Japão exibe no sábado seu 1º avião desde os anos 70, para disputar com Embraer
16 de outubro (Bloomberg) – Com a ajuda dos especialistas do trem-bala, o Japão está finalmente pronto para mostrar ao mundo o primeiro avião de passageiros fabricado pelo país desde a Segunda Guerra (1939-45). O avião chega com quase quatro anos de atraso.
A Mitsubishi Aircraft Corp. vai apresentar em Nagoya, no sábado (18), o Jato Regional Mitsubishi, seu avião de pequeno porte, após três adiamentos.
À espera estão clientes como All Nippon Airways (ANA) e SkyWest.
A Mitsubishi está construindo aviões de 78 ou 92 assentos, e planeja fazer o voo de estreia até o final de junho. O modelo de 92 lugares será lançado primeiro.
Japão e China querem quebrar domínio de Embraer e Bombardier
O Japão e a China lideram a corrida asiática para tentar quebrar o domínio da Embraer e da Bombardier no mercado de aviões de passageiros de pequeno porte.
O avião chinês também está atrasado. Com isso, o jato da Mitsubishi será como um teste para saber se um novo participante conseguirá entrar no restrito grupo de fabricantes de aviões.
A Boeing e sua rival Airbus bloquearam o mercado para aviões de grande porte.
"O lançamento é um passo positivo, especialmente útil para o marketing", disse Richard Aboulafia, vice-presidente da Teal Group, uma consultoria com sede em Fairfax, na Virgínia. "A carteira de pedidos do jato regional da Mitsubishi mostra um bom começo para uma nova fabricante." Porém, segundo ele, "a empresa precisa provar que pode ser competitiva mesmo contra a líder do mercado”.
Metade do Mercado
A Mitsubishi Aircraft quer abocanhar metade do mercado mundial de aviões de menor porte nos próximos 20 anos.
A Bombardier foca em seus novos jatos CSeries, com capacidade para transportar até 160 passageiros. O projeto da Bombardier também está atrasado.
A frota mundial de jatos que comportam entre 70 e 130 passageiros deve passar de 3.850, no ano passado, para cerca de 6.580, até 2033, segundo estimativas da Embraer. A empresa brasileira também está atualizando seus jatos com novos motores para tirar proveito desse aumento na procura.
A China e a Rússia também estão na disputa por encomendas de aviões menores. A China deve entregar seus primeiros aviões ARJ21-700 para a Chengdu Airlines até o final deste ano, se conseguir as certificações necessárias, informou o jornal “China Daily” em dezembro.
O Sukhoi SuperJet 100, da Rússia, construído em parceria pela Sukhoi, com sede em Moscou, e a unidade da italiana Finmeccanica, começou a voar comercialmente com a OAO Aeroflot em 2011.
Carteira de encomendas
Uma vantagem da Mitsubishi é sua carteira de encomendas. A empresa tem pedidos firmes para 407 jatos. Três companhias aéreas tornaram-se clientes neste ano, elevanto o total para seis. A primeira foi a ANA.
A Mitsubishi Aircraft, com sede em Nagoya, lançou mão de gerentes de projeto da Mitsubishi Heavy Industries para aumentar o controle do desenvolvimento do jato regional. A empresa aumentou o número de engenheiros no projeto em 30%, para 1300, disse o presidente Teruaki Kawai, no início deste ano. O objetivo é prevenir gargalos de desenvolvimento que já atrasaram o lançamento do avião em cerca de quatro anos.
Turboélice japonês YS-11 deixou de ser produzido em 1973
A Mitsubishi anunciou, em 2008, que iria começar a construir o primeiro avião de passageiros do Japão e já adiou por três vezes a data dos voos de teste. A empresa espera que a procura global por jatos de menor porte seja de cerca de 5.000 aviões até 2030.
O jato é o primeiro avião de passageiros de fabricação japonesa desde o turboélice YS-11, que voou pela primeira vez em 1962 e parou de ser produzido em 1973. O avião de 60 lugares foi desenvolvido pela Mitsubishi Heavy, Kawasaki Heavy Industries e a Fuji Heavy Industries, juntamente com o governo.
A Mitsubishi Heavy, junto com a Fuji Heavy Industries, também fabricou os caças "Zero" usados na Segunda Guerra Mundial.
A japonesa Honda Motor também está desenvolvendo um avião de menor porte, que comporta até seis passageiros, e deve ser entregue aos clientes em setembro de 2015. A empresa diz que já recebeu pedidos para dois ou três anos para o que chama de “carros esportivos voadores".
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