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Investidores denunciam golpe financeiro milionário de empresa na Bahia

Investidores disseram que empresa garantiu investimentos nos mercados nacional e internacional - SARINYAPINNGAM/iStock
Investidores disseram que empresa garantiu investimentos nos mercados nacional e internacional Imagem: SARINYAPINNGAM/iStock

Do UOL, em São Paulo

18/11/2021 17h20

Investidores da Bahia denunciaram um golpe financeiro da empresa HS Capital, localizada em Salvador. A TV Bahia, afiliada à TV Globo, mostrou o depoimento das pessoas que teriam sido vítimas. Eles preferiram não se identificar, mas garantiram que os valores perdidos ficam na casa dos milhões.

Conforme mostrou a reportagem, a empresa HS Capital prometeu investimentos seguros nos mercados nacional e internacional, principalmente na bolsa de valores, e altos lucros. Com as promessas, teria atraído centenas de investidores e, muitos deles garantem ter apenas perdido dinheiro.

A empresa, que se apresenta como uma gestora de recursos independente dedicada a investimentos, virou alvo de investigações. De acordo com a Polícia Civil, oito pessoas foram indiciadas em novembro de 2020, após uma série de denúncias chegar ao conhecimento da instituição meses antes.

O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público Estadual da Bahia e, em seguida, enviado ao Ministério Público Federal. Agora, as investigações seguem sob sigilo no comando da Polícia Federal.

À TV Bahia, o delegado Antônio Carlos, que investigou o caso, disse que a empresa "induzia as pessoas a fornecerem dinheiro para uma mesa de negócios" para serem aplicados. No entanto, o dono da empresa teria se apropriado do dinheiro dos investidores para adquirir imóveis, carros, lanchas, entre outros, em nome de terceiros.

De acordo com MP-BA, além dos crimes apontados pela Polícia Civil - estelionato e associação criminosa - a Justiça também vê indícios de crime contra o sistema financeiro nacional. Isso porque, diferentemente do que diz a regra, a empresa não estava registrada como instituição financeira que trabalha com ações.

O que dizem os investidores

Ouvidos pela TV Bahia, sem se identificarem, investidores contaram como conheceram a empresa e como foi o desenrolar da história. De acordo com um deles, o dono da HS Capital oferecia 6% a quem investisse.

Outro contou que investiu mais de R$ 1 milhão, provenientes de uma "reserva de aposentadoria, de um trabalho de uma vida toda juntando". Teve, ainda, uma pessoa que investiu R$ 330 mil.

"Eu investi R$ 400 mil, o dinheiro da minha vida. Minha vida deu, verdadeiramente, uma reviravolta negativa. O que para mim seria hoje um prazer estar gozando do meu dinheiro virou um grande pesadelo que não acaba mais", disse outro.

No entanto, segundo eles, há mais de um ano e meio não é possível ter acesso e resgatar os valores aplicados, nem os rendimentos, apesar de o contrato dizer que as quantias poderiam ser retiradas em até 60 dias após a solicitação.

A justificativa para suspensão das retiradas foi o impacto da pandemia de covid-19 no mercado financeiro. O comunicado foi feito em março do ano passado e também incluía a informação de redução mensal dos rendimentos para 1%.

Na avaliação da polícia, os clientes da empresa foram vítimas de um golpe conhecido como "ponzi" - um tipo de pirâmide financeira mas que tem aparência de investimento, já que os participantes não tinham obrigação de indicar outras pessoas para o negócio.

O que dizem os indiciados

Os indiciados são Helbert Pimenta do Nascimento, dono da empresa, o filho dele Luís Henrique Lins, e o empresário Abílio Freire. Também fazem parte da denúncia: Vanderlei Oliveira, Lucas Rios, Felipe Varjão, Luiz Moraes e Anderson Aires.

A reportagem da TV Bahia entrou em contato com todos os indiciados. O dono da HS Capital negou as acusações por meio de nota. Segundo ele, aqueles que denunciaram a empresa, na verdade, são sócios investidores que tentam prejudicá-la.

De acordo com Helbert, os negócios compreendem a negociação de um direito creditório de precatório, investimentos em imóveis que foram reformados pela empresa e depois vendidos, assim como a abertura de uma clínica de estética. Essa, deveria ter sido aberta em abril de 2020, mas não foi possível devido à pandemia.

O dono da HS Capital afirmou, ainda, que sua atuação na bolsa de valores não infringe nenhuma normativa da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Disse, também, que sua família foi envolvida nas denúncias de forma criminosa.

Vanderlei Oliveira, que atua na área comercial da empresa, disse que a denúncia contra ele é equivocada, pois ele tinham apenas dois meses de trabalho na data do caso. Garantiu, também, que não recebeu comissões para atrair investidores.

Já a defesa de Abílio Freire, que também representa Felipe Varjão, Luiz Moraes, e Anderson Aires, disse que as empresas dele e dos seus sócios não possuem relação com o caso, com Helbert, nem com as empresas vinculadas ao dono da HS Capital. Disse, também, que os negócios de Abílio estão à disposição da Justiça para esclarecimentos.

Procurado pela TV Bahia, Lucas Rios não comentou as denúncias.