Análise: Qual o futuro da economia argentina?
BUENOS AIRES, 14 DEZ (ANSA) - O novo presidente argentino, Mauricio Macri, cumpriu, ainda em sua primeira semana, a promessa de campanha de eliminar o polêmico imposto às exportações de cereais -- como trigo, carnes, entre outros --, exceto a soja, assim como de produtos industriais.
Com a medida, o presidente se aproxima de setores rompidos com o kirchnerismo e dá um sinal claro de que deve conduzir seu governo de forma bastante diferente de como fez sua antecessora, Cristina Kirchner.
Em sua primeira reunião com o setor industrial, após se encontrar pela manhã com agricultores, Macri declarou que "não existem mais desculpas, agora depende de nós. Todos terão um sistema que os incentive a exportar".
Brasil
Com a queda dos impostos sobre exportações, Macri dá mais um passo em direção à aproximação do Brasil, uma de suas propostas de campanha, reiterada em dezenas de oportunidades.
Os brasileiros sempre foram os maiores importadores de trigo e poderão voltar a comprar o cereal do país vizinho, após ter procurado o produto em outras fontes nos últimos anos.
O kirchnerismo manteve os impostos altos na tentativa de estimular o consumo local e manter baixos os preços destes artigos dentro do país. A medida pode reaquecer e revitalizar as relações comerciais bilaterais.
Recentemente, o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Armando Monteiro, disse que Macri, dá "sinais claros" de que uma parceria com o Brasil é "fundamental e estratégica" para seu país. O novo ministro de Finanças, Alfonso Prat-Gay, já disse que o Brasil é chave para o restabelecimento da Argentina e que isso é uma prioridade para o governo Macri.
Se ele continuar cumprindo suas promessas de campanha, em breve devem ser reestruturadas as restrições comerciais que tanto irritam as relações não somente com o Brasil, mas também com outros países do Mercosul, como o Uruguai.
Atualmente, o Brasil é o maior parceiro comercial da Argentina, sendo o principal destino de suas exportações e fornecedor de produtos. No ano passado, o intercâmbio bilateral alcançou a marca de US$ 28,4 bilhões.
Demais mudanças
A tarefa de revitalizar a economia argentina não será fácil. Macri assumiu um país que sofre com altos índices de inflação, um crescimento econômico fraco nos últimos anos, um déficit fiscal muito grande e uma dívida pública que aumentou consideravelmente recentemente.
Isso levando em conta que diversos dados econômicos, especialmente relacionados à inflação, foram maquiados pelas instituições oficiais. Os novos representantes escolhidos por Macri para coordenar essas pesquisas disseram que o Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec) "é um terra arrasada".
A ex-presidente também foi acusada de perseguir opositores, como o conglomerado "Clarín", que teve que ser desmembrado em meio à polêmica "Lei de Mídia", espantando investimentos externos e causando a saída de diversas empresas do país.
Ainda na área econômica, Macri promete abandonar a banda cambial (regime no qual o câmbio flutua dentro de limites estabelecidos pelo governo) de forma imediata.
O ex-prefeito de Buenos Aires, um dos maiores opositores ao kirchnerismo nos últimos anos, assumiu sem maioria no Congresso e precisa do apoio dos legisladores para conseguir as mudanças que defendeu durante sua campanha eleitoral.
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