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Cortes dependem de todos os exportadores de petróleo, diz Rússia

Ryan Chilcote, Stephen Bierman e Torrey Clark

29/01/2016 17h08

(Bloomberg) - A decisão de reduzir a produção de petróleo só será possível se todos os países exportadores de petróleo bruto estiverem de acordo e não há data marcada para as negociações, disse o ministro da Energia da Rússia, Alexander Novak.

"Estamos prontos para discutir a questão dos cortes nos volumes de produção de petróleo", mas não para uma decisão, disse Novak, em entrevista à Bloomberg Television na sexta-feira. "Estamos prontos para considerar a possibilidade caso haja um consenso. Se houver consenso, fará sentido".

A queda do preço do petróleo cessou após os comentários de Novak. Na quinta-feira, os preços fecharam na maior alta das últimas três semanas, depois que Novak disse que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e outros produtores poderiam se reunir para discutir a produção. Os traders buscaram sinais de cooperação entre os países produtores depois que o excesso de produção mundial de petróleo empurrou os preços para o nível mais baixo dos últimos 12 anos. Nesta semana, o líder da Opep pediu que os produtores de fora do grupo ajudem a reduzir a abundância de oferta, sinalizando mais uma vez que os membros do grupo não farão cortes na produção sozinhos.

"Não há nenhuma data definida" para uma reunião, disse Novak. "Até onde eu sei, eles estão discutindo isso com outros possíveis participantes". A Rússia já participou desse tipo de consultas antes e "nada de novo aconteceu", disse ele.

Pedido da Venezuela

Os preços do petróleo caíram desde que a Opep, chefiada por seu maior produtor, a Arábia Saudita, decidiu em 2014 que defenderia sua participação no mercado em vez de reduzir a produção quando a oferta começou a aumentar. Em dezembro, o grupo efetivamente abandonou o teto de produção, gerando temores de que o excedente aumentasse ainda mais. A Venezuela escreveu aos outros membros do grupo pedindo uma reunião de emergência, porque as receitas do governo estão definhando.

Novak disse ter confirmado que a Rússia participaria de qualquer negociação. Quatro representantes da Opep disseram ontem que nenhuma reunião foi agendada.

"É difícil dizer" se haverá uma reunião, disse Novak. Até esta semana, a Rússia, que depende da energia para mais de 40 por cento da receita de seu orçamento, tinha afirmado diversas vezes que seu objetivo é manter produção de petróleo estável, mesmo que os preços despenquem. Ainda assim, a queda do preço neste mês aumentou a pressão financeira sobre o país. O Ministério das Finanças diz que o déficit orçamentário do país - que em 2015 já era o maior dos últimos cinco anos - poderia aumentar ainda mais neste ano se a crise se aprofundar.

A reação do preço do petróleo na quinta-feira pode "não ter base", de acordo com Alexander Kornilov, analista da Aton em Moscou, que duvida que a Rússia encontre uma forma de cooperar com a Opep, já que nem os próprios membros do grupo se atêm aos acordos de produção. "As pessoas não aguentam mais tantas notícias ruins sobre o petróleo e estão famintas por qualquer declaração positiva, independentemente de soarem realistas ou não", disse ele.

A Rússia é o maior produtor de petróleo do mundo depois da Arábia Saudita, de acordo com dados do BP de 2014. O último encontro entre os dois países foi em novembro, e não houve nenhuma outra aproximação depois, disse Novak. "A posição da Arábia Saudita tem sido sempre, como eles afirmam publicamente, de que o mercado vai se equilibrar naturalmente com preços mais baixos para o petróleo", disse ele.

A Rússia poderia ajustar sua previsão de que a produção nacional de petróleo continuará estável em 2016, disse Novak, porque os preços caíram depois da última vez em que o Ministério da Energia coletou dados do setor.