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Dólar tenta firmar baixa após cinco altas seguidas, mas ronda R$ 2,40

24/09/2014 15h57

O dólar tenta firmar baixa contra o real na tarde desta quarta-feira, depois de pela manhã ter subido para perto de R$ 2,42, nova máxima em sete meses. O mercado reflete a melhora no apetite por risco no exterior, que ampara valorização moderada de divisas com perfil semelhante ao do real.

Além disso, os negócios aqui são influenciados pela decisão do Banco Central de reforçar as rolagen s de swaps cambiais, depois que a disparada de mais de 7% do dólar no mês culminou ontem com o rompimento da resistência psicológica de R$ 2,40.

A reação do BC ajuda o real a figurar hoje no topo da lista entre as divisas com melhor performance frente ao dólar. Ainda assim, levando-se em conta que a moeda perdeu 3,59% nas últimas cinco sessões, o ajuste é considerado modesto, e a resistência do dólar em torno dos R$ 2,40 sugere que o BC pode ter mais trabalho à frente para conter uma nova espiral de queda da divisa brasileira.

Um ponto em comum entre operadores é a leitura de que o mercado tende a continuar "testando" o BC. Mas, se antes a dúvida era em que ponto a instituição elevaria as rolagens de swaps, agora o foco recai sobre em que patamar o BC seria levado a fazer ofertas líquidas extraordinárias desses contratos, além dos 4 mil papéis já programados diaria mente na "ração" diária.

"Se o exterior não ajudar, ou seja, se o dólar não ceder lá fora, não duvido que a moeda aqui possa bater os R$ 2,45 já no fim desta semana", diz o profissional da área de câmbio de uma asset, segundo o qual a "demora" do BC em agir acabou deixando o mercado cético quanto à clareza e à eficácia da estratégia da autoridade monetária. "O mercado não vai dar folga ao BC", diz.

Profissionais não descartam ainda a possibilidade de o BC ter de promover leilões de linha de dólar es com compromisso de recompra, numa tentativa de aplacar a demanda por moeda física, movimento que esteve por trás da alta do dólar nos últimos dias. No entanto, os números melhores do fluxo cambial divulgados pelo BC hoje esfriam essa aposta.

O fluxo cambial está positivo em US$ 4,293 bilhões em setembro até dia 22. No ano, o superávit é de US$ 3,593 bilhões. Com isso, a posição vendida em dólar à vista por parte dos bancos caiu a US$ 14,726 bilhões. O recuo nessa posição sugere maior espaço para as instituições bancárias suprirem a demanda do mercado por dólares, o que por tabela reduz a necessidade de o BC ofertar esses recursos.

Há leituras ainda de que o BC intensificaria novamente as intervenções apenas no caso de o real tornar a descolar de seus principais pares. O fato de o BC ter "voltado" ao mercado somente com o dólar acima dos R$ 2,40 endossa a percepção de que a instituição permitiu um ajuste maior na taxa nominal de câmbio, numa tentativa de minimizar a urgênc ia de correções adicionais em 2015, quando o Federal Reserve começará a normalizar a política monetária americana. Por essa lógica, o BC permitiu uma mudança de "banda cambial", agora mais em torno de R$ 2,40 do que dos R$ 2,30 do início de setembro.

Às 15h30, o dólar comercial recuava 0,36%, a R$ 2,3995. Na máxima, a moeda foi a R$ 2,4176 (+0,39%), maior patamar desde 13 de fevereiro (R$ 2,4360). Na mínima, a cotação caiu a R$ 2,3965 (-0,48%).

No mercado futuro, o dólar para outubro cedia 0,62%, a R$ 2,4020, depois de oscilar entre R$ 2,4220 e R$ 2,4005.

No exterior, o dólar australiano valorizava-se 0,34% ante a divisa americana, enquanto o dólar canadense ganhava 0,12%, e o rand sul-africano tinha alta de 0,22%.

Investidores analisam declarações de dirigentes do Federal Reserve, que voltaram a tratar do impacto do dólar forte sobre a recuperação da economia americana. A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, reconheceu que o fortalecimento da divisa americana pode afetar o crescimento dos EUA, mas ponderou que isso não é motivo de preocupação neste momento.

Na segunda-feira, o presidente do Fed de Nova York, William Dudley, surpreendeu ao tratar do mesmo tema. Dudley disse que uma valorização excessiva do dólar pode atrapalhar o cumprimento das metas do Fed (estabilidade de preços e nível máximo de emprego). "Obviamente, o movimento do dólar afeta a adequação de uma determinada política monetária para atingir esses objetivos", afirmou ele na ocasião.

O dólar subiu 2,39% ante uma cesta de moedas desde o fim de agosto.