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China investiga suspeitas de violação de regras sobre negociação de ações

27/08/2015 12h19

(Bloomberg Business) - Perder US$ 5 trilhões na queda do mercado acionário da China em apenas dois meses é ruim. Contudo, comparada com a intensidade das oscilações dos preços, a corrida para venda não se destaca entre as crises anteriores do mercado.

A China agora tem as ações mais voláteis do mundo depois das da Grécia, mas as flutuações estão 30% abaixo da média de seis colapsos de mercados financeiros, como o 1929 nos EUA, o do Japão no começo da década de 1990 e o da Tailândia em 1997. O declínio de 43% registrado até o momento no Shanghai Composite Index parece modesto em comparação com o recuo de 78% do topo até a base durante a explosão da bolha das empresas pontocom em 2000 e com a queda de 84% no mercado russo depois do calote de 1998.

Embora os declínios tenham destruído uma fortuna equivalente à produção econômica combinada da Alemanha e da Itália e forçado uma intervenção governamental sem precedentes, é improvável que os efeitos adversos sejam tão severos quanto os de outras debacles econômicas mundiais. A maioria dos frenesis acionários anteriores foi causada por crises bancárias e calotes de dívidas. A queda das ações da China é, em grande parte, um ajuste dos preços a uma avaliação pouco séria depois de um crescimento de mais de 150%.

"A grande diferença é que há uma correção do mercado na China, mas não há uma crise financeira", disse David Loevinger, ex-especialista sobre a China do Tesouro dos EUA que agora é analista da gestora de fundos TCW Group Inc. em Los Angeles.

Impacto limitado

O impacto econômico será restrito porque o mercado acionário, dominado por investidores particulares, tem apenas uma função marginal de arrecadação de fundos para as empresas, segundo Loevinger. As ações responderam por cerca de 3% do total de financiamento neste ano, frente a 67% de créditos bancários, segundo dados do Banco Popular da China.

O Shanghai Composite Index perdeu 23% nos últimos cinco dias, o declínio mais acentuado desde 1996, aprofundando a depressão em andamento há dois meses pela preocupação de que as avaliações não estejam justificadas pela piora da perspectiva econômica. A volatilidade histórica do índice de ações de referência em 60 dias, uma medida das oscilações dos preços, subiu para 58%, o valor mais alto em 18 anos, mostram dados compilados pela Bloomberg.

Embora a agitação continue se desdobrando e a velocidade da corrida para venda tenha sido alta, a magnitude é inferior à de outras grandes crises. O Micex Index da Rússia despencou durante um período de doze meses quando a volatilidade pulou para 154% em outubro de 1998, dois meses depois que a administração do presidente Boris Yeltsin deu calote em US$ 40 bilhões de dívidas em rublos.

Históricos

As oscilações históricas dos preços no Standard Poor's 500 Index subiram para 75% em dezembro de 2008, quando o colapso da Lehman Brothers Holdings Inc. aprofundou a crise financeira mundial. O indicador acionário perdeu 57% em menos de dois anos até março de 2009.

O histórico do Shanghai Composite desde o começo do trading em 1990 está marcado por oscilações extremas. O indicador subiu cinco vezes entre o final de 2005 e o pico registrado em outubro de 2007, antes de desabar 72% até novembro de 2008. A medição dobrou menos de um ano depois de ter atingido o valor mínimo de 2008, depois perdeu mais de 40% por volta de junho de 2013. Nos últimos trinta dias, a referência continua registrando uma alta de 33%.

"Apesar de ter sido uma grande crise, não foi necessariamente uma crise que teria provocado efeitos abrangentes no mundo inteiro", disse Brian Jacobsen, que ajuda a administrar US$ 250 bilhões como estrategista-chefe de carteira da Wells Fargo Advantage Funds, em Menomonee Falls, Wisconsin.