Acordos, música e canapés: o que realmente acontece no Fórum de Davos
Chegou aquele momento do ano em que os mais ricos, poderosos e famosos se reúnem em uma cidadezinha nos Alpes suíços para discutir grandes questões e tentar dar uma ajeitadinha no mundo.
O Fórum Econômico Mundial surgiu de uma pequena conferência nos anos 70, quando foi lançado pelo acadêmico Klaus Schwab, para se tornar um evento com mais de 2.500 participantes, mil deles presidentes de companhias e 40 líderes mundiais.
Neste ano, nomes como o ator Leonardo DiCaprio, o cantor Will.i.am e o piloto de Formula 1 Sebastian Vettel dividem as atenções com figurões como Bill Gates, Bono Vox, o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras e seu colega canadense, Justin Trudeau.
A presidente Dilma Rousseff, que desde que assumiu a Presidência em 2011 só esteve no evento em 2014, não vai. Mandou o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, que fala a executivos na quinta-feira (21). Ele será o único representante do primeiro escalão do governo.
A crise dos refugiados, as mudanças climáticas e o aumento dos juros internacionais estão entre os grandes temas a serem debatidos no evento deste ano.
Como é e o que acontece em Davos?
Como você deve imaginar, há muitas reuniões, com diversos graus de sigilo. Há os encontros públicos, aos quais qualquer pessoa presente pode ir. Há os fechados, que recebem apenas os credenciados. E há, ainda, os privados, que ninguém fica sabendo que ocorreram. É nestes últimos que grandes acordos são costurados.
Mas o que realmente acontece lá?
Além das reuniões, há também muitas festas –que, na maioria, não são pagas pelos presentes. Corporações convidam para drinques e jantares, uma oportunidade de ampliar as redes de negócios de seus executivos junto a políticos e outras estrelas do evento.
Eventualmente, uma grande banda aparece –caso do The Killers, que tocou no evento do ano passado. Mas, apesar da boca livre, não imagine festas de arromba. Em Davos, festa –ou show– significa salto alto, gravata e canapé.
Então, é só falação e dança, certo?
Talvez. Mas a ideia do encontro é engatilhar ideias e conversas –não há a pretensão de resolver problemas lá mesmo. Talvez o melhor desdobramento de um Fórum Mundial tenha ocorrido em 1980, quando a Turquia anunciou que não entraria em guerra com a Grécia, após uma escalada nas tensões dos dois antigos inimigos.
O então primeiro-ministro turco Turgut Ozal encontrou o seu par grego, Andreas Papandreou, e achou que podia relaxar.
Mais recentemente, o Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), uma alternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional, foi concebido durante uma conversa entre os economistas Nicholas Stern e Joseph Stiglitz em 2011.
Tenho ideias que podem interessar a Bill Gates, como faço para ir?
Bom, ou você é convidado –e, para isso, supondo que você não seja nem líder mundial, nem executivo de uma grande companhia, você teria que estar à frente de uma ONG ou empresa socialmente relevante. Ou sua empresa teria que pagar cerca de R$ 120 mil, mais um título de membro do Fórum, e custear a estadia em um hotel (caríssimo) em Davos.
Uma famosa empresa de investimentos gasta ao menos R$ 3 milhões para manter seus executivos e clientes convidados felizes no evento. Se nada disso estiver ao seu alcance, você pode aparecer por lá em um trailer de acampamento e tentar comparecer aos eventos paralelos.
OK, supondo que eu descole um convitinho, o que preciso saber?
É um evento cheio e intenso. O dia em geral começa às 7h da manhã com convites para café da manhã e, se você tiver sorte, termina nas primeiras horas da manhã seguinte, em uma festa.
É frio, ou seja, vestimenta para esquiar soa como a roupa ideal. Mas, claro, trata-se de uma conferência. Então, logo que você entra, é quente. Portanto, saber como se vestir é um desafio. É uma questão de quantas camadas de roupa você pode usar e do tamanho da bolsa que vai carregar para guardar o que tiver que tirar ao entrar.
Ah, eu sabia que era um encontro para quem quer esquiar, certo?
Surpreendentemente, poucas pessoas acabam fazendo isso –e há informações de que as pistas de esqui locais ficam vazias.
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