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Após 20 anos na OMC, economia da China é mais estatal do que nunca, segundo os EUA

Bandeiras dos EUA e da China em Xangai, por ocasião de encontro de delegação comercial norte-americana com autoridades chinesas - Aly Song
Bandeiras dos EUA e da China em Xangai, por ocasião de encontro de delegação comercial norte-americana com autoridades chinesas Imagem: Aly Song

Da AFP

16/02/2022 09h40Atualizada em 16/02/2022 10h02

Vinte anos após sua adesão à Organização Mundial do Comércio (OMC), a China não conseguiu adotar as regras da instituição e, inclusive, "ampliou" sua abordagem estatal na economia, o que provoca prejuízos a empresas e trabalhadores de todo o mundo, lamentou nesta quarta-feira o governo dos Estados Unidos.

"A China também tem um longo histórico de violar, ignorar e evitar as normas OMC para alcançar seus objetivos de política industrial", denuncia em um relatório ao Congresso o gabinete da Representante Comercial de Estados Unidos (USTR), a embaixadora Katherine Tai, que também acusa Pequim de não cumprir os compromissos comerciais assumidos em um acordo bilateral assinado com o governo americano anterior, em janeiro de 2020.

A OMC, com sede em Genebra, Suíça, busca fazer cumprir as regras que governam o comércio internacional, promovendo especialmente a concorrência justa e o livre comércio.

Quando a China entrou para a OMC em 2001, Pequim afirmou que adotaria os princípios da concorrência justa e do livre comércio, pilares da organização com sede em Genebra (Suíça), afirmou Tai.

"Mas, em vez disso, a China manteve e ampliou sua abordagem estatal da economia e do comércio", destaca.

"Está claro que, ao seguir esta abordagem, as políticas e práticas da China desafiam a premissa das regras da OMC e causam sérios danos a trabalhadores e empresas em todo o mundo", acrescentou.

O governo dos Estados Unidos denuncia há vários anos as práticas chinesas, como os subsídios às empresas públicas.

Pequim também é acusada de roubo de propriedade intelectual e de forçar a transferência de capacidades e tecnologia de empresas estrangeiras em troca de acesso a seu enorme mercado.

A denúncia dessas práticas ocorreu no início da guerra comercial lançada em 2018 pelo ex-presidente dos EUA Donald Trump contra o gigante asiático com a imposição de duras tarifas.

A USTR afirmou nesta quarta-feira que os Estados Unidos também pressionaram a China a honrar os compromissos bilaterais.

Mas o relatório de 72 páginas aponta apenas avanços "isolados" e lamenta que as promessas da China de mudar sua abordagem não tenham sido bem-sucedidas.

Os compromissos assumidos por Pequim em janeiro de 2020 como parte da primeira fase de um acordo bilateral concluído com o governo Trump também não foram respeitados, observa.

"A China ainda não implementou alguns dos compromissos mais significativos que assumiu no acordo de Fase Um, como seus compromissos na área de agricultura biotecnológica", indica o relatório.

Também está longe de cumprir suas promessas de compras de bens e serviços americanos em 2020 e 2021.

Além disso, "a realidade é que este acordo não abordou significativamente as preocupações mais fundamentais que os Estados Unidos têm com as políticas e práticas estatistas da China e seu efeito prejudicial sobre a economia americana e sobre os trabalhadores e empresas americanas", acrescenta.

Washington inclui os setores de aço, alumínio, energia solar e pesca entre os afetados pelas práticas chinesas que considera injustas.

A USTR enfatiza que os Estados Unidos buscam agora uma "abordagem estratégica multifacetada", sem abandonar as negociações, mas também sem descartar medidas de retaliação.

"A China é um importante parceiro comercial, e todos os caminhos para uma mudança real em seu regime econômico e comercial devem ser usados", conclui.