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Brasil prepara nova alta de taxa de juros para frear inflação

09/07/2013 19h29

S¥O PAULO, 09 Jul 2013 (AFP) - O Banco Central do Brasil se reúne a partir desta terça-feira para debater um novo aumento na taxa básica de juros, que segundo analistas, deve ser de 0,5 ponto percentual, a 8,5%, em um esforço para combater a crescente inflação e o baixo crescimento.

A maioria dos analistas e operadores acredita que a reunião de dois dias do Comitê de Política Monetária do Banco Central, decidirá por uma alta da taxa Selic, atualmente em 8%, a 8,5%, segundo a última pesquisa semanal Focus da instituição monetária.

Para o fim do ano, os economistas estão divididos entre uma taxa de 9,25% e 9,5%.

"Em minha estimativa, a taxa vai subir 0,5 ponto apesar da atividade econômica esteja mal, devido à inflação contínua preocupante", declarou à AFP a economista Silvia Matos, pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas.

"O Banco Central está com um discurso mais forte e coerente no combate à inflação, porque tem que controlá-la a qualquer custo", afirmou.

Em maio, o Copom já elevou em um agressivo meio ponto, a 8%, a taxa Selic.

A decisão foi comemorada pelos analistas, que a aplaudiram como uma atitude mais firme no combate à alta dos preços.

Em abril, o Banco Central aumentou a taxa de um mínimo histórico de 7,25% a 7,5%, preocupado com a alta da inflação.

Em junho, a inflação brasileira chegou a 6,7% em 12 meses, superando o centro da meta oficial de 4,5% e também o limite máximo de tolerância, de 6,5%.

A contrapartida de um aumento de taxas é um encarecimento do crédito que afeta o consumo e o investimento.

O ciclo de corte de taxas iniciado em agosto de 2011 (10 cortes consecutivos a partir de 12,5% ao ano a 7,25%) apontava para um estímulo ao crescimento econômico em um contexto de crise internacional.

O Brasil chegou a ter uma das taxas de juros mais altas do mundo como herança da luta contra a hiperinflação na década de 80.

O cenário atual é complexo para o Brasil não só por uma alta na inflação, mas também pelo baixo crescimento de sua economia.

"É um péssimo cenário para o Brasil", afirmou Matos, acrescentando que uma inflação em alta e uma queda do crescimento terminam impactando a renda dos trabalhadores brasileiros, a pouco mais de um ano das eleições presidenciais de outubro de 2014.

O governo de Dilma Rousseff enfrentou em junho uma onda de históricas mobilizações de rua por melhores serviços públicos e contra a corrupção dos políticos.

"No ano que vem a atividade econômica também será ruim", alertou Matos.

O PIB do Brasil cresceu apenas 0,6% no primeiro trimestre de 2013 em relação ao anterior e 1,9% em relação ao mesmo período de 2012.

Nesta terça-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou suas previsões de crescimento mundial e alertou sobre o risco crescente de desaceleração em grandes países emergentes como Brasil, Rússia ou China.

Segundo o FMI, a maior economia latino-americana deve ter um crescimento do PIB de 2,5% em 2013 e 3,2% em 2014, reduções de 0,5 e 0,8 ponto respectivamente em relação às previsões de abril.

No final de junho, o Banco Central já reduziu suas previsões de expansão do PIB para 2013 de 3,1% a 2,7% e elevou a de inflação para o ano a 6%.

O mercado espera um crescimento ainda menor, de 2,34% para este ano, segundo a última pesquisa Focus, de sexta-feira passada.

O Brasil cresceu 0,9% em 2012 contra 2,7% em 2011 e 7,5% em 2010.