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Guerra psicológica pode inibir investimentos, diz Dilma

29/12/2013 21h02

Em pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, a presidente Dilma Rousseff fez um balanço na noite deste domingo das atividades do governo em 2013 e afirmou que o Brasil termina o ano melhor do que começou, com motivos também para esperar um 2014 "ainda melhor".

"O Brasil melhorou, mas o melhor é que temos tudo para melhorar ainda mais", disse Dilma, ao reconhecer que "há muito ainda por fazer e muito mesmo por melhorar".

Ao avaliar que "não existe um sistema econômico perfeito", a presidente aproveitou o espaço para fazer uma crítica ao que chamou de "desconfiança injustificada", o que, em sua avaliação, pode inibir investimentos. Dilma di sse que continua disposta a ouvir trabalhadores e empresários "em tudo que for importante para o Brasil" e afirmou que apostar no país "é o caminho mais rápido para todos saírem ganhando".

"A economia é um conjunto de vasos comunicantes em busca permanente de equilíbrio. Em toda economia sempre haverá algo por fazer, algo por retocar, algo por corrigir, para conciliar o justo interesse da população e das classes trabalhadoras e o interesse dos setores produtivos", afirmou a presidente. "Se alguns setores, seja por que motivo for, instilarem desconfiança, especialmente desconfiança injustificada, isso é muito ruim. A guerra psicológica pode inibir invest imentos e retardar iniciativas", disse.

Trata-se de uma clara referência a previsões de um cenário pessimista no próximo ano, em razão, sobretudo, da situação fiscal do país confrontada pela possibilidade de rebaixamento da economia brasileira e de um ambiente exter no incerto, provocado pela redução dos estímulos monetários nos EUA, embora integrantes do governo tenham dito publicamente que o país tem condições de enfrentar esse período de transição.

Dilma afirmou que "cobra todos os minutos" um bom desempenho do governo e que "se mergulharmos em pessimismo e ficarmos presos a disputas e interesses mesquinhos, teremos um país menor", pois o Brasil "será do tamanho que quisermos, do tamanho que imaginemos".

A presidente destacou que o Brasil enfrentou a crise financeira internacional sem interromper o que chamou de "ciclo positivo", que, em sua avaliação, tem garantido que a vida dos brasileiros melhore gradativamente a cada ano.

"Nos últimos anos somos um dos raros países do mundo em que o nível de vida da população não recuou ou se espatifou em meio a alguma grave crise. Chegamos até aqui melhorando de vida, pouco a pouco, mas sempre de maneira firme e segura", disse Dilma.

Ao falar das perspectivas para o próximo ano, disse sentir "alegria" em poder tranquilizar a popula ção de que em 2014 o padrão de vida também será "ainda melhor": sem risco de desemprego, podendo pagar suas prestações, em condições de abrir sua empresa ou ampliar o seu próprio negócio.

"Entrem em 2014 com toda energia e otimismo e com a certeza de que a vida vai continuar melhorando. Reflitam sobre o que aconteceu de positivo nos últimos na vida do Brasil, na sua vida e na vida de sua família e projetem isso de forma ampliada para os próximos anos", disse a presidente.

Ao dirigir-se aos jovens, Dilma comparou o padrão de vida desse segmento da população ao período da infância e ao que os pais dos jovens tinham à sua época. "Usem esta fotografia do presente e do passado recente como pano de fundo para projetar o futuro. Esta é a melhor bússola para navegar neste novo Brasil", disse.

Dilma diz ter continuado a "luta vigorosa" em defesa do emprego e da valorização do salário dos trabalhadores, exaltando o menor índice de desemprego da história, com uma das menores taxas no mundo.

"Continuamos nossa luta constante contra a carestia. Nela tivemos alguns problemas localizados, mas chegamos a um ponto de equilíbrio que garante a tranquilidade do planejamento das famílias e das empresas", afirmou a presi dente.

A presidente destacou que o governo teve atuação firme em controle de gastos e do equilíbrio fiscal e fez menção à redução de impostos e da tarifa de energia elétrica, quando fez questão de lembrar "duras críticas enfrentadas" por quem "não se preocupa com o bolso da população. Dilma também mencionou as facilidades concedidas aos empreendedores, como a redução da burocracia e o acesso ao crédito.

Ao falar dos processos de concessão de infraestrutura, Dilma os classificou como "mais ampla, justa e moderna parceria" com o setor privado, afirmando ter ampliado a luta por melhoria desse setor. A presidente também destacou o apoio dado à produção agropecuária "em todos os seus formatos e escalas produtivas".

A presidente reconheceu que "ainda há muito a fazer" por saúde e educação e apontou avanços, como o programa "Mais Médicos", que totaliza 6.658 profissionais em 2.177 cidades, e os "fabulosos recursos" da exploração de petróleo da camada pré-sal para investimentos em saúde e educação, citando um "esforço redobrado" nessa área e enumerando iniciativas para qualificação profissional.

"Fizemos do pré-sal nosso passaporte para o futuro", disse Dilma, aproveitando para reafirmar que até março serão 13 mil médicos atendendo 45 milhões de brasileiros pelo programa "Mais Médicos" e destacar que áreas como saúde, educação e combate à pobreza foram as que mais receberam recursos no orçamento do próximo ano.

"O governo está atento e firme em seu compromisso de lutar contra a inflação e de manter o equilíbrio das contas públicas. Sabemos o que é preciso para isso e nada nos fará sair desse rumo", disse. "Também nada fará mudar nosso rumo na luta em favor de mais distribuição de renda, diminuição da desigualdade pelo fim da miséria e em defesa das minorias", acrescentou.

Em seu pronunciamento, Dilma também destacou o programa "Minha Casa, Minha Vida", apontando-o como o mais exitoso programa desse gênero no mundo e os pactos propostos pelo governo em resposta aos protestos de rua por melhoria em serviços públicos e mais representatividade política. Dilma afirmou que "nunca no Brasil se investigou e se puniu tanto o malfeito" e disse ter ampliado o diálogo do governo com todos os setores da sociedade.

A presidente dirigiu-se ainda às populações tradicionais, dizendo que o Brasil tem buscado apoiá-las "fortemente" e que o governo não deixou "em nenhum momento" de lutar em favor de todos os brasileiros, estando "a um passo" de acabar com a pobreza absoluta em todo o território nacional.

"O Brasil tem passado, tem presente e tem muito futuro. Existem poucos lugares no mundo onde o povo tenha melhores condições de crescer, melhorar de vida e ser mais feliz. É isso que sinto Brasil afora, é isso que sinto coração adentro", disse. "Um ano novo cheio de felicidade e prosperidade para vocês e de muito progresso e justiça social para o Brasil", concluiu.