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Venda de uísque de luxo, que custa mais de R$ 200, dobra no Brasil

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

11/11/2014 06h00

O aumento da renda e o maior interesse dos jovens têm incrementado as vendas de bebidas destiladas. A procura por garrafas superluxuosas de uísque, que custam mais de R$ 200, dobrou em um ano.

Dados do Instituto Nielsen mostram que, de agosto de 2013 a agosto deste ano, as vendas de uísque aumentaram 19%. Considerando-se apenas os uísques da categoria de superluxo, com preços que partem de R$ 200, a alta foi de 95%.

O mesmo fenômeno se observa com relação à vodca. O consumo total cresceu 12% entre agosto de um ano e outro, e 25% considerando-se apenas garrafas que custam mais de R$ 50.

Dona de marcas como Johnnie Walker (uísque) e Cîroc (vodca), a Diageo diz que vem percebendo um movimento de sofisticação no consumo de bebidas no Brasil.

As vendas do rótulo Johnnie Walker Gold Label, cuja garrafa tem preço sugerido de R$ 210, cresceram 89,1% entre 2012 e 2013. As do Johnnie Walker Platinum, que custam R$ 380, subiram 115,4% no mesmo período.

Empresa busca público jovem

A Brown-Forman também tem registrado um bom momento. As vendas do uísque Jack Daniel's (cuja garrafa custa pouco mais de R$ 100) crescem a uma taxa média de 40% ao ano, segundo a empresa.

O ritmo de crescimento tem sido maior, de 50% anuais, entre as versões mais caras da marca: Gentleman Jack (garrafa com preço sugerido de R$ 129,90) e Jack Daniel’s Single Barrel (R$ 199,90).

O diretor de marketing e vendas da Brown-Forman Brasil, Gustavo Zerbini, credita o crescimento da procura por rótulos mais sofisticados ao maior interesse dos jovens por esses produtos.

"A marca Jack Daniel's, por exemplo, atraía um consumidor mais velho, que preferia beber o produto puro. Temos buscado o rejuvenescimento da marca com ações nas redes sociais e criado o hábito de consumo entre jovens de 20 e 25 anos, que são mais abertos a misturas em drinks."

Segmento tem potencial ainda a ser explorado

O aumento da procura por destilados, em especial pelos rótulos mais caros, está relacionado ao crescimento da renda da classe C, afirma Adalberto Viviani, presidente da Concept, consultoria especializada em bebidas e alimentação.

"A classe C passou a consumir muitos produtos, entre eles os destilados mais populares. Como o consumidor da classe AB busca exclusividade, ele passou a rejeitar esses produtos e migrou para os mais caros", diz.

A facilidade de viagens ao exterior, que permite que os consumidores conheçam novos rótulos, também tem ajudado a aumentar o interesse pelas bebidas, diz Viviani.

O país tem um potencial grande de consumo no mercado de luxo de destilados. Uma pesquisa realizada em julho pela consultoria de marcas Millward Brown mostra que os destilados ainda são pouco consumidos pelos brasileiros, na comparação com outras bebidas.

Enquanto 87% dos brasileiros haviam consumido cerveja nas quatro semanas anteriores à pesquisa, apenas 18% tinham bebido vodca e 15%, tomado uísque.