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Emprego na construção deve cair em 2015, mesmo com Minha Casa, diz setor

Mariana Bomfim

Do UOL, em São Paulo

24/11/2014 12h05

O setor de construção não deve crescer, e o emprego no setor deve se reduzir em 2015, de acordo com José Romeu Ferraz Neto, presidente do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo). 

A previsão foi feita a partir de um estudo realizado em parceria com a FGV (Fundação Getúlio Vargas) e apresentado nesta segunda-feira (24).

No balanço dos aspectos positivos e negativos, o sindicato prevê que o setor ficará estagnado em 2015. O emprego na construção deve cair 2%, e a produção e comércio de insumos deve cair 1,5%, também segundo projeções do Sinduscon.

Ao avaliar que o setor não crescerá, o sindicato se refere à riqueza total produzida pela construção, uma espécie de "PIB" de todas as empresas da área (também chamado de valor agregado).

Setor acredita que governo vai "arrumar a casa"

Segundo o estudo, a expectativa é positiva em relação aos investimentos em obras de infraestrutura do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e ao crescimento do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, que foi expandido e terá 350 mil unidades no primeiro semestre do ano quem vem. O sindicato também vê com otimismo a política econômica do governo, que deve "arrumar a casa".

"O que se projeta para 2015 é um ano de arrumação da casa para crescimento futuro", disse o vice-presidente de economia do Sinduscon, Eduardo Zaidan. "Nós saímos de uma crise com medidas anticíclicas, em 2009, que deram resultado em 2010. Esses estímulos continuaram além do necessário e, agora, temos uma questão fiscal que está se agravando. Estamos confiando que o governo vai fazer a lição de casa."

Os ajustes na economia, para ele, terão o efeito de controlar a inflação, dar transparência às contas públicas e, consequentemente, recuperar a confiança das famílias e dos empresários.

Por outro lado, as perspectivas são negativas em relação ao consumo e à renda das famílias e a novos investimentos no setor, que só devem se intensificar no segundo semestre de 2015. Segundo o sindicato, os fatores negativos vão anular os positivos. 

Sindicato prevê resultados negativos para 2014

Se as previsões para 2015 se confirmarem, os resultados serão ainda piores que em  2014. Neste ano, o Sinduscon diz que a indústria da construção ficará estagnada ou crescerá até 0,5%. A produção de materiais de construção deve cair mais de 5% e o emprego cairá 0,3%, puxado pela queda no setor imobiliário, de 1,5%. O enfraquecimento do emprego no setor atingirá todas as regiões do país, mas será mais acentuado no Centro-Oeste, Sudeste e Norte. 

"Foi um ano de muitos eventos, com Copa do Mundo e eleições, e isso indiscutivelmente afetou o setor da construção", disse Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção da FGV. Os resultados só não serão piores, segundo ela, devido ao Minha Casa, Minha Vida. "Se não fosse o programa, a desaceleração seria ainda maior." 

Números apresentados por ela mostram que, até julho deste ano, havia 1,5 milhão de casas do programa em construção, o que equivale a gastos de R$ 84,33 bilhões.