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Parlamento grego aprova segundo pacote de medidas para novo resgate

Antes da votação, Tsipras disse que está determinado "a não abandonar o bastião" do governo e a prosseguir com a "batalha" para melhorar as condições do plano de resgate firmado com os credores - Marios Lolos/Xinhua
Antes da votação, Tsipras disse que está determinado "a não abandonar o bastião" do governo e a prosseguir com a "batalha" para melhorar as condições do plano de resgate firmado com os credores Imagem: Marios Lolos/Xinhua

Em Atenas

22/07/2015 23h19

O Parlamento grego aprovou nesta quinta-feira (23, horário local) o segundo pacote de reformas requeridas pelos credores da Grécia para conceder uma nova ajuda financeira ao país, apesar das deserções registradas entre os aliados do primeiro-ministro, Alexis Tsipras.

O governo obteve 230 votos a favor entre os 298 presentes, sendo que 63 deputados votaram contra e 5 se abstiveram na consulta sobre a reforma do código civil e de uma diretriz europeia sobre os bancos.

Ao que parece, 31 deputados do Syriza, o partido de Tsipras, votaram contra o projeto, seis se abstiveram e um não compareceu.

Aos votos da coalizão de governo (que inclui os deputados do Syriza e seus aliados nacionalistas Gregos Independentes) se somaram os da oposição socialista (Pasok) e da direita (Nova Democracia).

Os 300 deputados gregos haviam iniciado às 20h local (14h de Brasília) o exame urgente do novo pacote de reformas, incluído no acordo com Bruxelas sobre um novo socorro.

Ao discursar antes da votação, Tsipras disse que está determinado "a não abandonar o bastião" do governo e a prosseguir com a "batalha" para melhorar as condições do plano de resgate firmado com os credores.

"A presença da esquerda no governo é um bastião para a defesa dos interesses do povo e está descartada a minha saída voluntária", declarou o primeiro-ministro sobre as previsões de dias difíceis para a situação, após a debandada de deputados opostos ao acordo com os credores.

"Não seremos covardes e combateremos com determinação as batalhas que temos pela frente", garantiu o premier aos parlamentares que votarão sobre um segundo pacote de medidas exigidas pelos europeus e o FMI.

"Fomos submetidos a um difícil compromisso (...) Chegamos aos limites da nossa economia, do nosso sistema bancário e até aos limites da Europa, onde dominam forças conservadoras que têm obsessão pela austeridade", mas "vamos explorar todas as possibilidades de aliança na Europa, e as divisões, para melhorar o texto final do acordo", prometeu Tsipras

O premiê destacou que "já não se discute se haverá a reestruturação da dívida pública do país, e sim até onde ela será reestruturada", e pediu a seus partidários que se "adaptem às novas realidades", lembrando que a batalha na Grécia se dará especialmente contra a corrupção e o clientelismo. "Acredito e sem acreditei que não se pode culpar os estrangeiros por nossos problemas".

A Grécia e seus credores fecharam em 13 de julho um acordo que obriga o governo a adotar duras medidas de ajuste em troca de um terceiro resgate financeiro, que pode se concretizar antes do fim de agosto.

Entre as medidas aprovadas está a adoção de uma diretriz europeia para que os bancos garantam seus depósitos até 100.000 euros.

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu na segunda-feira aumentar novamente o montante dos empréstimos de urgência (ELA) aos bancos gregos, sua única fonte de financiamento, segundo a agência Bloomberg.

"Agora a prioridade é normalizar o sistema [financeiro] e ao mesmo tempo proteger os cidadãos que têm renda baixa", disse Tsipras à agência de imprensa Ana depois de uma reunião com os banqueiros.

O principal objetivo de Tsipras é chegar a um acordo sobre o resgate antes de 20 de agosto, dia em que o governo tem que pagar 3,19 bilhões de euros ao Banco Central Europeu.

"Falar da segunda quinzena de agosto [para chegar a um acordo] é um bom intervalo", confirmou de Bruxelas o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici.

O novo resgate financeiro durará a princípio três anos e será superior a 80 bilhões de euros.

A Grécia já recebeu nesta segunda-feira um empréstimo de urgência de 7,16 bilhões de euros que lhe permitiu pagar suas dívidas com FMI e com o Banco Central Europeu.