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Mesmo com PIB fraco, juros sobem a 8%; poupança rende 5,6%

Do UOL, em São Paulo

29/05/2013 20h33Atualizada em 29/05/2013 20h41

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, subiu a taxa básica de juros (a Selic) em 0,5 ponto percentual, indo para 8% ao ano (estava em 7,5%). É a segunda reunião seguida do Copom em que os juros aumentam.

A decisão foi unânime e tomada para "colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano", segundo nota divulgada pelo BC.

Com isso, a nova poupança passa a render mais: agora serão 5,6% ao ano (antes estava em 5,25%). Pela nova regra, adotada ano passado, o rendimento da poupança varia conforme a Selic. Antes de as regras mudarem, a poupança rendia sempre 6,17% ao ano mais a TR.

Os analistas já esperavam uma alta da taxa de juros para combater a inflação, que tem preocupado o governo. Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair, controlando a inflação, em tese.

Alguns especialistas chegaram a esperar que o BC aumentasse menos os juros por causa do PIB (Produto Interno Bruto) fraco (crescimento de 0,6% no primeiro trimestre), conforme foi divulgado na manhã nesta quarta-feira (29).

Mas isso não aconteceu. A expectativa após o PIB ocorreu porque, com juros mais altos, a economia tende a crescer menos, já que  as empresas não investem tanto e os consumidores gastam menos. Isso colaboraria para um PIB ainda menor no futuro.

Mudança na poupança vale para depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012

O rendimento da nova poupança passou a variar conforme a Selic. Com juros baixos, a poupança rende menos porque, pelas novas regras, determinadas em maio de 2012, o rendimento fica menor sempre que a Selic estiver em 8,5% ou menos ao ano.

Antes das mudanças, o ganho da poupança era de 6,17% ao ano, mais a TR, em qualquer situação.

Pelas novas regras da poupança, sempre que a Selic ficar em 8,5% anuais ou menos, muda o rendimento dos depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012.

A mudança vale para poupanças que já existiam e para as que foram abertas a partir de 4 de maio de 2012. O dinheiro que já estava nas poupanças antigas continua rendendo conforme as regras anteriores.

O que muda para essas contas antigas são os novos depósitos. Estes entram na regra nova.

Com os juros em 8,5% ou menos ao ano, a "nova" poupança rende 70% da Selic, mais a TR (Taxa Referencial). Para os depósitos feitos antes de 3 de maio de 2012, nada muda. Nesse caso, o rendimento continua sendo o antigo, de 0,5% ao mês (ou 6,17% ao ano), mais a variação da TR.

Os bancos têm de informar o rendimento da poupança em blocos diferentes no extrato. Um dos blocos informa o rendimento dos depósitos feitos até 3 de maio de 2012. Os outros trazem o rendimento dos depósitos feitos depois de 4 de maio de 2012.

Para calcular quanto vai ganhar, o poupador deve sempre considerar a Selic vigente no dia em que ele efetuou o depósito.

Governo tem tomado medidas para reduzir os juros ao consumidor

O governo vinha tomado medidas para reduzir os juros diretos ao consumidor. A onda de cortes de juros nos bancos começou no início de abril do ano passado, com os bancos públicos, e continuou com os bancos privados.

A preocupação com os juros é que eles dificultam o crescimento da economia. Com juros mais altos, as empresas investem menos, porque fica caro tomar empréstimos para produção, e as pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais caro. Essa situação deixa a economia com menos força.

Por outro lado, com juros mais baixos, há mais consumo e mais risco de inflação, porque as pessoas compram mais e nem sempre a indústria conseguir produzir o suficiente. Quando há falta de produtos, a tendência é que eles fiquem mais caros.

A taxa básica de juros orienta o restante da economia, mas há pouco impacto na vida prática de quem precisa usar o cheque especial ou cartão de crédito. Analistas dizem que essas taxas são tão altas que pequenas variações na Selic são incapazes de aliviar ou pesar no bolso no dia a dia.

Antes do início do governo Dilma, a Selic estava em 10,75%. No primeiro mês dela (janeiro de 2011), subiu para 11,25%.

A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação ou estimular a economia. Quando a taxa cai, estimula o consumo. Quando sobe, reduz a atividade econômica porque os empréstimos e as prestações ficam mais caros.

O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros, mas a Selic já era usada como indicador desde 1986.

O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central e os diretores de Política Monetária, Política Econômica, Estudos Especiais, Assuntos Internacionais, Normas e Organização do Sistema Financeiro, Fiscalização, Liquidações e Desestatização, e Administração.

(Com informações da Reuters)