IPCA
0,83 Mai.2024
Topo

BCE deixa de aceitar títulos gregos como garantia e pressiona Atenas

04/02/2015 21h17

Por John O'Donnell e Jan Strupczewski

FRANKFUT/BRUXELAS (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) cancelou abruptamente nesta quarta-feira a aceitação de títulos gregos em troca de recursos, transferindo para banco central grego o ônus de financiar os bancos e isolando a Grécia, a menos que o país acerte um novo acordo de reforma.

O movimento, que significa que o banco central grego terá que fornecer a seus bancos dezenas de bilhões de euros em liquidez emergencial adicional nas próximas semanas, foi uma resposta ao que muitos em Frankfurt vêem como o abandono pelo governo grego de seu programa de reformas em troca de ajuda.

A decisão veio poucas horas depois de o novo ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, deixar uma reunião com o presidente do BCE, Mario Draghi, afirmando que o BCE faria "o que for preciso" para apoiar países membros como a Grécia.

Em contraste, o movimento do BCE, que exigiu o apoio da maioria dos presidentes de bancos centrais em toda a zona do euro, mostra consternação não só em Frankfurt com os planos do novo governo grego, mas em todo o bloco de 19 países.

O BCE anunciou a sua decisão, que entrará em vigor a partir de 11 de fevereiro, depois que os diretores se reuniram em Frankfurt na quarta-feira.

Isso significa que as dezenas de bilhões de euros em títulos do governo grego, assim como os títulos bancários garantidos por Atenas, não serão mais qualificados como garantia em troca de financiamento do BCE aos bancos.

Em vez disso, caberá agora ao banco central da Grécia fornecer Assistência de Liquidez Emergencial por sua conta e risco, protegendo o resto da zona do euro dos problemas de financiamento desses bancos.

No caso de o banco central grego como resultado entrar em dificuldades, caberia ao endividado governo grego, que não pode se dar ao luxo disto, intervir.

O movimento inesperado acontece após um apelo do novo governo de esquerda da Grécia para que o BCE continuasse ajudando os bancos enquanto negociava a redução da dívida com os seus parceiros da zona do euro.

O BCE agora efetivamente recusou este pedido, aumentando os problemas da Grécia após a Alemanha rejeitar qualquer retrocesso nas políticas de austeridade acordadas.