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Inflação fecha 2016 em 6,29%, dentro do limite máximo da meta do governo

Mariana Bomfim e Paula Bianchi

Do UOL, em São Paulo e no Rio

11/01/2017 09h00Atualizada em 11/01/2017 21h16

A inflação oficial no Brasil fechou 2016 em 6,29%, dentro do limite máximo da meta do governo. O objetivo era manter a alta dos preços em 4,5% ao ano, mas com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, ou seja, podendo oscilar de 2,5% a 6,5%.

Em 2015, a alta dos preços havia sido de 10,67%, a maior desde 2002. 

Somente no mês de dezembro, a alta de preços foi de 0,3%. O valor representa aceleração em relação a novembro (0,18%), mas é o menor para o mês desde 2008. 

Divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (11), os dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foram melhores que o esperado.

Eles indicam que a crise econômica, que reduziu gastos tanto da população quanto do governo, teve impacto na inflação. 

Arroz com feijão ficou mais caro

Em um ano em que a produção agrícola brasileira ficou 12% abaixo da colhida em 2015, o consumidor passou a pagar 8,62% a mais pelos alimentos, que têm grande peso no índice.

"O feijão com arroz ficou bem mais caro em 2016, que é o que o brasileiro gosta", disse Eulina Nunes, coordenadora do IBGE.

O feijão foi um dos produtos que mais subiram no ano, após problemas climáticos prejudicarem as lavouras. O tipo carioquinha, preferido na mesa dos brasileiros, subiu 46,39%. Já o mulatinho mais que dobrou de preço (+101,59%). O arroz ficou 16,16% mais caro.

A banana também subiu bastante no ano passado, entre 29,46% e 41,12%, dependendo da variedade.

Ainda no grupo dos alimentos, leite e derivados foram destaque (+15,13%). A manteiga ficou 55,17% mais cara, o leite condensado, 53,95%, e o leite longa vida, 12,19%.

Por outro lado, a cebola (-36,5%), a batata-inglesa (-29,03%) e a cenoura (-20,47%) ficaram mais baratas no ano.

Plano de saúde teve maior alta desde 1997

O aumento das mensalidades dos planos de saúde (+13,55%) foi o maior desde 1997. O resultado pressionou o grupo de saúde e cuidados pessoais, que acabou sendo o único a subir em 2016 (11,04%) mais que em 2015 (9,23%).

Já a alta dos remédios, de 12,5%, foi a maior desde 2000.

Também foram destaque na inflação de 2016 os gastos com empregado doméstico (+10,27%), educação (+ 8,86%) e transporte público (+7,78%).

Conta de luz caiu mais de 10%

A principal contribuição para a desaceleração da inflação no ano passado veio da conta de luz, que ficou 10,66% mais barata.

A queda foi influenciada pelo fim da bandeira tarifária, uma taxa extra cobrada na conta de luz quando a produção de energia das hidrelétricas cai e o país precisa acionar as termelétricas, mais caras. 

A taxa, cobrada entre janeiro de 2015 e janeiro deste ano, caiu em fevereiro e em março e, a partir de abril, deixou de ser cobrada. Voltou apenas em novembro, sendo cobrada só naquele mês

Inflação e juros

As previsões para a inflação ao longo de quase todo o ano estimavam que a inflação estouraria o limite máximo da meta pelo segundo ano seguido.

Mas, no final de 2016, tanto o governo quanto o mercado passaram a prever inflação dentro da tolerância da meta. 

O resultado do ano passado abre espaço para mais cortes na taxa de juros.

A taxa básica de juros, a Selic, é um dos instrumentos mais básicos para controle da alta de preços. Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair (obedecendo à lei da oferta e procura), o que, em tese, controlaria a inflação.

Com a disparada da inflação em 2015, o BC manteve os juros num patamar alto, de 14,25%. Em outubro do ano passado, o banco cortou a taxa pela primeira vez em quatro anos e, em novembro, reduziu os juros mais uma vez

A taxa atual é de 13,75%, e o Copom (Comitê de Política Monetária) deve decidir ainda hoje se haverá mais um corte. Analistas preveem que o comitê reduzirá os juros em 0,5 ponto percentual, a 13,25%.

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