IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Por que mais estudantes americanos estão fazendo faculdade fora

Sarah Grant

23/03/2016 10h39

(Bloomberg) -- Quando o estudante Michael Ferrante, que tem 21 anos e está no último ano da faculdade, voltou para Baltimore para terminar o curso após estudar em Berlim durante um ano, ele só estava arrependido de uma coisa: não ter se matriculado em uma faculdade da Alemanha desde o princípio.

"Foi infinitamente mais barato estudar em Berlim", disse Ferrante, que se formou na Universidade Johns Hopkins com diploma em língua alemã e literatura. No Ensino Médio, ele havia planejado estudar na Alemanha, mas se candidatou a universidades dos EUA porque estava mais familiarizado com as instituições americanas. "Eu sentia, como a maioria dos americanos, que as universidades da Europa continental não tinham o mesmo rigor acadêmico das principais universidades americanas", disse ele. "Mas segundo minha experiência na Alemanha, trata-se apenas de um tipo diferente de rigor".

E um tipo diferente de preço também. Ferrante conta que pagou US$ 500 por dois semestres na Humboldt e na Universidade Livre de Berlim e que gastou aproximadamente US$ 27.000, com ajuda financeira, pela mesma quantidade de tempo na Hopkins.

Mais estudantes americanos estão escolhendo estudar no exterior. No ano letivo 2013-2014, o número de estudantes dos EUA no exterior foi 72 por cento maior do que em 2000-2001, segundo um relatório do Instituto de Educação Internacional (IIE, na sigla em inglês). Muitos estudantes estão preferindo fazer mais de um semestre e estudar os quatro anos de faculdade em uma cidade estrangeira. O número de estudantes matriculados em faculdades fora de seus países aumentou 463 por cento de 1975 a 2012, apontou um relatório da Moody's no mês passado. O número de estudantes internacionais nos EUA cresceu 70 por cento desde 2005, segundo o relatório.   Apesar do crescente interesse na educação internacional, os americanos têm poucos guias para entender os processos universitários europeus, que variam de país para país. "Eu fiquei chocada por não existir um equivalente europeu ao Princeton Review ou ao Fiske Guide, porque há muita informação [nos EUA]", disse Jennifer Viemont, cofundadora do Beyond The States, um banco de dados de 350 universidades em 30 países que oferecem cursos de bacharelado com aulas em inglês. Jennifer iniciou o projeto quatro anos atrás, quando seu filho, que estava no Ensino Médio, demonstrou interesse em fazer faculdade no exterior. "Com exceção de sites específicos dos países, como StudyinSweden.com ou StudyinDenmark.com, não há muita literatura por aí", disse ela.

Fazer faculdade na Europa pode sair surpreendentemente barato para os americanos. Quarenta universidades públicas e particulares da Europa continental oferecem bacharelados gratuitos, com aulas em inglês, para americanos, disse Jennifer. Outras 98 instituições cobram menos de US$ 4.000 por ano, disse ela. As universidades europeias querem candidatos americanos porque podem cobrar valores mais elevados de moradores de fora da União Europeia. Os americanos que estudam na Europa ainda pagarão consideravelmente menos do que se estudassem em seu país, onde o valor médio interestadual cobrado pelas universidades particulares é de US$ 32.405 por ano, segundo o College Board. As únicas universidades europeias que praticam preços maiores são de propriedade de universidades americanas, como a American College, em Paris, e a Bard College, em Berlim, disse Jennifer.

Estudar na Europa, no entanto, tem seus custos. As universidades não possuem dormitórios como as americanas, disse Jennifer; o custo de vida fora do campus varia de acordo com a cidade e o país. Custos adicionais, como voos regulares para casa, podem sair milhares de dólares.

O fator que mais desestimula alguns americanos a estudar do outro lado do Atlântico é o medo de sacrificar a qualidade -- e as oportunidades de carreira norte-americanas. "A principal preocupação que as pessoas parecem ter é que um nome da Europa não tem o mesmo peso de um dos EUA, mas existe uma grande vantagem em se formar um ano antes e por uma fração do preço", disse ela. "Além disso, você tem a oportunidade de conhecer o mundo".