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BMW impulsiona desenvolvimento de carro movido a célula de combustível com primeiros testes de rua

Elisabeth Behrmann

02/07/2015 15h01

(Bloomberg) -- A BMW AG testará um veículo movido a hidrogênio pela primeira vez em vias públicas neste mês. A fabricante alemã busca expandir a oferta de modelos não poluentes após o lançamento do i3, que é impulsionado por bateria, em 2013.

A empresa planeja "um veículo tecnicamente maduro e pronto para o cliente em algum momento depois de 2020", disse Matthias Klietz, chefe de pesquisa de conjuntos de motor e transmissão da empresa, a jornalistas, na pista de testes da BMW em Miramas, na França. "Esperamos que entre 2025 e 2030 os carros a célula de combustível tenham uma presença estabelecida, mas ainda restam desafios como, por exemplo, a construção da infraestrutura de reabastecimento".

A BMW está desenvolvendo células de combustível com a parceira japonesa Toyota Motor Corp. e fez a demonstração de um protótipo do Série 5 Gran Turismo que utiliza a tecnologia conjunta das empresas, em Miramas, na quarta-feira. O modelo faz parte do esforço multibilionário do setor automotivo para criar configurações alternativas de alimentação e melhorar o uso de combustível para cumprir as regras de emissões de poluentes, cada vez mais estritas.

As células de combustível, que alimentam os veículos espaciais desde os anos 1960, produzem eletricidade por meio da reação do hidrogênio com o ar, possibilitando uma autonomia maior em relação aos veículos movidos a bateria, e ao mesmo tempo emitindo apenas vapor d'água em vez de dióxido de carbono.

Entre as desvantagens estão a falta de postos de gasolina equipados para fornecer hidrogênio e o alto custo dos metais raros necessários para a tecnologia.

Discussões sobre infraestrutura

A BMW está negociando com outras fabricantes de carros e com governos e empresas de energia formas de agilizar a criação de uma rede de abastecimento, disse Axel Ruecker, que faz parte da equipe de desenvolvimento da tecnologia do hidrogênio da BMW, empresa com sede em Munique, durante a demonstração do protótipo. Na quarta-feira, a Toyota e suas concorrentes japonesas Nissan Motor Co. e Honda Motor Co. prometeram contribuir financeiramente para o desenvolvimento de uma rede de abastecimento de hidrogênio no país.

Em uma volta na pista de Miramas, o Gran Turismo foi dirigido como qualquer outro carro elétrico, exceto pelo assobio que se escuta durante uma aceleração mais forte, provocado pelo fato de a bomba passar hidrogênio e ar pelas células de combustível. A BMW também exibiu uma versão híbrida plug-in do seu Série 2 Active Tourer, estilo van, que deverá ir à venda no ano que vem, e um Série 1 compacto equipado com um motor convencional que utiliza injeção de água para aumentar a eficiência de combustível.

O Gran Turismo movido a célula de combustível tem uma autonomia de 500 quilômetros a cada abastecimento, mais do que o triplo dos 160 quilômetros do i3. As baterias do i3 levam pelo menos cinco horas para recarregar, contra cinco minutos do tanque de hidrogênio do protótipo.

'Tecnicamente' pronto

"Tecnicamente, estamos prontos para colocar os carros a célula de combustível nas ruas, mas por enquanto ele continua sendo muito caro", disse Ruecker. "Transformar a tecnologia de célula de combustível em realidade é uma tarefa não apenas das fabricantes de veículos, mas de toda a sociedade".

No início de 2018, a frota mundial de carros a célula de combustível será de apenas 8.400 unidades, contra um total de 1.275 no final deste ano, estima a Bloomberg New Energy Finance.

A BMW, maior fabricante de carros de luxo do mundo, chegou tarde à tecnologia de célula de combustível depois de focar, anteriormente, em motores movidos à combustão de hidrogênio, incluindo uma série limitada de sedãs Série 7, em 2005. Esse projeto passou por dificuldades no desenvolvimento de tanques de armazenagem para o combustível de hidrogênio líquido.

A concorrente Mercedes-Benz começou a trabalhar em células de combustível para veículos em 1994 e em 2009 iniciou a produção de uma versão de seu compacto Classe B que utiliza a tecnologia. A Toyota, maior fabricante de automóveis do mundo, iniciou em dezembro a venda do sedã Mirai a célula de combustível, por US$ 62.000. A empresa busca vender 3.000 unidades do carro nos EUA até 2017.

A BMW começou a cooperar com a Toyota em 2013, com cerca de 100 pessoas envolvidas no projeto de célula de combustível entre as duas empresas. As duas parceiras disseram na segunda-feira que planejam fabricar componentes a célula de combustível até 2020. A aliança inclui também o desenvolvimento compartilhado de um carro esportivo de tamanho médio.

Título em inglês: BMW Pushes Fuel-Cell Car Development With First Street Tests

Para entrar em contato com o repórter: Elisabeth Behrmann, em Miramas, França, ebehrmann1@bloomberg.net.