Banco Central faz primeira reunião após eleição; juros devem ficar em 11%
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central inicia nesta terça-feira (28) uma reunião de dois dias para definição da Selic, a taxa básica de juros, a partir da avaliação do cenário econômico brasileiro.
É a primeira reunião após a reeleição de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República, depois de uma campanha marcada pelas discussões sobre a autonomia do BC.
Segundo economistas consultados pela agência de notícias Reuters, o Banco Central deve esperar a definição das primeiras medidas econômicas de Dilma para tomar decisões de política econômica.
A Reuters consultou 43 economistas, e a opinião unânime é de que o BC deve manter a Selic no nível atual, de 11%. Seria a quarta reunião seguida sem mudanças na taxa, maior período de estabilidade desde 2010.
Os economistas foram consultados após a vitória de Dilma. As projeções praticamente não mudaram em relação a uma pesquisa feita há duas semanas.
No médio prazo, no entanto, os economistas preveem alta da taxa. Segundo a pesquisa da Reuters, a Selic deve começar a subir a partir de janeiro do ano que vem .
"Um caminho promissor para reduzir a inflação exige a coordenação das políticas fiscal e monetária", disse em nota o economista-chefe do Santander Brasil, Mauricio Molan. "Por essa razão, acreditamos que a alta dos juros só virá após o início do segundo mandato."
Autonomia do Banco Central
Durante o período eleitoral, a independência do Banco Central entrou na agenda de discussões dos candidatos à Presidência, depois que Marina Silva (PSB) incluiu a proposta em seu programa de governo.
Atualmente, embora não exista uma lei que determine a autonomia, as decisões do BC são tomadas independentemente dos órgãos do governo.
Alguns economistas, no entanto, são críticos ao modelo atual e afirmam que o Banco Central deveria tomar suas decisões de política econômica e perseguir as metas de inflação de maneira ainda mais distante do governo federal.
Entenda como os juros são usados para controlar a inflação
Uma economia aquecida em geral é bom para todos: há mais vendas para os empresários e mais empregos para os trabalhadores.
No entanto, se há muita procura de produtos, eles podem ficar escassos e passarem a custar mais caro, causando inflação.
O Brasil possui um sistema de metas para inflação que foi instituído em junho de 1999 pelo Banco Central (BC). O indicador considerado é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Para manter o nível de inflação esperado, o governo faz uso da política monetária, por meio da taxa básica de juros, a Selic.
Assim, caso o BC observe que a inflação corre o risco de superar a meta, a tendência é elevar os juros.
A taxa de juros foi o instrumento escolhido pelo governo, pois ela determina o nível de consumo do país, já que a taxa Selic é utilizada nas transações bancárias e, portanto, influencia os juros de todas as operações na economia.
A Selic é utilizada pelos bancos como um parâmetro. A partir dela, as instituições financeiras definem quanto vão cobrar por empréstimos às pessoas e às empresas.
Caso os juros do país estejam altos, o consumidor tende a comprar menos, porque a prestação de seu financiamento vai ser mais alta. Isso reflete na queda da inflação.
Segundo a lei da oferta e da procura, quanto maior a demanda por um determinado produto, mais elevado é o seu preço.
Do contrário, se uma mercadoria ou serviço não forem tão procurados, o preço tende a cair para atrair mais compradores.
(Com Reuters)
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