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País produz mais cevada, anima cervejarias, mas preço da bebida não cai

Divulgação/Scotch Whisky Association
Imagem: Divulgação/Scotch Whisky Association

André Cabette Fábio

Do UOL, em São Paulo

10/07/2013 06h06

O Brasil deve colher 19% mais de cevada em 2013 (342,4 mil toneladas) em comparação com o ano passado, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Mas o aumento da safra na matéria-prima da cerveja não se traduz em redução de preços da bebida para o consumidor. Afinal, o Brasil importa todos os anos quase o equivalente da produção do cereal da Argentina e do Uruguai.
 
A escassez de cevada é uma das principais dificuldades do setor. O país produz apenas um terço do que necessita.
 
Mesmo assim, a colheita maior soa como uma boa notícia para pequenos produtores de cerveja artesanal, como David Michelsohn. No mês passado, ele lançou a cerveja Júpiter, de aroma cítrico e que por enquanto tem produção de 1.800 litros mensais. "Devo ser a menor do Brasil", diz. 
 
Por essa razão, Michelsohn se interessa por todos os processos que envolvem a cerveja. E a cevada é considerado a alma dessa bebida.
 
O cereal cujo cultivo é mais expressivo na região Sul é basicamente direcionado para a indústria cervejeira. Por meio dele que se extrai o malte, fundamental para a obtenção da bebida -por sinal, o país produz 13,5 bilhões de litros por ano, atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
 
Embora a maior parte da produção nacional seja consumida pela AmBev, gigante de bebidas da América Latina, o aumento da colheita não deixa de ser animador para as microcervejarias artesanais.
 
As 200 pequenas fábricas existentes no país, contabilizadas pela Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) atendem a procura do brasileiro que passou a se interessar pelos aromas diferenciados da bebida artesanal mesmo que sejam mais caras.
 
A recém-lançada Júpiter custa R$ 12 (garrafa de 310 ml) contra R$ 3,50 de uma lata (350 ml) de uma bebida de escala industrial.
 
"Não é modismo", avalia Alexandre Bazzo, sócio da Bamberg, em Votorantim (SP), microcervejaria fundada em 2005 com investimento de R$ 1,5 milhão, que já ganhou importantes prêmios internacionais. 
 
Bazzo, que é sócio de dois irmãos, acompanha de perto a evolução do setor. Segundo ele, a Bamberg cresce 30% ao ano e registra uma produção de 50 mil litros mensais.
 
Esses produtores têm noção do espaço que ocupam e, por essa razão, não se veem como concorrentes das cervejas industriais. Representam apenas 0,15% do mercado tradicional e podem chegar aos 2% em dez anos, segundo a Abrabe.
 
"Não me vejo como incômodo para ninguém", diz Michelsohn que por ora aluga parte da estrutura de outra cervejaria para fabricar seu produto.