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À espera de um acordo em Paris para impedir um desastre climático

12/12/2014 00h53

Le Bourget, França, 12 dez 2015 (AFP) - Seis anos após o encontro decepcionante de Copenhague, as intensas negociações para limitar o aquecimento global estavam próximas de seu fim neste sábado, com a apresentação, prevista para o final da manhã, do projeto de acordo às delegações de 195 países reunidas perto de Paris.

Após a releitura do texto, a presidência da Conferência do Clima (COP21) anunciou durante a noite a finalização de um texto de compromisso, que ainda precisa ser aprovado por consenso.

Laurent Fabius, ministro francês das Relações Exteriores e presidente desta COP21, apresentará o projeto de acordo às 11h30 (8h30 de Brasília) durante uma sessão plenária, após a tradução para as seis línguas da ONU.

O presidente francês, François Hollande, deverá comparecer em Bourget, perto de Paris, para esta sessão e poderia "intervir", segundo o palácio do Eliseu.

Se o acordo não suscitar grandes objeções, uma nova plenária será convocada algumas horas mais tarde para uma adoção formal, que não precisa de votação.

Em Paris, ativistas planejavam multiplicar suas ações (linha vermelha, reunião em frente à Torre Eiffel) para reiterar o seu apelo a um acordo ambicioso e justo, e prestar homenagem "às vítimas do aquecimento global".

No início da 21ª Conferência sobre o clima da ONU, 150 chefes de Estado e de Governo expressaram a urgência de tomar medidas contra um fenômeno que agrava as ondas de calor, secas, inundações, etc... e afeta principalmente os países pobres.

O aumento dos termômetros também ameaça a produtividade agrícola, os recursos marinhos e as reservas de água em muitas regiões. E quanto à subida dos oceanos, põe em perigo os Estados insulares, como Kiribati, e as comunidades costeiras.

Nos últimos dois dias, telefonemas foram feitos entre chefes de Estado, incluindo da China, Estados Unidos, França, Índia e Brasil, para garantir o prosseguimento das discussões.

Na noite de quinta-feira para sexta-feira, uma reunião de negociação viu as posições de alguns países endurecer, aumentando os temores de um bloqueio.

"Sobre um assunto tão complexo, cada um não terá 100% do que quer. Quando existem 195 países, se cada um exige 100%, eventualmente, todo mundo terá 0%", avisou Laurent Fabius.

Mais pobres otimistas Esse pacto, que entra em vigor em 2020, deve acelerar um movimento de redução do uso de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás), promover as energias renováveis e modificar o manejo de florestas e terras agrícolas.

Os problemas nas negociações ressurgiram após a apresentação de um novo projeto de acordo deixando em aberto os três temas "mais complexos", segundo Laurent Fabius: a "diferenciação" (repartição de esforços entre países desenvolvidos e em desenvolvimento), "financiamento" e "ambição" do acordo.

Sobre este último ponto, o projeto atual estabelece uma meta de aquecimento global "bem abaixo" de 2°C em relação aos níveis pré-industriais e "o prosseguimento dos esforços para limitar o aumento a 1,5°C".

Este limite de 1,5°C é uma reivindicação de uma centena de países, principalmente das nações insulares, ameaçados pela elevação do nível do mar.

Para chegar a um consenso, a presidência francesa precisava encontrar um equilíbrio delicado entre as "linhas vermelhas". Para este fim, Laurent Fabius realizou novas consultas na sexta-feira em seu escritório.

"Você não pode pedir ao Lesoto que tem as mesmas obrigações que a Polônia, ou a Botswana a ter as mesmas que os Estados Unidos", ressaltou na sexta-feira Nozipho Mxakato-Diseko, embaixadora sul-africana e porta-voz do grupo de países pobres e emergentes.

Quanto às finanças, o pré-acordo especifica que o compromisso de 100 bilhões de dólares por ano dos países ricos aos países do sul a partir de 2020 é um "piso", e que os países desenvolvidos apresentarão "periodicamente metas quantificadas".

Neste sábado de manhã, os países menos desenvolvidos disseram estar "otimistas" sobre o conteúdo do projeto de acordo final, expressando "confiança" no fato de que ele reflete suas reivindicações.

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