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Dona da TAM mira operação no nordeste para concorrer com portuguesa TAP

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Imagem: Divulgação

Christiana Sciaudone

21/05/2015 17h15

(Bloomberg) - A Latam Airlines Group SA, a maior companhia aérea da América Latina, está planejando criar um centro de operações internacional no nordeste do Brasil, visando aproveitar a demanda por voos com destino à Europa e concorrer com uma rival portuguesa.

A criação do centro de operações em Natal, Fortaleza ou Recife daria aos passageiros um acesso mais fácil e direto para cruzar o Atlântico, ao invés de centralizá-los na cidade de São Paulo, ao sul. Isso também implicaria maior agilidade nos prazos deentrega, o que cortaria os custos pela metade, disse Claudia Sender, CEO da TAM, unidade brasileira da Latam.

A nova base regional confrontará a Latam, com sede em Santiago, com a TAP SGPS SA, com sede em Lisboa, que tem mais rotas entre o Brasil e a Europa do que qualquer outra companhia aérea e opera nas três cidades que estão sendo avaliadas pela Latam.

O governo português vai vender a TAP e já recebeu ofertas da Synergy Group, empresa dirigida pela família Efromovich e que é dona da Avianca Brasil, e da Azul SA, a operadora brasileira criada pelo fundador da JetBlue Airways, David Neeleman.

"Achamos que a demanda potencial no nordeste vai muito além do que se observa hoje", disse Sender, em uma entrevista na sede da Bloomberg em São Paulo. "Com um centro de operações no nordeste, poderemos usar melhor nossos ativos e nosso capital, além de oferecer mais destinos aos nossos passageiros".

Sender estima que mais 1,5 milhão de passageiros vai embarcar nas novas rotas da Latam, que incluirão 10 destinos europeus. Hoje, a TAM oferece voos a Londres, Paris, Frankfurt, Milão, Madri e, em breve, Barcelona.

A localização do centro de operações será definida até o fim do ano e os voos devem começar por volta de dezembro de 2016, disse Sender.

Fadiga de pilotos

Um porém é a nova lei que está sendo analisada no Brasil para regular a fadiga de pilotos, e que poderia elevar os custos operacionais em R$ 1 bilhão (US$ 329 milhões) anualmente porque exigiria a contratação de mais funcionários, disse Sender, em uma entrevista coletiva no mês passado.

Essa mudança impossibilitaria que a Latam concorresse com as companhias aéreas internacionais e os planos para o novo centro de operações seriam cancelados, disse ela.

"Nossas tripulações voariam menos e isso inviabilizaria o centro de operações", disse Sender na entrevista. No Brasil, a maioria das tripulações voa de 60 a 70 horas por mês e o limite máximo permitido pela lei é de 80 horas. Isso se compara com o limite de 120 horas no Oriente Médio, disse ela.

A TAM poderia solicitar aviões regionais, inclusive aeronaves da Embraer SA, se os planos para o centro de operações se concretizarem.

"Só então vamos saber quais são as nossas necessidades em termos de frota", disse Sender.