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Bancos japoneses revelam grande exposição ao setor de energia

Asjylyn Loder e Gareth Allan

09/06/2016 09h39

(Bloomberg) -- Os bancos japoneses, conhecidos pela aversão ao risco que os poupou do pior da crise de crédito, se transformaram silenciosamente em alguns dos maiores credores mundiais do setor de energia.

O Mitsubishi UFJ Financial Group, maior banco do Japão, revelou no mês passado que se tornou um dos maiores credores do setor de petróleo e gás, com 9,2 trilhões de ienes em exposição, ou cerca de US$ 85 bilhões -- US$ 45 bilhões a mais do que havia divulgado no fim do ano passado.

O Sumitomo Mitsui Financial Group não está muito atrás, com cerca de US$ 77 bilhões, e o Mizuho Financial Group tem cerca de US$ 48 bilhões, mostram cálculos baseados nos sites das empresas.

Os megabancos buscaram lucros no setor do petróleo durante o boom porque o encolhimento populacional no Japão e os anos de estagnação econômica minaram a rentabilidade dos empréstimos domésticos.

Embora o setor de energia represente uma fração de seus negócios, os empréstimos de liquidação duvidosa pesaram sobre os lucros. O MUFG prevê uma queda de 11% no lucro do ano cheio porque as taxas de juros negativas estão pressionando a rentabilidade dos empréstimos e aumentando os custos dos créditos inadimplentes.

"Pensava-se que os bancos japoneses não tinham nenhuma exposição e de repente eles estão entre as empresas mais expostas de todo o mundo", disse Nicholas Smith, estrategista da corretora CLSA em Tóquio que cobre ações japonesas há mais de 25 anos. "Talvez não devêssemos estar surpresos, considerando o esforço deles para conseguir exposição internacional".

Quanto mais tempo o petróleo permanecer próximo a US$ 50 o barril, pior ficará. O MUFG e o Sumitomo Mitsui divulgaram em maio que o custo dos empréstimos inadimplentes no setor de energia subiram nos últimos 12 meses para um total combinado de US$ 994 milhões.

O Sumitomo Mitsui disse que o número pode subir no ano que vem. O Mizuho não revelou os custos com crédito relacionados à energia.

"Considerando que rebaixamos mais de 100 empresas do setor de energia em todo o mundo desde dezembro de 2015, as exposições dos bancos relacionadas a energia e recursos neste ambiente incerto poderiam causar prejuízos que reduziriam seu capital", escreveu Raymond Spencer, analista da Moody's Investors Service em Tóquio, em nota de 19 de maio.

Com o aumento dos calotes, os investidores em bancos de todo o mundo vêm exigindo mais informações sobre crédito para o setor de energia. A exposição do MUFG deu um salto depois que o banco expandiu seu comunicado mais recente para incluir refinarias e dutos, tomadores de empréstimos que haviam sido deixados de fora de relatórios anteriores.

"Não acredito que emprestar de forma proativa para o setor de recursos naturais e energia seja, em si, um equívoco", disse Nobuyuki Hirano, presidente do MUFG, em entrevista coletiva, em 16 de maio, para discutir os resultados financeiros da empresa. Ele disse que o banco se preparou "apropriadamente" para possíveis prejuízos.

--Com a colaboração de Shingo Kawamoto