais para restabelecimento do fornecimento e investimentos para reconstrução da rede", segundo o relatório da EQI, feito com base em informações da própria empresa.
Varejo
Lojas Renner, Panvel e Quero-Quero são gaúchas. Mas no caso da Renner, só 4% das lojas estão no Sul, conforme informado pela companhia. Considerando uma venda média por loja entre R$ 1,1 e R$ 1,4 milhões por dia, caso essas lojas fiquem fechadas por 14 dias, isso representaria um impacto no faturamento entre de até R$ 20 milhões, algo próximo 0,1% do faturamento anual da companhia, segundo a EQI. "A empresa consegue diluir essas perdas", diz Luis Fernando Moran, analista e diretor da EQI Research. Entretanto, esse não é cenário para Panvel e Quero-Quero, que são bastante concentradas no estado.
A sede da Panvel é em Eldorado do Sul, que teve toda a área urbana inundada. "As inundações que afetam a cidade de Eldorado do Sul também comprometeram o acesso à Sede e ao Centro de Distribuição da Companhia, ambos localizados no referido município", comunicou a empresa.
Apesar do isolamento, as instalações não foram alagadas. "Seguimos operando através de abastecimentos realizados pelo nosso Centro de Distribuição de São José dos Pinhais, mantendo a operação da maior parte de nossas lojas, exceto aquelas afetadas mais fortemente pelos alagamentos e pelas dificuldades logísticas de acesso", comunicou a companhia.
Das 600 lojas da rede de farmácias, 400 estão no RS e 18 lojas foram alagadas, segundo a empresa. A companhia, que divulgaria os resultados do primeiro trimestre do ano no dia 9, postergou a publicação para o dia 15.
A Quero-Quero divulgou que, das 552 lojas, até o momento 12 foram alagadas. Outras 29 lojas estão operando parcialmente, com problemas com telecomunicações, fornecimento de energia elétrica e deslocamento de colaboradores. Os três centros de distribuição continuam operando. "Estamos mobilizando todos os recursos disponíveis para fornecer ajuda imediata e responder às necessidades emergenciais nessas localidades, ao mesmo tempo que nossas lojas também estão servindo como postos de coletas de doações", informou a companhia.
Shoppings
A rede Iguatemi (IGTI11) tem três shoppings afetados. "O Shopping Praia de Belas permanece fechado desde a noite de sexta-feira (3/5), devido aos impactos no seu entorno, e assim deverá permanecer até as novas orientações das autoridades locais. O Iguatemi Porto Alegre e o I Fashion Outlet Novo Hamburgo seguem funcionando, com as lojas operando em caráter flexível", informou a companhia.
Empresas de carnes
A mais prejudicada deve ser a BRF, segundo a EQI. "As maiores preocupações são em relação a possíveis quebras em sua cadeia produtiva (interrupção das unidades de processamento) e aumento dos preços dos grãos, em especial do milho", publicou a corretora. Cinco das 21 unidades de abate de aves da companhia se encontram no RS. Destas, uma teve paralisação temporária, segundo a BRF. No caso dos suínos, das oito unidades, uma está no estado. Mas muitos produtores indpendentes gaúchos fornecem para a companhia.
Transportes e Logística
Na Rumo (RAIL3), de transporte ferroviário, a operação Sul da companhia foi parcialmente afetada. Os danos aos ativos ainda estão sendo mensurados. A Tegma (TGMA3), de operações logísticas customizadas, informou que as entregas dentro do Rio Grande do Sul estão parcialmente suspensas.
A JSL (JSLG3) faz o transporte de lixo em Porto Alegre e foi atingida. Metade da operação de transporte de madeira na fábrica de papel e celulose foi afetada. A Marvel (empresa controlada do grupo) teve que reajustar a logística para rotas mais longas.
A Vamos (VAMO3), de compra e venda de caminhões, máquinas e equipamentos seminovos, foi impactada. A companhia tem 185 funcionários no estado e duas lojas foram afetadas (em Eldorado e São Leopoldo). No pior cenário, a companhia pode ter perda de inventário no valor entre R$ 20 milhões e R$ 40 milhões.
Bancos
Aqui, os impactos não estão claros ainda. "Os bancos podem ter o recebimento de contas adiados", diz Moran. O Banco do Brasil (BBAS3), que financia vários produtores agrícolas, pode não ter prejuízos significativos. Isso porque há o seguro do ProAgro que cobre as perdas. O Programa de Garantia da Atividade Agropecuária, do governo federal, garante o pagamento de financiamentos rurais de custeio agrícola quando a lavoura é atingida por eventos climáticos.
Aluguel de carros
Movida (MOVI3) tem seis lojas no estado, duas foram alagadas. A companhia conseguiu retirar grande parte dos veículos, ficando 10% da frota em loja. Mas as lojas têm seguro.
Companhias aéreas
O Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre está inundado. Todos os voos estão cancelados. Por isso, a GOL (GOLL4) desviou voos para Caxias do Sul, Florianópolis, Passo Fundo e Chapecó, segundo a própria companhia. A Azul (AZUL4) desviou voos para Santo Ângelo, Pelotas, Uruguaiana, Santa Maria, Curitiba e Florianópolis.
O que fazer com as ações?
Avalie companhia a companhia. Se o investidor achar que os motivos que o levaram a comprar a ação não estão mais presentes por conta das enchentes, é melhor vender. "Até porque existem maneiras mais eficientes de ajudar do que segurar uma ação e ter prejuízo", diz Moran.
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