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Agronegócio brasileiro minimiza dúvidas econômicas e investe em digitalização

Otávio Nadaleto

10/02/2017 22h31Atualizada em 13/02/2017 11h52

Cascavel, 10 fev (EFE).- Nem turbulências políticas internacionais, nem a crise econômica brasileira parecem assustar: no primeiro grande evento do agronegócio nacional no ano, as maiores empresas e entidades se mostraram otimistas em relação às suas perspectivas econômicas para 2017 em diante.

Na 29ª edição do Show Rural Coopavel, realizado na cidade de Cascavel (PR), mais de 500 estandes da iniciativa privada ou órgãos do governo foram montados para apresentar novidades, o que confere à feira o status de "termômetro" para o mercado, ditando tendências e indicando o possível cenário dos meses seguintes.

"A indústria tem passado por vários desafios: instabilidade econômica, incerteza - globalmente falando - mas ainda assim conseguimos dar um passo à frente, sendo que ano passado fomos muito bem sucedidos, conseguindo crescer acima da média", afirma o argentino Axel Labourt, diretor comercial da empresa de ciência e tecnologia Dow AgroSciences, que tem o Brasil como seu segundo mercado.

Segundo ele, ainda é cedo para tirar conclusões de movimentos como o Brexit ou a administração Trump, os grandes temas políticos de momento, mas a empresa busca trabalhar próxima aos governos, independente da tendência política, para obter o que for melhor para a comunidade local

"Nós continuamos investindo: especificamente no Brasil a Dow investiu US$ 100 milhões. Independente do ciclo econômico, o longo prazo é muito promissor", conclui o diretor.

Dentre as tendências do evento, destacam-se as soluções que prezam pela digitalização: diversos são os estandes que apresentam aplicativos, softwares ou sistemas móveis para auxiliar o agricultor.

A própria Dow está entre elas: os que visitavam o estande da empresa tinham a oportunidade de jogar em um simulador de realidade virtual, no qual aprendem a combater pragas e plantas daninhas utilizando produtos de seu portfólio.

Na mesma linha segue a alemã Bayer CropScience, que apresentou o app WeedScout; por meio do celular, ele permite identificar plantas daninhas de uma base que já conta com mais de 13 mil e imagens e ajuda o produtor a combatê-las.

"É um mecanismo prático e simples, conectado a um banco de dados, que o torna uma ferramenta de gestão e permite um cultivo inteligente", avalia Queiroz.

Segundo Everton Queiroz, gerente regional de vendas da empresa, investir em plataformas digitais é uma estratégia da Bayer para se aproximar do público, que deve ser cada vez mais explorada.

E não só a iniciativa privada se ampara neste setor de tecnologia para crescer: dentre as novidades apresentadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), também surgem aplicativos para aparelhos mobile.

É o caso do "Dr. Milho", que permite ao produtor acompanhar a germinação do milho em seus diferentes estados fenológicos, fornecendo dicas e possibilitando uma gestão inteligente da lavoura.

"O formato de aplicativo permite um acesso fácil ao público-alvo, no caso principalmente estudantes de agronomia, futuros profissionais da área, que têm bastante familiaridade com essas tecnologias", observa João Batista Guimarães, técnico agrícola da Embrapa.

Guimarães ainda disse acreditar que esta é apenas uma das muitas futuras ferramentas digitais desenvolvidas por órgãos público para o mercado agropecuário.

Segundo organização, a feira, ocorrida entre os dias 6 e 10 de fevereiro, deve ter recorde de público, superando as 235 mil pessoas, que devem gerar R$ 1,5 bilhão em negócios, números expressivos para corroborar com o otimismo dos que investem no setor.