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Ei, otimistas do setor automotivo, a BMW vem se protegendo contra o euro há anos

Sofia Horta e Costa

17/03/2015 12h25

(Bloomberg) -- A queda de 12 por cento do euro deste ano iniciou a maior recuperação da história nas fabricantes de veículos e ajudou a empurrar o DAX Index para acima de 12.000 pontos. A demanda por modos de proteger esses ganhos também está subindo.

As opções de compra de ações da BMW AG e da Volkswagen AG são as mais caras em mais de dois anos em relação às do Euro Stoxx 50 Index e os contratos da Daimler AG atingiram o preço mais alto desde outubro de 2013, segundo dados compilados pela Bloomberg. As três empresas recuperaram mais de 36 por cento neste ano.

As fabricantes de carros se tornaram as ações mais quentes da Europa, em parte porque os traders apostam que o euro mais fraco se traduzirá em lucros mais elevados. Mas investidores como Dirk Thiels, da KBC Asset Management, dizem que o avanço pode ter ido longe demais, em parte porque as proteções cambiais das empresas limitarão o benefício nos lucros.

"O efeito do euro mais fraco só virá mais tarde e mais lentamente do que o mercado está esperando", disse Thiels, chefe de gestão de investimentos da KBC, por telefone, de Bruxelas. "As pessoas precisam ser cuidadosas com suas expectativas. Poderíamos ter algumas decepções nos lucros do primeiro trimestre".

O programa de flexibilização quantitativa do Banco Central Europeu, que provocou a espiral negativa da moeda da zona do euro, ajudou a desencadear entradas de capital recordes em um fundo que monitora ações das empresas automotivas no mês passado. O euro fraco torna os produtos europeus mais competitivos no exterior, o que pode levar a uma demanda mais alta ou a margens de lucro mais amplas.

Salto de 24%

A recuperação das ações da BMW, da Volkswagen e da Daimler colocou suas avaliações em níveis que não eram vistos há quatro anos e elevou o DAX em 24 por cento em 2015, maior incremento dos 24 mercados desenvolvidos. Embora os analistas digam que o lucro anual subirá 9 por cento na BMW, 10 por cento na Volkswagen e 17 por cento na Daimler, essas estimativas representam uma taxa de crescimento mais lenta do que a de 2014, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A BMW gerenciou os riscos cambiais aumentando a produção fora da zona do euro, o que incluiu novas fábricas nos EUA, na China e no Brasil. Tanto a BMW quanto a Mercedes-Benz, da Daimler, montam a maior parte de seus modelos SUV populares em fábricas nos EUA.

Em 2013, a BMW usou derivativos como cobertura para 60 meses de vendas em moeda estrangeira, segundo seu relatório anual para o ano. A BMW fornecerá sua projeção para 2015 na quarta-feira, após informar, na semana passada, um aumento do lucro anual.

Reduzir o impacto

A Volkswagen utiliza instrumentos semelhantes para reduzir o impacto das taxas de câmbio, dizendo neste mês que usa mais contratos com vencimentos de um a cinco anos do que instrumentos de curto prazo para se proteger contra as flutuações do euro.

A Daimler protegeu 80 por cento de seus riscos para este ano e prevê um ganho cambial de até 500 milhões de euros (US$ 530 milhões), disse um porta-voz. A empresa está se cobrindo menos para 2016 e terá mais benefícios se o euro continuar fraco, disse ele.

Representantes da BMW e da Volkswagen não responderam a e-mails e telefonemas em busca de comentários para esta reportagem.

Para Peter Garnry, chefe de estratégia acionária do Saxo Bank A/S em Hellerup, Dinamarca, o risco de decepção é grande.

"As expectativas estão tão altas que se o crescimento dos lucros, a princípio impulsionado por grandes ganhos no câmbio, não chegar conforme o programado, então as ações europeias de exportação serão liquidadas -- e rapidamente --", disse ele.

Título em inglês: Hey Auto Bulls, BMW Has Been Hedging Against The Euro For Years

Para entrar em contato com o repórter: Sofia Horta e Costa, em Londres, shortaecosta@bloomberg.net.