"Superalho" da Unesp é quase o dobro do normal e resiste a doenças
Apesar de o alho ser um ingrediente tradicional na culinária brasileira, o país produz apenas 30% do consumo anual. Isso representou, em 2012, cerca de 70 mil toneladas, segundo o Ministério da Agricultura. No total, o Brasil consumiu 229 mil toneladas.
Por isso, todos os anos, o Brasil recorre à importação da diferença. Em 2012, foram 159 mil toneladas. Cerca de 56% desse volume é proveniente da China, 39% da Argentina e o restante de exportadores menores.
Há quase dez anos, a Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu (SP) desenvolveu o "superalho", hortaliça resistente a um conjunto de vírus que contamina os plantios do país, responsável por reduzir a safra e formar cabeças de alho miúdas, com 35g de peso. O "superalho" da universidade é 77% maior (62g).
Segundo Marcelo Agenor Pavan, a hortaliça não tem condições de competir em preço com o produto importado. "Mas não perde em qualidade", diz. Para ele, a cor roxa e o sabor picante do "superalho" são de fácil aceitação pelo consumidor. "É o contrário do alho chinês, branco e menos forte", diz.
O pesquisador informa que o preço pago ao produtor no mercado interno pode chegar a R$ 6,50 por quilo, se alcançar os níveis de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Agricultura. O alho comum e de qualidade mais baixa custa até 45% menos.
Pavan comenta que nove produtores de Goiás, parceiros da pesquisa desde o início, cultivam o "superalho" em 300 hectares. A produtividade atinge de 18 a 20 toneladas por hectare, enquanto a do alho comum é de 10 a 12 toneladas por hectare.
Depois de comprovada a viabilidade de sua produção, o desafio, na opinião dele, é tornar as sementes do "superalho" acessíveis aos principais Estados produtores do país, como Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Bahia.
O segredo do "superalho" está na semente
O pesquisador Marcelo Agenor Pavan e sua equipe utilizaram uma tecnologia para produzir o "superalho" longe dos vírus que contaminam os plantios do país. Eles retiraram o broto da hortaliça comum para cultivá-lo em uma substância composta por hormônios, vitaminas e sais.
O país produz 30% do alho que consome
Na sequência, esse material é transferido para ser cultivado em uma estufa com luz e temperatura controladas até se transformar em semente -um dente de alho.
A multiplicação da semente é feita em Guarapuava (PR) onde não há risco de contaminação
A ausência do plantio dessa hortaliça e as temperaturas baixas do município impedem a ação de pulgões e ácaros, transmissores dos vírus no restante do país.
"A partir daí, o material está pronto para ser utilizado nos cultivos comerciais", diz Pavan.
Ele informa que, depois de dois ou três anos, o produtor precisa adquirir novas sementes para a plantação não se tornar vulnerável a doenças.
Para Rafael Corsino, diretor da Anapa (Associação Nacional dos Produtores de Alho), o setor tem problemas maiores do que as doenças no campo. "Os produtores enfrentam a concorrência do produto importado nos últimos dez anos", diz.
Segundo ele, é difícil competir com o preço do produto chinês vendido no mercado a R$ 65 por caixa (10 kg) enquanto o produto nacional custa R$ 75 por caixa. "Não é incomum o produtor reduzir o preço para competir no mercado", diz Corsino.
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