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Relembre o maior calote da história da Argentina

28/07/2014 14h35Atualizada em 29/07/2014 08h00

BUENOS AIRES, 28 Jul 2014 (AFP) - A Argentina declarou o maior calote (moratória) da sua história em 2001, em meio a uma grave crise econômica e social.

Em 1999, a crise financeira mundial iniciada em 1997 abalou a Argentina, que entrou em recessão. Para atender às exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo adotou uma série de planos anticrise, incluindo vários aumentos de impostos. Greves gerais tomaram conta do país.

No começo de 2001, a população correu para sacar seu dinheiro; foram US$ 22 bilhões em menos de três meses. Em um gesto desesperado para impedir a quebra dos bancos, o ministro da Economia Domingo Cavallo ordenou o congelamento dos depósitos e determinou que, durante 90 dias, os saques diários não poderiam ultrapassar 250 pesos (US$ 250 na época).

A decisão gerou violentos protestos, que foram reprimidos pela polícia e deixaram 33 mortos. Os supermercados foram saqueados e a população manifestou sua revolta com "panelaços".

Em 19 de dezembro, diante da convulsão social, o presidente Fernando De la Rua decretou estado de sítio. No dia seguinte, com a Casa Rosada cercada por milhares de manifestantes, assinou sua renúncia e abandonou a sede de governo de helicóptero.

No dia 23, o presidente interino Adolfo Rodriguez Saá declarou a maior moratória da história, de US$ 100 bilhões, incluindo taxas de juros. Ele renunciou uma semana depois.

O também peronista Eduardo Duhalde, quinto presidente em quase duas semanas (houve também Ramón Puerta e Eduardo Camaño), decidiu desvalorizar o peso (que chegou a cair 70%), dando fim à paridade no câmbio (desde 1991, um peso era equivalente a US$ 1).

Nos anos seguintes à crise, a Argentina recuperou com dificuldades o crescimento. Os bens dos poupadores foram fortemente desvalorizados, com um peso passando a valer um terço do dólar.

Os credores da dívida argentina receberam várias propostas, chegando finalmente a um acordo em 2005. O acordo previa uma redução de aproximadamente dois terços do montante da dívida.

Em abril de 2010, o governo fez uma nova proposta aos credores que haviam rejeitado o acordo de 2005, cerca de 25% do total.

Os fundos especulativos --chamados "abutres", porque compraram a dívida já após o calote-- recusaram as ofertas de Buenos Aires para reestruturar a dívida de 2001 e exigiram o pagamento integral de US$ 1,33 bilhão devidos pelo país.

Eles receberam uma decisão favorável em uma corte de Nova York em 2012, que foi referendada por um tribunal de apelação. A Suprema Corte dos EUA negou o pedido da Argentina para analisar o caso.