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Novo gasoduto entre Rússia e Alemanha gera discussão em cúpula europeia

18/12/2014 17h34

Bruxelas, 18 dez 2015 (AFP) - O projeto anunciado pelo gigante russo de gás Gazprom de construir um novo gasoduto entre Rússia e Alemanha provocou nesta sexta-feira um "debate vigoroso" carregado "de emoção" durante uma cúpula europeia, onde vários países criticam Berlim pelo projeto, afirmou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

Em coletiva de imprensa, Tusk afirmou que "vários líderes" europeus levantaram esse tema, que segundo ele foi discutido de forma "vigorosa" durante a cúpula, uma "discussão com muita emoção".

Um desses líderes foi o italiano Matteo Renzi, que dirigiu suas críticas à colega alemã Angela Merkel.

"A amizade e o respeito que tenho pela chanceler alemã não impede de fazer perguntas", disse Renzi.

"Disse que queria que fosse discutido, e foi uma bela discussão, muito interessante", acrescentou.

A Gazprom anunciou em setembro a criação de um consórcio com os grupos alemães BASF e E.ON, o francês Engie, o austríaco OMV e o anglo-holandês Shell para trabalhar no projeto Nord Stream 2, um gasoduto entre a Rússia e a Alemanha destinado a aumentar a chegada do gás russo à UE.

Esse projeto foi anunciado mais de um ano depois da suspensão do projeto South Stream, no qual participavam o italiano ENI, o francês EDF e o alemão Wintershall.

Em junho de 2014, a Comissão Europeia pediu à Bulgária suspender a construção do gasoduto "até que esteja conforme o direito europeu" no que se refere às regras sobre as licitações públicas.

Essa decisão aconteceu em plena crise entre a UE e a Rússia por causa da Ucrânia. Com o gasoduto South Stream, a UE evitava que o gás transitasse pela Ucrânia, uma medida em contradição com o apoio diplomático a Kiev em relação a Moscou.

Para evitar que haja novos "erros" sobre a legislação europeia, os dirigentes expressaram em suas conclusões da cúpula que "toda nova infraestrutura [energética] deve cumprir os requisitos do terceiro pacote energético [da UE] e toda a legislação aplicável na UE assim como os objetivos da União Energética".

O projeto anunciado em setembro permitiria aumentar as capacidades do atual North Stream, gasoduto em operação desde 2011, reduzindo o trânsito do gás pela Ucrânia.

Por outro lado, o bloco europeu não contribuiria para a diversificação do fornecimento energético, um dos objetivos da União Energética.

Nesta sexta, a UE prorrogou por seis meses as sanções adotadas contra a Rússia por sua implicação na crise ucraniana, medida que a Itália vem bloqueando a última semana à espera desse debate sobre o Nord Stream com seus colegas.

A Comissão Europeia deve pronunciar-se agora sobre os aspectos legais do projeto anunciado pela Gazprom.