Estrangeiros voltam para a Bolsa brasileira, a caminho dos 130 mil pontos
Os investidores estrangeiros voltaram a investir com mais força na Bolsa de Valores brasileira em novembro. Com esse novo fluxo, os especialistas de mercado acreditam que o Ibovespa pode bater novos recordes até o fim do ano, e até chegar aos 130 mil pontos. Nos últimos 12 meses, a alta é de 15% do Ibovespa, que está próximo dos 125 mil pontos.
Estrangeiro investiu bilhões na Bolsa este mês
Em novembro, a entrada de capital estrangeiro voltou a ser positiva, depois de três meses de retiradas maiores que os depósitos. Veja abaixo o fluxo de capital estrangeiro na B3 neste ano.
- Novembro* +R$ 13,04 bilhões
- Outubro - R$ 2,87 bilhões
- Setembro - R$ 1,69 bilhão
- Agosto - R$ 13,21 bilhões
- Julho + R$ 7,11 bilhões
- Junho + R$ 10,14 bilhões
- Maio - R$ 4,28 bilhões
- Abril + R$ 2,67 bilhões
- Março - R$ 2,38 bilhões
- Fevereiro - R$ 1,68 bilhão
- Janeiro + R$ 12,55 bilhões
*até dia 21 de novembro
Fonte: Quantzed
A grande entrada de dinheiro estrangeiro surpreendeu o mercado. Isso porque, neste ano, o investidor estrangeiro investiu bem menos na Bolsa brasileira do que nos anos anteriores, diz Alan Martins, analista da Nova Futura Investimentos. No acumulado do ano, o fluxo está positivo em R$ 19,41 bilhões. No ano passado todo, o saldo ficou no azul em R$ 100,08 bilhões, segundo a Quantzed.
Dados da economia americana ajudaram a impulsionar o mercado brasileiro. Logo no começo do mês, saíram as informações sobre geração de emprego nos Estados Unidos, o chamado "payroll". O Departamento do Trabalho mostrou uma geração mais fraca de empregos nos EUA, o que ajuda a conter a inflação por lá. Em seguida vieram os dados do CPI, o Índice de Preços ao Consumidor americano. O número, que mede a evolução dos preços de bens e serviços, ficou estável em outubro quando a projeção era de alta de 0,1%.
Se a inflação americana cai, o investidor acredita que o ciclo de alta de juros nos EUA está perto do fim. "Basicamente, o investidor está mais confiante de que o banco central americano não subirá mais juros e isso tem contribuído para a melhora da bolsa", diz Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed.
Quanto maiores os juros nos EUA, menos dinheiro vai para as Bolsas do mundo todo, diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. Ao contrário, quando a tendência por lá é de que os juros parem de subir e caiam no médio prazo, os investidores começam a procurar investimentos que podem pagar mais em todo o mundo e, por isso, vêm para a Bolsa brasileira.
Os números mostram essa ligação forte com os dados dos EUA. "Tanto que o dia que teve mais aporte de estrangeiros na Bolsa brasileira foi logo após a divulgação do CPI, no dia 14, com entrada de R$ 2,3 bilhões", diz Martins.
A taxa de juros brasileira também atrai o investidor de fora. "Hoje, dentre os emergentes, o Brasil é o país que tem o maior juro real", diz Pedro Wilson Domingues, sócio da Nexgen Capital, de Goiânia. Juro real é a taxa nominal, a Selic, descontada da inflação. "A Argentina, por exemplo, tem uma inflação muito alta e o juro real por lá é negativo", diz Domingues.
O juro real no Brasil hoje é de 7,43% ao ano. Ou seja, a Selic, de 12,25% ao ano, descontada dos 4,82% equivalentes ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dos últimos 12 meses até o final de outubro.
Mas os gastos do governo continuam afetando o mercado; "O risco fiscal pode reverter essa tendência de alta", diz o economista da Messem. Uma piora na guerra entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza, também tem potencial de jogar areia na engrenagem.
Para onde vai a Bolsa?
Os especialistas acreditam que essa tendência de alta pode continuar até o fim do ano, pelo menos. "A expectativa do mercado mundial é que os EUA comecem a baixar os juros entre maio e junho", diz ele. Como a Bolsa brasileira está barata, esse movimento pode continuar por algum tempo.
A aposta em 130 mil é a média do mercado. É o que diz Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed. Mas Bertotti, da Messem Investimentos, é mais conservador e aposta em 125 mil pontos até o fim do ano.
Acredito que o Ibovespa pode chegar a 130 mil, 131 mil pontos até o final do ano, se não houver surpresas.
Alan Martins, analista da Nova Futur
As ações mais compradas pelos estrangeiros são as de bancos e de mineração. "Os bancos tiveram um bom resultado no terceiro trimestre e as mineradoras estão sendo impulsionadas pela China", explica o economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti. Isso porque recentemente o governo chinês fez uma série de anúncios para estimular mais gastos. O que o governo da China quer é fazer o consumidor local comprar mais e assim persuadir empresas privadas a expandir os investimentos. "O investidor estrangeiro sabe que muitas empresas brasileiras, principalmente as mineradoras, exportam para China", diz o economista.
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