Cristina Kirchner pede garantias de negociação para pagar a todos os credores
Buenos Aires, 20 jun (EFE).- A presidente Cristina Kirchner expressou nesta sexta-feira a vontade da Argentina de pagar 100% dos credores da dívida, mas pediu garantias de poder negociar em condições "justas e equitativas".
A Argentina ameaçou não pagar parte de sua dívida depois de decisão da Justiça dos EUA contra a renegociação com credores. Com isso, o país disse que seria "impossível" pagar a dívida neste mês.
Durante os atos de celebração do Dia da Bandeira na cidade de Rosário, Cristina assegurou que essas condições são necessárias para a negociação, porque a Argentina já "deu mostras" de ser capaz de realizar os pagamentos.
"Nós queremos pagar 100% dos credores, os 92,4% que aceitaram a troca (de dívida entre 2005 e 2010) e também os que não. Só pedimos que nos gerem condições de negociação justas e de acordo com a Constituição argentina, as leis nacionais e os contratos que assinamos", ressaltou.
A governante reiterou que a Argentina "está disposta a dialogar, mas no marco das leis" e anunciou que deu instruções ao ministro da Economia, Axel Kicillof, para que os advogados que representam o país solicitem ao juiz nova-iorquino Thomas Griesa que gere as condições para chegar a um acordo "beneficente e igualitário".
"Há leis que é preciso cumprir aqui (na Argentina) e no país onde se gerou a sentença (Estados Unidos)", afirmou em alusão à decisão de Griesa, que deu a razão aos fundos especulativos que reivindicam à Argentina o pagamento íntegro de uma dívida de US$ 1,3 bilhão.
"Para mim seria muito fácil prometer a lua a qualquer um, como fizeram os que precederam Néstor (Kirchner) e eu, mas não contem comigo para fazer qualquer coisa, mas sim para fazer o que devo e cumprir com meu dever. E nunca rifar a pátria", acrescentou.
Cristina também pediu unidade de toda a classe política argentina para "sobrepor as bandeiras ideológicas e partidárias, e pensar primeiro na República Argentina e em seus próprios filhos".
A Argentina está em risco de moratória após a decisão adotada pela Suprema Corte americana, que na segunda-feira deixou fixada definitivamente uma sentença do juiz nova-iorquino Thomas Griesa que obriga o país a pagar aos fundos especulativos bônus no valor de US$ 1,3 bilhão, uma dívida que, com juros, chega a US$ 1,5 bilhão.
Dois dias depois, a Corte de Apelações de Nova York suspendeu as medidas cautelares ditadas por Griesa que impediam o embargo de ativos argentinos para pagar os fundos especulativos.
Os fundos denunciantes se recusaram a entrar nas trocas de dívida lançadas pela Argentina em 2005 e 2010, às quais aderiram mais de 92% dos credores.
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