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GM e Mastercard querem que carros paguem contas

Olga Kharif

23/01/2017 12h19

(Bloomberg) -- A maioria dos consumidores ainda não sabe como pagar o café da manhã com o smartphone. Mas isso não impediu as fabricantes de veículos de adicionarem carteiras digitais também aos carros.

Os pagamentos a bordo, há tempos apenas um devaneio dos setores de pesquisa das grandes fabricantes de veículos, estão finalmente prontos para lançamento no mundo real nos EUA. A Honda Motor exibiu um protótipo na CES 2017, em Las Vegas, no início do mês, que permite que os motoristas paguem o estacionamento ou o combustível sem usar cartão de crédito. A General Motors e a Kia Motors poderão oferecer um recurso similar ainda neste ano. E a Volkswagen adquiriu a PaybyPhone, empresa provedora de pagamentos móveis de parquímetros, em acordo fechado no mês passado.

A ideia é fazer melhor uso dos 48 minutos que o americano médio passa no carro por dia. Inicialmente, a utilidade da tecnologia será limitada a itens como pedágios e drive-thrus dos restaurantes fast-food. Para os próximos 10 anos, com a popularização dos carros autônomos, as fabricantes de veículos preveem veículos que farão as vezes de grandes concentradores de comércio eletrônico, nos quais os consumidores comprarão roupas e produtos alimentícios que depois pegarão na calçada, no caminho do trabalho para casa.

"Todas as fabricantes de veículos estão em diferentes estágios de preparação, mas todas estão trabalhando nisso", disse Jim McCarthy, chefe global de inovação e parcerias estratégicas da Visa, que se une à Mastercard na corrida para disponibilizar recursos de pagamentos para as fabricantes de veículos. "Isto é conveniência, é como o Uber."

As fabricantes de veículos estimam que as carteiras digitais se popularizarão quando o número de automóveis conectados -- veículos com tecnologia embutida de satélite, celular, wi-fi ou bluetooth -- se expandir. Neste ano, o número global de veículos apenas com conectividade de celular subirá para 65,7 milhões, contra 40,4 milhões em 2016, segundo a empresa de pesquisa Gartner.

Parquímetros inteligentes

A infraestrutura por trás dos parquímetros, das bombas de combustíveis e dos restaurantes pode demorar um tempo para se adaptar. Os parquímetros -- que notificam os motoristas quando há vagas e que aceitam pagamentos -- podem estar entre os primeiros a aceitar pagamentos on-line, mas normalmente a atualização dos postos de combustíveis é mais cara e mais lenta. Mesmo assim, haverá 9,7 bilhões de conexões na chamada Internet das Coisas que serão usadas nas cidades inteligentes até 2020, contra 1,1 bilhão no ano passado, segundo a Gartner.

O maior obstáculo será convencer os consumidores a adotarem a tecnologia, considerando que os aplicativos de pagamentos pelo telefone já têm a liderança, disse Chetan Sharma, analista independente de conexões sem fio. Não surpreende que a Califórnia tenha a maior concentração de usuários iniciais dessa tecnologia incipiente, mas mesmo lá apenas cerca de 1 por cento das transações da Black Friday foram realizadas por meio de smartphones, segundo a empresa Cayan.