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Otimismo volta à Bovespa após PIB melhor que o esperado

27/02/2014 18h35

O PIB acima do esperado e o balanço da Vale colaboraram para a Bovespa registrar forte recuperação nesta quinta-feira pré-carnaval. O mercado externo também ajudou a alta das bolsas americanas após o depoimento da presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Janet Yellen. Até as ações da Petrobras reagiram, depois do tombo provocado pelo balanço ontem, que levou o papel a registrar sua menor cotação desde 2005.

Para o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala, o PIB de 2013 foi "uma grata surpresa". "É bom saber que, pelo menos desta vez, nós economistas erramos para menos." O especialista acredita que a onda de otimismo que tomou conta não só da bolsa, mas dos mercados de juros e câmbio nesta quinta-feira, reflete a avaliação de que as chances de um rebaixamento da nota de risco de crédito do Brasil diminuíram. "O ?downgrade' poderia vir da questão fiscal ou do crescimento da economia. Semana passada tivemos um alívio com a meta fiscal. Hoje foi a vez do PIB."

O Ibovespa fechou em alta de 2,16%, aos 47.606 pontos, com volume de R$ 5,402 bilhões. Nesse ritmo, a bolsa brasileira caminha para fechar fevereiro no zero a zero. Na semana, a alta até aqui é de 0,5%. No ano, o índice perde 7,5%.

"O mercado parou de cair. Mas ainda não está claro se há fluxo para uma reversão da tendência [de baixa]", comentou o analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo. Ele explicou que o Ibovespa respeitou, em ma is de uma ocasião neste mês, o nível de 46.100 pontos, pontuação mínima deste ano. "O mercado precisa vencer resistência nos 47.800 e depois nos 48.600 para que o quadro de reversão no curto prazo ganhe força."

Para Figueredo, a Bovespa "deve fazer bonito" amanhã, último pregão de fevereiro, dia tradicional de ajuste de carteiras, quando os gestores tentam melhorar a rentabilidade acumulada pelos fundos de investimento no mês. "Mas é preciso uma certa cautela, porque depois ficaremos fechados dois dias por causa do Carnaval e o resto do mundo seguirá se movimentando, inclusive os ADRs brasileiros."

Petrobras PN se recuperou parcialmente do susto provocado pelo balanço ontem, quando marcou sua menor cotação desde 2005, e fechou hoje em forte alta de 2,63%, a R$ 14,04. Itaú PN, outro papel de peso do Ibovespa, também terminou com ganho expressivo de 1,58%, para R$ 31,43.

Vale PNA terminou em alta de 0,99%, para R$ 29,31, depois de subir mais de 2% ao longo do dia. A mineradora apresentou prejuízo líquido de R$ 14,87 bilhões no quarto trimestre. Praticamente todo a perda do período foi provocada pelo pagamento de R$ 14,8 bilhões do Refis. Houve ainda uma baixa contábil de R$ 5,39 bilhões no projeto de Rio Colora do. A receita líquida, por outro lado, avançou 22% no trimestre e chegou a R$ 30,6 bilhões.

Brasil Plural, Goldman Sachs e J.P. Morgan elogiaram o resultado. Para os bancos, a receita maior reflete como a mineradora pode ganhar com seu minério de alta qualidade e os custos reduzidos no trimestre e no ano mostram a continuidade das melhorias em eficiência promovidas pela gestão.

Além disso, as instituições lembram que o pagamento do Refis é positivo porque dá ainda à companhia créditos fiscais para serem lançados em 2014. Nas contas do Goldman, por exemplo, a Vale pode chegar a não pagar nenhum imposto sobre resultado neste ano.

No topo do Ibovespa ficaram Rossi ON (8,48%), Marfrig ON (7,61%) e Gafisa ON (6,07%). Rossi pegou carona no resultado da Gafisa, que teve lucro de R$ 921,3 milhões no trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 101,4 milhões apurado um ano antes. O resultado foi impulsionado pela venda da fatia majoritária na Alphaville Urbanismo para as gestoras Pátria e Blackstone. O diretor financeiro e de relações com investidores da incorporadora, André Bergstein, disse que a companhia dará prioridade à rentabilidade e não à liquidez na venda dos estoques de imóveis.

Na ponta negativa restaram apenas cinco das 73 ações que compõem o Ibovespa: Anhanguera ON (-1,72%), Fibria ON (-0,90%), Gerdau Metalúrgica PN (-0,54%) e Cosan ON (-0,27%). Após dois dias de forte alta, as ações da empresa de educação devolveram parte dos ganhos recentes.

Já Cosan reagiu ao balanço. A sucroalcooleira trouxe lucro consolidado de R$ 229,8 milhões no quart o trimestre, uma queda de 32,3% sobre igual período de 2012. Segundo a XP Investimentos, aumento de juros, variação cambial e a contabilização cheia da dívida da Comgás levaram à deterioração do resultado financeiro da Cosan, que também sofreu com a piora de resultados da Raízen Energia.