Previsões do mercado não servem para pequeno investidor, dizem economistas
As previsões feitas pelo mercado como, por exemplo, o relatório semanal Focus, do Banco Central (BC), têm pouca utilidade para o pequeno investidor. Na maioria das vezes, elas servem apenas ao próprio mercado.
Pelo menos essa é a opinião de Homero Guizzo, economista da consultoria LCA, uma das empresas que participa do relatório do BC.
“Para o investidor pessoa física de médio porte ou para quem não é profissional do ramo, o boletim Focus não tem muita utilidade”, afirma Guizzo.
A opinião é compartilha pelo economista Antonio Corrêa de Lacerda, da PUC-SP. Segundo ele, o leigo deve olhar as previsões com “desconfiança”.
“Ele [o pequeno investidor] não deve encarar isso [o relatório] como uma verdade absoluta, mas, sim, como um indicador de tendência”, diz.
Para que serve?
Para Guizzo, da LCA, o relatório Focus é uma forma de o BC se comunicar com o mercado. “Os economistas de bancos e de consultorias conversam entre si e têm uma boa medida do que os outros estão pensando. O boletim Focus organiza essas opiniões de forma sintética”, afirma.
Já Lacerda critica a forma como o relatório é feito. “Não é uma opinião neutra. É uma opinião dos operadores do mercado, que têm os seus interesses e a sua própria visão do processo. A meu ver, isso é uma anomalia do Boletim Focus. Ele é muito centrado na opinião do mercado financeiro”, diz.
“Se eu sou operador do mercado e só eu dou opinião, é a mesma coisa que se eu fosse fazer uma pesquisa salarial e ouvisse apenas o sindicato dos trabalhadores. Qual que seria a tendência? Seria de elevação dos salários, claro”, argumenta.
O UOL Economia pediu uma entrevista com o responsável do BC pelo relatório Focus. Por meio de sua assessoria de imprensa, porém, o órgão informou que ninguém falaria a respeito do tema.
Em seu site, o BC afirma que "a Pesquisa de Expectativas de Mercado foi iniciada em maio de 1999, como parte da transição para o regime de metas inflacionárias. Seu objetivo é monitorar a evolução do consenso de mercado para as principais variáveis macroeconômicas, de forma a gerar subsídios para o processo decisório da política monetária".
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