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Contaminações acidentais por transgênicos prejudicam comércio internacional

14/03/2014 10h54

As contaminações acidentais por transgênicos de cargas de alimentos, mesmo pequenas, aumentou nos últimos 10 anos e perturbam o comércio internacional, constata a FAO, que realizou a primeira pesquisa sobre o assunto, a pedido dos Estados membros.

Entre 2009 e 2012, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação registrou um "salto no número de casos com 138 relatos" de casos comparados aos 198 registrados entre 2002 e 2012.

Como resultado, 26 países bloquearam as importações" de produtos destinados ao consumo humano ou animal, em que foram encontrados vestígios de organismos geneticamente modificados, "a maioria dos incidentes envolveram linhaça, arroz, milho e mamão" , segundo a FAO.

Neste caso, a carga é devolvida ao remetente, os contratos são cancelados e as futuras negociações suspensas.

Segundo a FAO, os traços de culturas geneticamente modificadas se misturam acidentalmente com as culturas de alimentos não-OGM durante a fase de produção, mas também durante o processamento, embalagem, armazenamento ou transporte, mesmo que, teoricamente, produtos transgênicos, especialmente os grãos, devam ser mantidos em tanques e recipientes separados.

Na maioria das vezes, trata-se de "uma pequena quantidade" de OGM, mas esse conceito "não é definido nem quantificado por qualquer regulamentação internacional", afirma a FAO.

Cabe a cada país aceitar ou não esses valores quando eles são detectados.

Em alguns casos, se "o país de importação detecta qualquer organismo não autorizado, é legalmente obrigado a recusar o carregamento" - 55 países têm uma política de tolerância zero aos OGM em seu território.

Além disso, dos 75 países que cooperaram com a investigação da FAO, "37 responderam que tinham pouca ou nenhuma capacidade de detectar OGM", por falta de laboratórios e técnicos adequados.

As cargas contaminadas são originárias principalmente dos Estados Unidos, Canadá e China, apesar desta última ter recusado repetidamente carregamentos de milho contaminado americano.

Da mesma forma, em maio de 2013, o Japão se recusou em aceitar a entrega de trigo americano contaminado e cancelou diversos contratos, uma atitude seguida pela Coreia do Sul.

A FAO indica que "vários países" pediram à organização para facilitar o diálogo internacional sobre a questão.

O organismo vai celebrar uma reunião de informação na próxima semana (20 e 21 de março) em sua sede em Roma.