Artistas brasileiros movimentam R$ 1,2 bilhão no Spotify em 2023

As receitas geradas por artistas brasileiros no Spotify mais que quadruplicaram desde 2018. Em 2023, o valor chegou a R$ 1,2 bilhão. Nos últimos meses, o Brasil acelerou o crescimento e teve um ótimo desempenho da indústria musical como um todo. É o que diz Roberta Pate, líder de negócios no Spotify Brasil, em entrevista exclusiva ao UOL.

O que aconteceu

O crescimento foi acima do esperado para a empresa. "O Brasil, no ano passado, teve um processo de aceleração muito importante. Até nos reportes de quarter [trimestres, em português] que a nossa equipe financeira faz, tem ali algumas mudanças significativas de crescimento acima do que a gente tinha esperado", afirma. Em 2023, as receitas cresceram 27% em comparação a 2022.

O resultado foi justificado por 2023 ter sido um ano sem restrições causadas pela pandemia. O setor de música, show e eventos foi prejudicado pelo isolamento social e, em 2023, as atividades voltaram a acontecer com frequência — tornando o ano próspero para toda a indústria, segundo Pate.

No ano passado, o Spotify pagou US$ 9 bilhões à indústria musical. O catálogo de artistas independentes e artistas assinados com gravadoras independentes representou cerca de metade do que toda a indústria gerou no Spotify em 2023. No Brasil, mais de 70% de todas as receitas geradas por artistas brasileiros no Spotify foram de artistas ou gravadoras independentes.

Em 2023, artistas brasileiros foram escutados pela primeira vez por usuários no Spotify quase 10 bilhões de vezes. Pate afirma que o dado positivo ajuda a melhorar a qualidade das entregas dos músicos, já que passam a receber mais por suas músicas, ao serem ouvidos na plataforma, e, consequentemente, têm mais dinheiro para investir em novas produções, atraindo novos consumidores. É um ciclo positivo para o Spotify e os artistas.

Como funciona o pagamento

O Spotify diz que faz o pagamento para os detentores de direitos, que são as gravadoras ou distribuidoras. Eles são os responsáveis por repassar os valores aos artistas. A empresa diz que não há um valor determinado de quanto se paga por cada stream.

A empresa ganha direito com as assinaturas premium e com anúncios na assinatura grátis. "Repassamos cerca de dois terços desse valor [da receita] para os detentores de direitos dentro das convenções e eles fazem o pagamento. Não temos visibilidade a partir do momento que a gente realiza o pagamento", afirma Pate.

70% [do que repassamos para artistas brasileiros] foram para independentes. Então, é muito significativo que a gente tira essa concentração do topo da pirâmide e comece realmente a distribuir isso pra classe artística descentralizada, de majors, independentes e dos demais gêneros.
Roberta Pate, líder de negócios do Spotify

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No final de novembro do ano passado, viralizou um gráfico nas redes sociais sobre a remuneração de músicos no Spotify. O post dizia que os artistas recebem, no máximo, US$ 0,003 (cerca de R$ 0,015) por play na plataforma. A postagem original foi feita pela Músicos Unidos e Trabalhadores Aliados (UMAW, da sigla em inglês), entidade internacional fundada em 2020 que busca "uma indústria musical mais equitativa e justa".

Resultado de 2024

O Spotify teve lucro líquido de 197 milhões de euros no primeiro trimestre de 2024. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (23). O resultado representa uma recuperação frente ao prejuízo líquido de 225 milhões de euros no mesmo período de 2023.

O número de usuários cresceu 19% na comparação anual, chegando a 614 milhões. No entanto, essa métrica, que é muito olhada pelos investidores, ficou abaixo da projeção de analistas, que era de 618 milhões.

Demissão de colaboradores impactou as operações da companhia. O CEO do Spotify, Daniel Ek, afirmou que demissão de 1.500 funcionários prejudicou as operações da companhia sueca. Segundo Ek, a companhia fracassou em atingir a meta de lucratividade e crescimento mensal de usuários ativos.

* Com informações de Estadão Conteúdo.

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